Reviravolta no Maracanã faz Flamengo desistir de estádio próprio
R$ 700 milhões para uma arena de 40 mil pessoas. O custo alto não será necessário, com o clube voltando a administrar como que o Maracanã
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O vexame da final da Taça Guanabara pesou.
A infantil, tola discussão sobre o lugar onde as torcidas do Vasco e do Fluminense iriam sentar, conseguiu expor todo o Rio de Janeiro para o mundo.
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A decisão começou com o estádio vazio.
Enquanto havia confronto do lado de fora das arenas.
Policiais e torcedores com ingressos nas mãos se estapeavam por conta do estádio fechado.
Havia cerca de 30 mil pessoas esperando nas ruas que circundavam o estádio.
Apenas aos 30 minutos de bola rolando, os torcedores foram autorizados a assistir ao jogo.
Mesmo tendo comprado ingressos.
A bizarrice ganhou o mundo.
Constrangeu o Brasil.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, colocou seus assessores para trabalhar.
Para tirarem um raio-X dos contratos com as empresas que gerenciam a arena.
E gostou do que descobriu.
De acordo com o governo carioca, a concessionária Maracanã (homônima ao estádio) ficou sem cumprir o acordo financeiro. A dívida acumulada é de R$ 38 milhões, desde maio de 2017.
Foi a desculpa perfeita.
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"O Maracanã volta a ser administrado pelo Estado e pelos clubes", acaba de anunciar o governador carioca.
Witzel foi mais fundo.
A Odebrecht é a principal empresa que participava da administração do estádio.
A ligação de vários executivos na Operação Lava-Jato também pesou. Ele não queria o vexame de o mundo divulgar que a arena estava administrada pela construtora com mais presos e processados no país. Principalmente na Copa América.
"Manter uma empresa condenada seria insustentável, a Copa América será realizada sem problema algum."
A concessionária terá 30 dias para deixar o estádio.
"O Complexo Maracanã Entretenimento foi surpreendido pela informação divulgada nesta manhã pela imprensa. A empresa informa que não teve acesso a nenhum ato oficial do Governo do Estado do Rio de Janeiro e se manifestará oportunamente", se posicionou a administradora do estádio.
Havia enorme insatisfação das equipes com a concessionária.
Flamengo e Fluminense estavam indignados com os gastos para jogar no estádio mais tradicional do mundo.
No início do ano, em três jogos o Flamengo levou 123.195 pagantes ao Maracanã. Acumulou um prejuízo aproximado de R$ 183 mil. O Fluminense teve 18.010 pagantes em três partidas, chegou a um déficit de cerca de R$ 846 mil.
A Concessionária Maracanã se defendia garantindo que recebia 'apenas' o aluguel de R$ 120 mil em um jogo entre um time grande e um pequeno. E R$ 150 mil nos clássicos. Os descontos eram custos operacionais.
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Os clubes estavam insatisfeitos com os gastos.
E também pela maneira que o estádio era tratado.
O gramado chegou a ficar péssimo.
Tudo dentro do Maracanã era caro demais para os torcedores.
Flamengo e Fluminense, que tinham contrato com a concessionária, comemoraram a decisão.
"O Clube de Regatas do Flamengo parabeniza a decisão do Excelentíssimo Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sr Wilson Witzel em cancelar a atual concessão do Maracanã Esperamos que a nova licitação, corrija um dos grandes problemas do edital passado contemplando agora a possibilidade dos clubes do Rio de Janeiro participarem da administração daquele que é um verdadeiro templo do Futebol mundial."
"O Fluminense Football Club avalia como positiva a decisão do Governo do Estado do Rio de Janeiro e espera que, a partir de agora, os clubes passem a ter participação mais ativa na concessão e administração do estádio."
A decisão tem vários efeitos colaterais.
Entre eles, um importantíssimo para o Flamengo.
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O clube sonha há décadas com um estádio para chamar de seu.
O presidente Rodolfo Landium carregou essa bandeira na briga para ganhar a eleição, em 2018.
Só que havia reconsiderado depois que levantou os custos.
"Calculamos que um estádio para 40 mil lugares, dependendo do local do terreno, pode sair por R$ 600 milhões ou R$ 700 milhões.
É muito dinheiro e temos uma preocupação com a capacidade de endividamento e o impacto na operação normal do clube. Na dificuldade em montar boas equipes e ganhar campeonato, que, no fundo, é o que queremos.
Quero ser campeão, acima de tudo."
Ou seja, já havia decidido investir o dinheiro na equipe e não no estádio.
O contrato com a Maracanã S.A. estava desagradando enormente a cúpula flamenguista.
A ponto de o sonho do novo estádio voltar a ganhar força entre os conselheiros.
Mas com o governo do Rio de Janeiro retomando a arena e avisando que a administração passará aos clubes, o Flamengo volta atrás.
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E até aceita dividir com rivais a gestão do estádio.
Mas quer fazer outra vez o Maracanã a sua casa.
Parar de viagens caça-níqueis pelo país.
O Fluminense também confirma que quer seguir mandando suas partidas no estádio.
Vitória para o sofrido futebol carioca...
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