'Puxa-saco de Lula. Pega o boné.' Brasil joga a Copa América. E Tite?
Enquanto os jogadores decidiram jogar a Copa América, vice-presidente e senador, filho de Bolsonaro, deixam claro. Querem Tite fora. Renato Gaúcho é nome predileto para comandar Brasil
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
A primeira reação à saída de Rogério Caboclo do comando da CBF foi imediata.
E seguindo o que o blog antecipava desde ontem. Os jogadores vão protestar contra a Copa América disputada no Brasil, com o país tendo mais de 473 mil mortos pela covid. E os 'europeus' vindo de duas temporadas seguidas.
Mas estão dispostos a jogar o torneio sul-americano.
Quando a notícia começou a vazar na concentração da seleção, em Porto Alegre, a intenção era desviar o foco de 'notícias ruins, pesadas'. Como o afastamento de Caboclo por conta de assédios sexual e moral.
Mas, logo em seguida, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi bem claro em relação ao treinador e aos atletas.
Seguiu no mesmo tom hierárquico que Caboclo utilizou e irritou os jogadores e Tite. Lembrando que era do tempo que ser convocado para a seleção era 'motivo de orgulho', ironizando os jogadores que ameaçam não disputar a Copa América.
E recomendou a Tite 'pegar o boné', lembrando que 'o Cuiabá está sem técnico'.
Acabou o clima de empolgação na seleção.
Mourão sabia muito bem o que fazia.
O general é torcedor fervoroso do Flamengo, entende muito de futebol. Tinha convicção que suas palavras abalariam o treinador.
Foi uma resposta do Palácio do Planalto pela postura do comandante da seleção que, deixou evidente, não aceitar a Copa América no Brasil.
A atitude foi vista pelo governo federal como um desprezo ao esforço do presidente Jair Bolsonaro, que se empenhou pessoalmente pela competição.
O que era ruim, ficou pior, com o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, atacando diretamente o treinador. Sem meias palavras.
"A gente não viu o Tite falando nada quando a Copa América seria realizada na Argentina."
"Bastou a CBF pedir para o presidente Bolsonaro a autorização para que ela acontecesse aqui no Brasil para que o Tite se posicionasse politicamente."
"É um hipócrita, porque a gente tem vários vídeos dele no passado onde ele faz referências, puxa um saco do ex-presidente Lula sem tamanho."
"Mas falou de Bolsonaro, ele fecha a cara e faz de tudo para boicotar", postou Flávio, ontem no final da noite.

Estão escancaradas duas situações.
Todos os jogadores da seleção aceitam disputar a Copa América, que começa domingo.
Sob protesto, mas aceitam.
Mas o Palácio do Planalto não quer Tite.
Renato Gaúcho é visto com entusiasmo em Brasília.

A expectativa é a reação do treinador diante desses ataques.
E do presidente interino, o coronel Antônio Nunes que, a princípio, daria força ao técnico.
Só que, depois dos ataques de Mourão e de Flávio Bolsonaro, a situação pode se complicar.
Basta Nunes seguir o que deseja o Palácio do Planalto.
As próximas horas serão decisivas para o futuro de Tite.
A decisão deverá acontecer após o jogo do Paraguai...
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A seleção brasileira sempre foi motivo de orgulho do Brasil, desde que entrou em campo pela primeira vez, em 1914. Mas, tal como uma mina de pedras preciosas em um garimpo, ela sempre foi uma fonte de polêmicas entre vários dirigentes da entidade por ela responsável: até 1979 a CBD (fundada em 8 de junho de 1914) e, desde então, a CBF que, neste domingo (6), teve seu presidente, Rogério Caboclo, afastado por um período de 30 dias, após ser acusado de assédio moral e sexual Veja também: Rogério Caboclo é afastado do comando da CBF após denúncia de assédio