Mourão manda Tite 'pegar o boné'. Técnico pode pedir demissão
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, deixa claro. Se Tite não quer comandar o Brasil na Copa América, que vá embora. 'Cuiabá está sem técnico'. Tite pode pedir demissão
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Essa Copa América está amaldiçoada.
Tite e os jogadores não querem disputá-la, por respeito a mais de 473 mil brasileiros mortos pela covid. E também pelo desgaste dos atletas que atuam na Europa. E juntaram duas temporadas seguidas.
Rogério Caboclo, com medo do vexame internacional, já que foi ele quem conseguiu trazê-la para o Brasil, depois que Colômbia e Argentina desistiram, travou uma pesada discussão com o treinador e os atletas. Aos gritos, quis impor a 'hierarquia', afirmando que eles teriam de jogar a Copa América, obedecer a convocação. E 'ponto final'.
Com a ameaça velada de os desistentes não disputarem a Copa do Mundo.
O que revoltou a todos.
O Palácio do Planalto também não gostou da história. E o nome de Tite foi questionado. Com sugestão até de Renato Gaúcho assumir seu lugar.
Quando tudo poderia ficar pior, surgiu, no momento oportuno, a denúncia de assédios sexual e moral contra Rogério Caboclo. Uma funcionária da CBF, inclusive, gravou áudios do dirigente a importunando.
Ele foi afastado ontem mesmo pelo Comitê de Ética. E não deverá voltar ao cargo.
Quando a situação parecia calma, com o presidente interino, coronel Nunes, pedindo para Tite e os atletas jogarem 'pelo Brasil', até para homenagear os mortos, o treinador e os jogadores caminhando para reconsiderar a negativa, hoje, o vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, resolveu incendiar a já tensa situação.
"Não vou entrar nessa discussão (de o time e o treinador não querer jogar a Copa América). Eu acho que faz parte dessa disfuncionalidade que nós estamos vivendo."
"Eu sou do tempo que jogador de futebol, quando era convocado para a seleção brasileira, era considerado uma honra."
"O técnico, ele não quer mais, não quer, o Cuiabá está precisando de um técnico, aí, não tá? Então leva lá, sai, pede o boné."
Jamais um vice-presidente da República deixou claro que não quer um técnico na seleção.
A situação de Tite ganhou um cunho político.
Com apoiadores do governo defendendo a sua saída imediata.
Primeiro, por não conter o motim dos jogadores.
E, segundo, porque não agindo, prejudicaria a imagem do presidente Jair Bolsonaro, que tanto vem garantindo a Copa América no país.
Tite já teria feito críticas ao posicionamento do governo em relação à pandemia.
Ele não é visto com bom olhos no Planalto.
A situação ficou explicíta hoje.
Com o vice-presidente da República sendo bem claro.
Para Mourão, se Tite não quiser treinar a seleção na Copa América, que deixe o cargo.
E vá treinar o Cuiabá.
Diante desse fato, não será surpresa se o treinador pedir demissão após a partida de amanhã, contra o Paraguai.
O ambiente na seleção está ficando insuportável...
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A seleção brasileira sempre foi motivo de orgulho do Brasil, desde que entrou em campo pela primeira vez, em 1914. Mas, tal como uma mina de pedras preciosas em um garimpo, ela sempre foi uma fonte de polêmicas entre vários dirigentes da entidade por ela responsável: até 1979 a CBD (fundada em 8 de junho de 1914) e, desde então, a CBF que, neste domingo (6), teve seu presidente, Rogério Caboclo, afastado por um período de 30 dias, após ser acusado de assédio moral e sexual Veja também: Rogério Caboclo é afastado do comando da CBF após denúncia de assédio