São Paulo, Brasil
Clube seriamente endividado.
Sem poder de investir forte no mercado.
Treinador desesperado por um meia de criação que possa construir as jogadas para os atacantes, jovens promessas da Vila Belmiro.
Péssimo início de temporada.
Torcida irritada, com medo de rebaixamento, pressionando dirigentes, vaiando, xingando seus atletas.
Com alguns vândalos até ameaçando jogadores pelas ruas, sem respeitar nem suas famílias.
Sem saída, a direção aposta em um veterano livre no mercado, na busca de dar força ofensiva que justifique o famoso DNA que marca o clube desde a década de 60, quando teve "o maior de todos".
Esse é um quadro que se repete no gigante Santos Futebol Clube.
E que escancara a porta para o jogador que "jamais voltaria a pisar na Vila Belmiro", de acordo com membros da diretoria do então presidente Modesto Roma, em 2017, quando não quis renovar seu contrato com o clube, apesar de inúmeros apelos dos dirigentes e torcedores.
Preferiu ir para o Palmeiras, para um contrato excepcional. Cinco anos que custaram ao clube da capital paulista nada menos do que R$ 60 milhões. A intermediação da negociação foi feita pelo pai de Neymar.
O sonho era que o habilidoso meia usasse o Palmeiras como trampolim para a Europa. Além de seleção brasileira, para atuar ao lado do seu amigo pessoal Neymar.
A expectativa palmeirense era de muito lucro.
Só que o jogador não correspondeu. Há várias versões no Palestra Itália. Treinadores viam apatia no meia, acomodação, exigência de bola nos pés. Como meias dos anos 70, 80. Para que pudesse render, a equipe deveria repetir o que o Santos muitas vezes fez: jogar em função de Lucas Lima. Algo que, no futebol moderno, não cabe mais.
Os adversários do Palmeiras costumavam colocar volantes de forte poder de marcação no jogador. Lucas Lima acabava anulado facilmente. Técnicos tentaram adaptá-lo na ponta esquerda, na lateral esquerda, como segundo volante, na ponta direita.
O resultado no Palmeiras foi fraquíssimo.
A sua personalidade fechada, de jogador acostumado a elogios sem fim na Vila Belmiro, também contribuiu para o fracasso de sua passagem pelo Palmeiras.
Emprestado ao Fortaleza, teve pouquíssimos momentos de brilho. Terminou na reserva. E agora, que está sem contrato, o clube cearense nem cogitou mantê-lo.
Aos 32 anos, ele está treinando na Portuguesa Santista, esperando um clube disposto a contratá-lo.
Lucas Lima não escolheu o litoral paulista para manter a forma à toa. Sem hipocrisia, seguindo conselhos do pai de Neymar, que o empresariou quando foi jogar no Palmeiras, ele sabia.
Se tornaria um jogador quase que irresistível ao Santos, que acumula dívidas maiores que R$ 450 milhões, terá a Vila Belmiro reconstruída no segundo semestre. E que tem uma equipe muito limitada.
Assim como fez Lisca, no ano passado, garantindo que recuperaria o futebol de Luan, Odair Helmann já deu seu aval para o Santos investir em Lucas Lima.
O comitê gestor, que toma as principais decisões do clube junto com o presidente Andrés Rueda, tinha enorme resistência a um novo veterano que chegasse como o "salvador" da temporada.
As experiências com Ricardo Goulart, Luan e Tardelli, só para citar as últimas, trouxeram expectativas, frustrações e enormes cobranças. Algumas violentas, como a com Tardelli, que teveo o carro perseguido e foi ameaçado por vândalos infiltrados nas organizadas.
Mas a tentação foi grande demais.
E, com o pai de Neymar como intermediário, o Santos ofereceu um contrato de produtividade a Lucas Lima. Ou seja, seu salário aumentará, de acordo com partidas disputadas.
O meia está milionário.
Principalmente por sua passagem pelo Palmeiras, mas ele jogou também pelo Internacional, Sport, Fortaleza, além do próprio Santos.
De acordo com empolgados, e preocupados, conselheiros santistas, Lucas LIma está obcecado em ajudar o clube onde viveu os melhores momentos de sua carreira.
A negociação está praticamente fechada.
Com chances de ser anunciada nos próximos dias.
Ou até mesmo horas.
É o Santos apostando na mesma fórmula que o faz sofrer há anos.
Mas que protege os dirigentes.
Faz de estrelas veteranas seus escudos.
Dá esperança à torcida.
Mas acumula decepções.
Só para ficar no exemplo de Luan, no último ano.
Contratado por seis meses junto ao Corinthians, o rei da América, em 2017, disputou apenas oito partidas. Marcou um só gol. E deu uma mísera assistência.
Foi devolvido.
E segue "encostado", apenas treinando no Corinthians.
Mas recebendo seu salário de R$ 800 mil mensais.
"Com Lucas Lima será diferente", me jura um conselheiro importante, ligado ao grupo que mantém Rueda no poder.
A torcida santista está cansada de tanta frustração.
Mas não há saída.
O clube segue gigante, o mais conhecido fora do Brasil, por conta do maior de todos, Pelé.
Mas os elencos são cada vez mais limitados.
Daí, as mesmas apostas.
Elenco jovem demais, treinador importante, como foi Carille e Fernando Diniz, nos últimos tempos, e veteranos.
A mistura tem dado péssimos resultados.
Desde o Paulista de 2016, o último título, o Santos acumula fracassos. E passou a flertar com algo que deveria ser impensável na sua história, o rebaixamento.
Diante desse cenário, Lucas Lima é quase irresistível.
Velha solução para problemas que parecem crônicos na Vila Belmiro.
Falta de boas administrações e dívidas acumuladas.
Só uma SAF pode mudar o seu destino.
Hellmann tem enorme preocupação com o Brasileiro.
O grau de competitividade será enorme.
Clubes que foram rebaixados voltam com elencos reforçados, fortes.
Cruzeiro, Grêmio, Bahia, Vasco.
Não será fácil a sobrevivência do Santos.
Por isso, qualquer reforço é muito bem-vindo...
Lucas Lima é um grão de areia diante das dificuldades...
Veja a carreira de Lucas Lima em sete atos, da saída do Santos até a possível volta
Detalhes separam o retorno de Lucas Lima ao Santos. O jogador que brilhou com a camisa alvinegra saiu pela porta dos fundos, hostilizado pela torcida. Diferentemente do que a maioria das pessoas imaginava, ele nunca deu o salto esperado na carreira. Por isso, o R7 listou sete situações que resumem a carreira do jogador de 32 anos após a saída do clube