Para garantir R$ 1,8 bilhão, Globo apela a velhas vitórias brasileiras
Patrocinadores do futebol estão incomodados com a pandemia, sem jogos ao vivo. Globo resolveu acalmá-los mostrando partidas antigas da Seleção
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O contrato entre a Globo entre Ambev, Casas Bahia, Chevrolet, Hypera Pharma, Itaú e Vivo reza: para receber R$ 1,8 bilhão em 2020, a emissora se comprometeu a mostrar 85 partidas durante o ano.
A pandemia do coronavírus surgiu e já adiou a Copa América da Argentina e as Olimpíadas, com as partidas da Seleção Brasileira.
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Dentro da normalidade, seriam pelo menos mais doze partidas que a emissora exibiria.
O último jogo que a emissora transmitiu, para o público alvo, São Paulo, aconteceu no dia 15 de março: Corinthians e Ituano. No seu horário nobre: domingo, às 16 horas.
No domingo seguinte, dia 22 de março, o espaço foi ocupado pelo filme O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro. Película feita em 2014 e já exibida pela emissora carica.
No dia 29 de março, Guardiões da Galáxia, filme também de seis anos atrás. E foi mostrado pela emissora em outras ocasiões.
O Homem de Aço, filme de 2013, longe de ser inédito, foi exibido em vez do futebol.
É lógico que os patrocinadores do futebol estão prejudicados. Até porque não há sinal que a pandemia irá terminar nas próximas semanas. Pode levar até mais um, dois, três meses.
A emissora pode até compensar e mostrar todos os jogos que se comprometeu, caso o calendário seja esticado, como promete a CBF, com a temporada terminando só em janeiro.
Era preciso fazer um agrado.
Porque a emissora, que vive grave crise financeira, não quer simplesmente dar desconto.
E também seguir uma regra básica da televisão.
A repetição da programação.
Estava perdendo o público cativo, que liga a tevê no domingo à tarde para ver futebol.
Filmes infanto-juvenis repetidos não agregavam nada.
Apenas impediam que o insuportável programa do Faustão ganhasse mais duas horas. O que era uma missão nobre, mas não viável comercialmente.
Daí, a cúpula da Globo decidiu executar o que já testa no Sportv e no Premiere.
Já que é para mostrar uma atração repetida, o melhor é mostrar 'partidas inesquecíveis'.
E com vitórias brasileiras, para atrair o público, tão abatido e assustado pela pandemia do coronavírus.
A primeira delas será no próximo domingo, dia 12.
Brasil e Alemanha, final da Copa do Mundo do Japão, em 2002. Quando a Seleção era temida, respeitada e não dependia de um jogador egocêntrico como Neymar.
A vitória por 2 a 0, há 18 anos, serve como distração, fidelização da audiência e para agradar os patrocinadores de 2020.
Porque os que bancaram a transmissão da Copa do Mundo no Japão foram: Coca-Cola, Volkswagen, Itaú, (Laboratório Cosmed, fabricante) Apracur, Brahma e Casas Bahia.
A princípio, a emissora carioca busca partidasvitoriosas da Seleção. Até para manter a neutralidade. Como a conquista do Ouro Olímpico, em 2016, a Copa das Confederações, 2013. Copa América 2019. Conquista do Tetracampeonato, nos Estados Unidos, em 1994.
A vitória diante do Uruguai, no última partida das Eliminatórias diante do Uruguai, no Maracanã, em 1993.
Torcer para a pandemia acabar para não ter de apelar para jogos de clubes. Se for necessário há a conquista da Libertadores pelo Corinthians em 2012, o Mundial do clube no mesmo ano, o Mundial do São Paulo em 2005, a Libertadores do Palmeiras, em 1999. A Libertadores do Santos, em 2011.
Sempre vitórias brasileiras.
No Sportv e no Premiere, a audiência de jogos antigos tem sido boa. Nada fora do comum. Mas é uma maneira de citar os patrocinadores. Foi teste para a tevê aberta.
Lógico que os patrocinadores encaram com uma pequena compensação.
Eles querem as 85 partidas prometidas, ao vivo.
O que não será o caso.
Mas é uma estratégia de desespero.
Para acalmá-los.
Evitar que pensem em cancelamento de contrato.
No atual momento de crise, a Globo não pode abrir mão do R$ 1,8 bilhão.
Com pandemia ou sem pandemia...
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