Os milhões do futebol implodem as escolas de samba tradicionais

São Paulo, Brasil

O inseguro presidente Leco assume.

O São Paulo destina verba para desfile de Carnaval de suas principais organizadas.

Independente e Dragões da Real.

Andrés Sanchez avisou publicamente o destino do dinheiro de um jogo contra o Flamengo.

Patrocinar o Carnaval da Gaviões.

Marcelo Teixeira também ajuda a Torcida Jovem há anos no Carnaval.

Ou seja, o envolvimento dos clubes no desfile das suas principais organizadas nunca foi segredo.

Há décadas.

É algo absolutamente legal, pela Lei Rouanet, projeto de incentivo à cultura.

Mas tornou caminhos inacreditáveis.

O que se viu no Carnaval paulista este ano foi inédito, impensável há, por exemplo, dez anos.

Foi uma disputa palmo a palmo entre Mancha Verde e Dragões da Real.

A principal organizada do Palmeiras teve o apoio financeiro da Crefisa.

De maneira escancarada.

Foram R$ 3,5 milhões doados pela patrocinadora do clube.

Só para o desfile.

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Desde 2016, a dona da Crefisa, Leila Pereira, já destinou R$ 6.040.470,00 à escola de samba.

O que pode parecer uma exorbitância.

Mas o ativo da Crefisa é de R$ 5,4 bilhões.

O São Paulo Futebol não revela valores.

Não declara quanto reservou às escolas.

Mas o dinheiro não sai de patrocinadores ao Carnaval da Dragões e da Independente.

Sai do clube.

O São Paulo Futebol Clube faturou R$ 469 milhões em 2018.

O que cedeu à Dragões da Real e à Independente não fará falta.

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"Isso é histórico de dar uma verba para no Carnaval. Você tem que dar ingressos para eles e eles vão nos jogos. Não nos submetemos a nada, mas tem de fazer algumas concessões. Não tem como cortar", já assumiu o inseguro Leco, em 2016.

O dirigente não informa o quanto reservou este ano às organizadas.

Não é público o quanto que o Corinthians deu à Gaviões da Fiel.

Mas o que se viu no Sambódromo do Anhembi foi um disputa de luxo, encantamento.

Os gastos foram altíssimos.

Sem o dinheiro vindo do futebol, o duelo entre Mancha Verde e Dragões da Real não aconteceria.

A organizada palmeirense ganhou por um décimo.

Tirou nota 10 em todos os quesitos.

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Ficou com 270 pontos.

A são-paulina ficou em segundo lugar.

Alcançou 269,9 pontos.

A participação da Crefisa garantiu o batismo da quadra de ensaio da Mancha Verde. Ela passou a se chamar arena José Roberto Lamacchia e Leila Pereira, donos da empresa.

Leila, aliás, é mais do que favorita a suceder Mauricio Galiotte na presidência do Palmeiras, em 2021.

Conselheira mais votada da história, ela tem o total apoio de Galiotte, da esmagadora maioria do Conselho Deliberativo, dos sócios e, agora, da Mancha Verde.

O rival de Leila, Paulo Nobre, tentava amarrar aliados. Só que ele sofreu enorme desgaste por indicar uma empresa para assumir o patrocínio do clube no lugar da Crefisa. A investidora Blackstar. Ela investiria R$ 1 bilhão em dez anos.

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"Não tínhamos informações sobre a empresa, sobre os acionistas e fomos junto ao banco responsável pela garantia bancária. O HSBC, através do seu CEO, garante que o documento de garantia apresentado é falso e que a empresa não tem conta nesse banco.

"Não cabe mais esse tipo de situação no futebol brasileiro, muito menos no Palmeiras. Nosso trabalho é muito sério. Conseguimos resgatar a autoestima do palmeirense e nosso clube de uma situação muito difícil. Hoje, o Palmeiras é protagonista, é referência. Até por isso, esse tipo de situação, a gente não aceita", disse Galiotte, dispensando a Blackstar.

Nobre se queimou no Conselho Deliberativo pela indicação.

Ou seja, Leila tem tudo para caminhar sozinha para a presidência.

A vitória da Mancha Verde no Carnaval foi também uma vitória sua.

E ela seguirá patrocinando a escola de samba nos próximos anos.

Assim como o São Paulo, Corinthians, Santos.

Não há dúvida.

O dinheiro do futebol mudou o Carnaval paulista.

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Vale lembrar que a prefeitura da cidade destinou, em 2019, R$ 1.181.546,88 para cada escola desfilar.

Ou seja, só a Mancha Verde teve R$ 4.681.546,88 para o desfile.

Só da Crefisa e da prefeitura.

Não é por acaso que toda grande torcida organizada decidiu participar da festa popular.

O dinheiro arrecadado é muito alto.

Fora a venda de fantasias, arrecadação com ingressos nos ensaios.

Para ser campeã, a Mancha pode ter investido cerca de R$ 6 milhões.

Nos próximos anos, a tradição seguirá.

Os clubes seguirão envolvidos no Carnaval das organizadas.

Sem ingenuidade.

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É bom para todos os lados.

Mas um tiro de morte nas escolas tradicionais.

O resultado é muito claro na classificação geral.

1) Mancha Verde 270 pontos

2) Dragões da Real 269,9 pontos

3) Rosas de Ouro 269,9 pontos

4) Unidos de Vila Maria 269,7 pontos

5) Império de Casa Verde 269,7 pontos

6) Águia de Ouro 269,6 pontos

7) Acadêmicos do Tatuapé 269,5 pontos

8) Mocidade Alegre 269,5 pontos

9) Gaviões da Fiel 269,5 pontos

10) X-9 Paulistana 269,5 pontos

11) Colorado do Brás 269,3 pontos

12) Tom Maior 269,2 pontos

13) Acadêmicos do Tucuruvi 269,2 pontos

14 )Vai-Vai 268,8 pontos

Sem dinheiro do futebol tudo fica mais difícil.

A tradicionais escolas sofrem.

Não têm mecenas bilionários.

O dinheiro é só da prefeitura, dos ensaios e das vendas de fanstasias.

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Daí rebaixamento da Acadêmicos do Tucuruvi.

E da Vai-Vai, a escola de samba mais tradicional de São Paulo.

Sofreu o primeiro rebaixamento nos seus 89 anos.

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