Maycon não comemora com alegria o empate. Mas com ansiedade. Corinthians jogou dois pontos fora
TOMZÉ FONSECA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 26/8/2023São Paulo, Brasil
Vaias, críticas até explicações para torcedores depois do jogo.
Mais do que o empate, por 1 a 1, em uma partida em que a vitória era "obrigatória" para o Corinthians, atuando ontem em Itaquera contra o Goiás, foi muita estranha a atuação de Vanderlei Luxemburgo.
Justo agora, que estava ganhando muita moral com diretoria, conselheiros, torcida e imprensa, o veterano treinador tomou atitudes incoerentes, inconsequentes.
Movimentações que trouxeram tensão, desentrosamento, aflição e desgaste a jogadores fundamentais para a decisão da sobrevivência na, agora desejada, Copa Sul-Americana, terça-feira (29), na Argentina, diante do Estudiantes de la Plata.
Foi uma enorme desilusão para os torcedores.
Ele escalou um time reserva para começar o jogo diante do Goiás. Vanderlei subestimou a equipe de Armando Evangelista.
Apostou, e, com as peças desconjuntadas, desentrosadas, o time do Planalto Central pôde impor uma forte marcação na intermediária e explorar contragolpes à vontade.
O Corinthians procurou compensar a garra e muita afobação dos seus jogadores, que queriam mostrar que estavam prontos para um lugar entre os titulares. E se deixaram embalar pela ansiedade não só por uma vitória necessária, mas por uma goleada, para agradar aos mais de 37 mil corintianos que estavam atormentados pelo vento frio, pela temperatura de 12ºC, e regados por garoa e chuva leves.
Mas, com a falta de consciência do acerto tático goiano somada à ausência cerebral de Renato Augusto e Matías Rojas, o cenário foi muito diferente.
O Goiás, sem grandes destaques, compensava o duelo com a formação tática.
O português Evangelista, que treinou equipes pequenas no seu país, está em plena evolução como técnico. É o responsável pela melhor campanha do Arouca, levando a equipe da Segunda Divisão para a Primeira. E no disputadíssimo Campeonato Português foi o quinto colocado. Aos 41 anos veio para o Brasil para crescer como técnico.
Com 30 anos a menos que Luxa, sabia que, no Brasileiro, jogar em Itaquera traria um dos maiores holofotes.
O Goiás dominou a maior parte do jogo. Consciência contra improviso e afobação corintianos
MARCELLO ZAMBRANA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO - 26/8/2023A partida foi muito equilibrada no primeiro tempo.
Evangelista percebeu o presente que recebera, um Corinthians desarrumado, convidativo à derrota.
E, na segunda etapa, mandou seu time pressionar a complicada saída de bola adversária, com muito espaço para contragolpes, mais do que esperava. Com troca de passes conscientes, velozes, objetivos. E com muita ocupação de espaço.
Não é por acaso que o Goiás estava havia seis partidas sem perder no Brasileiro. Faz um campeonato de recuperação para tentar se salvar. Evangelista chegou apenas em junho. É o terceiro treinador do clube neste ano. O primeiro, Guto Ferreira, foi demitido com a perda do Campeonato Goiano. Emerson Ávila trabalhou como interino até a chegada do português.
O domínio goiano nos dez primeiros minutos foi tamanho que Luxemburgo percebeu: poderia ter um resultado desastroso.
Em dez minutos, o Goiás poderia ter feito dois gols.
Quando Anderson Oliveira recebeu e desceu livre em diagonal da esquerda e acertou a trave de Cássio, no rebote a bola tocou em Alano e entraria, mas Léo Maná, jovem lateral de 19 anos, nascido na base, salvou em cima da risca.
O esforçado meio-campo corintiano estava sendo engolido. Moscardo, Giuliano, Ruan e Romero não conseguiam alimentar Yuri Alberto e Wesley, pedido insistente da imprensa e da torcida. E não marcavam os vibrantes goianos, que dominavam as intermediárias.
A partida estava eletrizante, até que Bidu cometeu mais um pênalti infantil na sua carreira.
João Magno estava de costas para o gol corintiano, na entrada da área. Estabanado, Bidu o derrubou de forma inacreditável.
Pênalti.
Guilherme Marques cobrou forte, Cássio foi no canto direito, mas não conseguiu alcançar.
Goiás 1 a 0.
Àquela altura, Luxemburgo sentiu que menosprezara o Goiás. Não bastou o primeiro tempo e todo o intervalo para perceber.
Foi aí então que colocou Renato Augusto, Maycon, Matías Rojas, Bruno Méndez e Mosquito.
Aí o jogo mudou de feição.
Com mais talento, vivência e descansados, os corintianos retomaram o domínio do jogo. Mesmo correndo o risco de tomar outro gol nos contragolpes, partiram para o ataque.
E, lutando muito, conseguiram o suado empate.
Maycon roubou a bola na intermediária, o que pegou a defesa goiana desarmada, tocou para os neurônios de Renato Augusto. Dele, a bola foi cruzada exatamente onde entrava correndo Maycon. O toque foi de peito, vencendo Tadeu.
1 a 1, aos 36 minutos.
O Corinthians precisava da virada. Lutou até os 51 minutos, mas o Goiás conseguiu segurar o ótimo empate. Se houvesse um justo vencedor na partida seriam os goianos, que dominaram a maior parte do confronto.
O resultado foi péssimo para os paulistas, que travaram na 13ª colocação no Brasileiro. E seguem colados na zona do rebaixamento.
O frustrante empate traz mais tensão para a partida pela Sul-Americana. Os próximos confrontos no Brasileiro são muito difíceis: Palmeiras, em Itaquera; Fortaleza, no Ceará; São Paulo, no Morumbi; e Grêmio, em Itaquera.
Mesmo sempre tentando distorcer o que acontece em campo, quando seu time vai mal, Luxa teve de reconhecer o resultado péssimo. O Goiás é concorrente direto para escapar da zona de rebaixamento.
"Os dez primeiros minutos do segundo tempo fomos muito mal. A estratégia que criei era colocar os do banco quando precisássemos. Os dez minutos iniciais do segundo tempo foram nosso problema dentro do jogo.
"Temos a obrigação de avançar no Brasileiro, e o resultado hoje foi ruim para a gente. Poderíamos estar mais à frente.
"A Sul-Americana tomou importância com a saída da Copa do Brasil, sem esquecer do Brasileirão, a gente tem a obrigação de ganhar e jogar bem. O planejamento já está bem desenhado", declarou.
A cobrança será muito maior na terça-feira...
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