Líder Abel ironiza Crespo, técnico do São Paulo. Não é só o dinheiro que fez o Palmeiras líder do Brasileiro. E decidir a Libertadores. O Santos ontem sofreu

“Eu vi o meu amigo Crespo falando que ‘o Palmeiras tem dinheiro’. Eu queria dizer que, quando ele chegou e éramos vizinhos, eu tinha o mesmo dinheiro que ele.

“Quando eu o convidei para ir em casa jantar, quem pagou fui eu, não ele, mas na altura o Palmeiras não tinha assim tanto dinheiro assim.

"O que o Palmeiras fez foi apostar na base e vender jogadores, os títulos trouxeram prestígio, o prestígio trouxe patrocínios, isso é tudo um ciclo vicioso, mas começou primeiro em apostar na base, vender quatro, cinco da base, que fizeram estabilizar financeiramente."

“Dinheiro se ganha trabalhando com processos, acreditando em algo. Basta olhar no Palmeiras quando chegamos aqui, isso é um ciclo vicioso: apostar na base, títulos, prestígio, valorização do clube, valorização da marca, patrocínios, sócios, futebol que as pessoas gostam de ver.”

Abel Ferreira usou da ironia para rebater Crespo, que deixou claro que o sucesso do Palmeiras não estava só no dinheiro. Mas no seu trabalho que faz o dinheiro chegar ao clube.

E ontem, no clássico contra o Santos, foi mais uma demonstração de poder do time do português.

Vinte e oito arremates ao gol.

Cruel, explorando o lado direito da defesa rival.

Onde atuou Mayke.

Lateral que tem ótimo poder ofensivo.

Mas defensivo, não.

Abel Ferreira tirou os três zagueiros.

E colocou Sosa e Piquerez para fustigar o ex-companheiro.

Além disso, no segundo tempo Juan Pablo Vojvoda adiantou seu time.

Resultado: tomou gols em contragolpes.

Armadilhas preparadas para uma equipe traiçoeira, que oferece espaço, mesmo jogando em sua casa, para se aproveitar da animação do rival.

2 a 0, contra o desesperado Santos, foi uma contagem mentirosa, diante das inúmeras chances criadas.

Três pontos de vantagem sobre o Flamengo.

Liderança absoluta no Brasileiro.

Faltando apenas sete rodadas para terminar.

Vitor Roque redescobriu seu futebol letal.

Dois gols contra o excelente goleiro Brazão.

Raphael Veiga trocou o desânimo por futebol animador.

Com direito a excelente lançamento ao artilheiro definir o clássico, no segundo gol.

O Palmeiras como um todo sabendo o que fazer em campo para não dar chance ao adversário.

Lutando o tempo todo.

Sufocando o rival, que nem levou Neymar para o piso sintético.

Por dois motivos.

O primeiro, as articulações do jogador de 33 anos e meio.

O segundo porque as chances eram mínimas contra o líder do Brasileiro.

Na terrível caminhada do enfraquecido elenco santista de 2025, a derrota ontem era mais do que previsível, até para Vojvoda.

Daí porque não expor a única esperança de o time seguir na Série A, em 2026.

Mas era o lado verde, o Palmeiras, que foi mandante em todos os sentidos, ontem no Allianz.

“Uma equipe sempre a manter a energia no jogo, sempre a procura do gol.

“Acho que é uma vitória inteiramente justa para aquilo que fizemos nos 90 minutos."

Foi o máximo que Abel se permitiu falar diante dos jornalistas.

Mas o que não expressou com palavras, mostrou de empolgação durante a partida de ontem.

Ele vibrou, celebrou, se entusiasmou como se fosse uma final.

Seu time, absolutamente favorito, conseguiu cumprir a obrigação de vencer o Santos, com elenco sem força. E que caminha, de forma assustadora, em direção à Segunda Divisão, de novo.

Ao final da partida, os abraços, a certeza no caminhar dos atletas, que o time está no caminho certo para o título brasileiro.

Deixar o Flamengo para trás dá uma dose enorme de confiança para a decisão da Libertadores, no dia 29, em Lima, no Peru.

“É uma das fases melhores da minha vida, sim. Chegar na Seleção com pés no chão, trabalhando com humildade. Primeiro no Palmeiras e depois lá também. Também agradecer o Flaco pela disputa, pela assistência, um jogador incrível que eu tenho feito. Dar glória a Deus.

“O segundo gol, Veiga nosso príncipe, me colocou de cara para o gol e eu feliz na finalização. A bola escapou sem querer, se eu tivesse dominado certo, ele teria pego. Fui feliz“, celebrava Vitor Roque, que chegou a 19 gols em 2025.

Abel Ferreira reclamou, com razão, da obrigação de o Palmeiras jogar na data Fifa, contra o Santos, na Vila Belmiro, dia 15, jogo atrasado ainda por conta do Mundial de Clubes.

“Há uma série de circunstâncias que são anormais, que não deveriam existir, como o Ancelotti disse muito bem ‘a prioridade é a seleção’, como eu entendo, mas não me parece justo, nem correto, em uma altura dessas estarmos disputando títulos e ficando sem jogadores para as seleções fazerem amistosos, há aqui qualquer coisa que não está bem, não sei o que.

“Isso não existe em lugar nenhum, me desculpem dizer isso. Há muita coisa a fazer, a mudar, muitas decisões difíceis que precisam ser feitas. Isso não pode acontecer, não existe em lugar nenhum no mundo, será que temos que ajustar o calendário igual o europeu? Será que isso que temos que fazer? Não sei. Não é justo nem para nós, nem para os outros.

“Temos que jogar com aquilo que está acontecendo, mas acho que, sinceramente, devia ser algo de uma reflexão profunda, e às vezes um pouquinho vergonhoso quando me perguntam o que está acontecendo em um momento difícil, em uma reta final importantíssima.

“E estamos ficando sem jogadores para as seleções, algo está mal aqui, não sei se é a nossa diretoria, a CBF, os nossos treinadores, se é quem organiza, mas que não está bem, não está. Isso não existe em lugar nenhum.”

Enquanto a data Fifa não chega, Abel conseguiu a vantagem que tanto desejava. Três pontos acima do Flamengo.

E o elenco transpirando confiança.

É assim que ele queria chegar, faltando 22 dias para a final da Libertadores.

Com o Palmeiras líder absoluto do Brasileiro...