Irritado com a derrota para o Corinthians, Abel se compara a ídolo da F1 e avisa: ‘Vai ficar para o ano que vem quem tem fome de vitória. Nem o Senna ganhou todos os anos'
Irritadíssimo com a cobrança de ter tido tempo para treinar, enquanto o Corinthians perdia a semifinal da Sul-Americana, técnico passou ao time a derrota que afasta Palmeiras do tricampeonato brasileiro e os sete gols tomados em três jogos
Cosme Rímoli|Do R7
A derrota foi um desastre.
Ainda mais para o Palmeiras, que luta para ser tricampeão brasileiro.
E que teve oito dias se preparando para o clássico.
Enquanto o Corinthians, só quatro.
Vindo ainda da traumatizante eliminação da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, em seguida.
De nada adiantou ter 16 arremates.
Contra seis do adversário.
56% de posse de bola.
Encurralar o rival, na arena de Itaquera, lotada de frenéticos torcedores.
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No final do jogo, vitória do aguerrido e lutador Corinthians por 2 a 0.
Os gols de Garro e de Yuri Alberto sabotaram a luta pelo tricampeonato brasileiro.
E fizeram o time de Ramón Díaz respirar aliviado, ficando mais longe da zona do rebaixamento.
Abel Ferreira tentou ao máximo se controlar.
Mas sua irritação veio à tona quando ouviu de um repórter que o time estava com muita folga.
E que rendia bem mais quando jogava domingo e quarta-feira.
Isso não acontece porque o clube foi eliminado precocemente da Libertadores e da Copa do Brasil.
“Essa é a sua opinião. E está completamente errado. Você viu o jogo que eu vi?”, perguntou o treinador.
“Vi o resultado”, retrucou o jornalista.
Abel fez questão de repassar o frustrante resultado para os jogadores.
Deixou claro que sua missão como treinador havia sido cumprida, encurralando o Corinthians no seu campo.
Perguntado sobre o motivo da derrota, não titubeou.
“Erros individuais. Viu como foi o primeiro gol que sofremos contra o Fortaleza? Um corte falhado dentro da área, o arremate exterior, como o Garro. Ele fez um gol fora da área, que nós, na área, com a baliza sem goleiro, não conseguimos. São erros individuais.”
O treinador era dono de meia verdade.
Realmente, Caio Paulista, no primeiro, e Weverton, no segundo, tiveram falhas bisonhas.
Mas o Palmeiras, outra vez, jogou completamente aberto, sujeito aos contragolpes.
E que só atacava pela direita, com Estêvão sendo a obsessão do time ao retomar a bola.
O lado esquerdo, com Felipe Anderson e Caio Paulista, foi tão esquecido quanto improdutivo.
Mas realmente criou várias chances de marcar.
Até tomar os gols e desmoronar.
“O Palmeiras hoje pagou pela falta de eficiência, se tivéssemos a eficácia que o Corinthians teve, que se limitou a defender e aproveitar nossos erros... Fizemos 15 ou 16 arremates contra seis do adversário. Claro que é duro, os jogadores não querem falhar, mas estes erros pagam caro. Ver como sofremos os últimos quatro gols e não traduzimos em gol, apesar de sermos um dos melhores ataques, devemos muitos gols. Poderíamos nos primeiros 30 minutos ter resolvido. Hoje pagamos pela falta de eficiência e por nossos próprios erros”, disse o treinador.
Nas últimas partidas, contra Juventude, Fortaleza e hoje contra o Corinthians, o Palmeiras sofreu sete gols.
O sistema de marcação está falho demais, com o time sem compactação, que foi uma das marcas registradas do técnico.
Perguntado sobre a possível perda do Brasileiro, ele apelou para um ídolo brasileiro.
“Temos de ganhar todos os jogos, todas as competições, mas nem o Ayrton Senna foi capaz de ganhar todos os anos. De fato, não era o resultado que queríamos, por nossa falta de eficiência e os erros que cometemos e oferecemos os gols aos adversários. O Senna competiu por dez anos e ganhou três títulos”, relembrou.
A frase foi tão mal colocada que pode ser interpretada em relação aos seus dez títulos em quatro anos.
Mas nenhum deles foi mundial, como os três de Senna.
A comparação foi ridícula.
Sobre o futuro, se haverá reformulação no elenco, o treinador foi direto.
Deixou, porque quis, antever que haverá jogadores deverão sair.
“No final do ano, vamos ver e escolher os jogadores que continuam com fome de ganhar. [...] Derby não basta jogar bem. É preciso competir. [...] Não sei se todos vão permanecer para o ano que vem”, dizia irritado, sentindo falta de luta de alguns.
Dois desses jogadores são Caio Paulista e Felipe Anderson, apáticos no clássico.
O técnico ainda tentou influenciar as manchetes das matérias nos portais, na televisão.
“O título que eu gostaria de ver por quem é profissional e competente é o seguinte: ‘O Palmeiras pagou pela falta de eficiência e pelos erros que cometeu’. É isso. Ponto. Quem for inteligente, profissional e competente, é isso que vai escrever”, afirmou.
Aqui, não, Abel.
A manchete é clara.
Sobre a reformulação no Palmeiras, com os ‘saciados’ indo embora.
E a ousadia do treinador a se comparar com Ayrton Senna...
Veja também: Abel vê ‘erros individuais’ como motivos para derrota em Derby Paulista
Técnico do Verdão falou sobre a falta de eficácia da equipe após a partida contra o Corinthians nesta segunda-feira (4).
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