Inocente, motorista de jogador, pode ficar 25 anos preso na Rússia
"Ele é inocente. Só trouxe remédio para o meu sogro", diz Fernando. Robson Oliveira está preso em Moscou como traficante. Há um ano e sete meses
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A história é assustadora.
Injustiça enorme.
O volante Fernando surgiu no Grêmio com grande potencial, em 2012, aos 20 anos, ganhava lugar no time principal.
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Acabou despertando interesse até de representantes do Real Madrid. Teve algumas convocações para a Seleção principal.
Em 2013 foi para a Ucrânia comprado pelo Shakhtar Donetsk.
Dois anos depois, a Sampdoria o contratou, mas foi mal na Itália.
Foi então que o Spartak Moscou o contratou.
O volante tinha dois funcionários fixos.
A cozinheira Simone Barros.
E seu marido Robson Oliveira, que foi trabalhar como motorista.
Ele é o personagem principal desta injustiça revoltante.
O sogro do jogador William Pereira de Faria sofre de dores constantes na coluna. Estava na Rússia, em fevereiro de 2019.
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O motorista Robson estava no Rio de Janeiro. E ao embarcar para Moscou, um funcionário de Fernando deu uma mala fechada para ele levar para Willian. Nela estavam duas caixas do remédio Mytedom 10mg ou cloridrato de metadona).
Aí é que está a confusão.
A metadona é usada em alguns países, como o Brasil, para aliviar dores crônicas. Tem o efeito da morfina. Mas em outros países como a Rússia, a substância é considerada narcótico, para quem tenta se livrar do vício em ópio ou heroína.
Mal desembarcou em Moscou, Robson foi preso.
A acusação, tentativa de tráfico.
Pode pegar até 25 anos de prisão.
Robson não fala russo.
Fernando confirmou a história como verdadeira.
"Ele é inocente. Só trouxe remédio para o meu sogro", insiste.
O motorista nem imaginava que levava remédio proibido para o sogro do atleta.
O volante contratou um advogado russo para tentar defender o motorista.
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O autorizou a pedir ao menos uma fiança, para que Robson pudesse aguardar o julgamento solto em Moscou, já que o atleta manteve sua casa na capital russa.
Mas foi negado o pedido de fiança.
A alegação de que no Brasil o uso do remédio é liberado não convenceu.
O que importa é a legislação local.
As leis são rígidas demais em relação ao tráfico.
O sogro do jogador, dono do remédio, que quer assumir que o remédio era para ele, jamais foi ouvido pelas autoridades russas..
Era Robson quem estava transportando o remédio, sem saber, já que a mala estava fechada.
O motorista segue preso há um ano e sete meses.
Para piorar a situação.
Fernando foi contratado pelo Beijing Guoan, em julho do ano passado.
Está jogando na China.
Robson segue encarcerado, sem família na Rússia, sem sequer julgamento marcado.
A embaixada brasileira sabe da situação.
Mas diz que respeita a legislação russa.
A situação revoltante chegou no twitter.
Milhares de pessoas clamam por #JustiçaporRobson.
Entre elas, o atacante da Seleção Brasileira, Richarlison.
Fernando segue na China.
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Avisa que segue pagando advogado para Robson.
Pensa em processar o laboratório que faz o remédio, por não avisar de sua proibição em alguns lugares do mundo, como na Rússia.
E só.
Enquanto isso, Robson segue preso.
Podendo pegar até 25 anos de reclusão.
Revoltante...
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