Encurralada, Ferj propõe solução salomônica para volta do Carioca
Para que não haja guerra na justiça, a Ferj proporá volta do Carioca na quinta, com o Flamengo. Os jogos de Flu e Botafogo ficariam para julho
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foram oito horas de discussão.
E desde os primeiros minutos já estava escancarada a divisão.
O presidente da Ferj, Rubens Lopes, controlava os votos dos oito clubes pequenos.
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O Flamengo era o mais apressado, o clube que forçava o retorno imediato do Estadual. Já se escalando para jogar nesta quinta-feira, dia 18, contra o Bangu.
A necessidade de colocar o elenco mais caro do país em campo, mostrar sua força para atrair patrocinador master, fazer de vez a Globo aceitar sua proposta e pagar caro pelos últimos jogos do Carioca.
Pouco importa que nove dos seus jogadores tenham sido infectados pelo coronavírus. E seu massagista de 40 anos, Jorginho, morrido pela doença.
O Vasco seguiu na mesma direção. Atolado em dívidas, salários atrasários, vendendo jogador fundamental, Marrony, por 10% do que sonhava, para não perder atletas na justiça.
Defendeu arduamente a volta imediata.
Se prontificou a enfrentar o Macaé, no sábado, dia 20.
Pouco importando que 16 dos seus atletas tenham sido diagnosticados com a doença
O que Rubens Lopes, Rodolfo Landin e Alexandre Campello jamais esperariam era a postura firme, radical do presidente do Fluminense, Mario Bittencourt e Nelson Muffarej.
Mesmo com os dois clubes vivendo crises financeiras, eles se recusaram a voltar a jogar na próxima segunda-feira, dia 22.
Exigiram o retorno do Estadual apenas em julho, se a pandemia permitir.
E avisaram estarem dispostos a buscarem na justiça o direito de não entrar em campo, e não serem punidos com WO.
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Seus times não estão sequer treinando.
Rubens Lopes disse que daria mais tempo aos dois clubes. Para que fizessem seus exames, treinassem. E que só jogassem depois do dia 22.
Mesmo assim, Bittencourt e Muffarej se mantiveram firmes.
Não querem expor seus jogadores.
O máximo que aceitam e fazer os exames e fazer seus elencos voltarem a treinar.
Entrar em campo, valendo três pontos, só em julho.
O presidente da Federação Carioca insistiu.
Disse que permitiria cinco substituições por conta do fraco estágio físico de todas as equipes, como autoriza a Fifa.
E lembrou o quanto os clubes precisam do dinheiro, da última cota de transmissão da Globo.
O clima foi tenso desde as 17 horas. As conversas empacaram, travaram. E como se esperava, a diretoria do Flamengo foi a mais radical. Repetia que ela seguiria a vontade da maioria do Conselho Arbitral.
E se Fluminense e Botafogo não quisessem jogar, que não jogassem.
O Carioca tinha de seguir.
Mas Rubens Lopes é inteligente.
Ele sabe que, neste momento de exceção que o mundo vive, pela pandemia, os advogados do Fluminense e do Botafogo têm enorme chance de conseguir travar o Estadual na Justiça.
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O Rio de Janeiro é um dos lugares mais impactados pela pandemia no Brasil. Até ontem foram registrados 80.946 casos com 7.728 mortos.
Dado ainda mais preocupante.
É o estado com maior taxa de letalidade: 9,55%.
Diante do impasse e de oito horas e meia de reunião, Rubens Lopes percebeu que ninguém mudaria de posição. E que a irritação já dominava os dois lados
O rompimento radical seria pior.
O vivido presidente da Ferj resolveu adiar para hoje o encerramento do Conselho Arbitral.
As diretorias de Fluminense e Botafogo juram que irão procurar a justiça, caso seus jogos sejam mantidos para os dias 22 e 26, como estava previsto.
A saída para Lopes é seguir com o Carioca, a partir de quinta-feira com o jogo do Flamengo, e deixar as partidas de Fluminense e Botafogo para o início de julho.
Seria uma decisão salomônica.
Para fugir da justiça, do caos.
É esta a proposta que será avaliada hoje à noite.
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A prefeitura do Rio já antecipou que atuoriza os jogos. Desde que todos os envolvidos nas partidas estejam testados.
E que os confrontos aconteçam sem público.
A Globo garante: assim que os jogos voltarem, pagará a última parcela que deve aos clubes pela transmissão.
E ainda negocia, a toque de caixa com a direção do Flamengo.
Quer mostrar seus últimos jogos no Carioca.
É a única equipe com quem não tem acordo.
Mas vai esperar a importantíssima conclusão do Arbitral, hoje à noite.
A expectativa é a volta do Carioca...
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