Em clima de luto, Flamengo pronto para dizer adeus a Jorge Jesus
Calados, dirigentes sabem. A decisão de hoje, contra o Fluminense, deve ser o último jogo de Jesus. A volta para o Benfica está encaminhada
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Os indícios estão em toda parte.
Um silêncio que incomoda.
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No dia de mais uma decisão na vida do Flamengo, o clima não é de euforia entre os dirigentes, conselheiros, torcedores.
É de angústia.
Como se ninguém quisesse que terminasse a partida de hoje, no Maracanã, contra o tradicional e enfraquecido Fluminense.
Nem a perspectiva de um quinto título em um ano traz um mínimo de alegria.
Depois da Libertadores, do Brasileiro, da Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, o provinciano Carioca.
O medo está se transformando em certeza.
Tudo leva a crer que o homem que revolucionou o futebol do Flamengo irá embora.
Esquecerá sua promessa de estabelecer a hegemonia no futebol brasileiro e na América do Sul.
Chegou a proposta que não deveria.
O convite para retornar a Portugal, no clube que ama, ao convívio da família, esposa, filhos, netos.
A nove dias de completar 66 anos.
Viver na cidade que controlou o coronavírus, a ponto de sediar os jogos decisivos da Champions League deste assustador 2020.
Bastaria uma frase e toda a especulação de volta para o Benfica, que nasceu há cerca de duas semana, e a vida seguiria normal.
Mas Jorge Jesus não quis pronunciá-la.
"Vou ficar."
O destino o ajudou a não ser questionado.
Com a pandemia, só o canal oficial do Flamengo tem acesso ao técnico e a pergunta mais óbvia não é feita.
"Você irá para o Benfica?"
Não é feita a pedido da diretoria, que tenta insistentemente convencê-lo a ficar, seguir o planejamento até junho de 2021.
O sempre confiante presidente Rodolfo Landim, se cala.
O falante vice-presidente de futebol, Marcos Braz, está quieto.
Nem uma palavra do beligerante vice de Relações Internacionais, Luiz Eduardo Baptista Pinto da Rocha.
Nestes últimos dias, os jogadores expuseram o quanto desejam que Jorge Jesus fique.
Só que desde a renovação com o Flamengo, ele deixou claro, exigindo multa baixa, de um milhão de euros, cerca de R$ 6 milhões, em caso de querer ir embora. E ela vale apenas para quatro clubes europeus.
Entre eles, que foram mantidos sob sigilo, há apenas duas certeza.
O Barcelona.
E o Benfica.
Jorge Jesus é um homem muito transparente. E, desde que recebeu a proposta do clube português, ele mudou.
Já na final da Taça Rio, contra o Fluminense, há uma semana, foi passivo, tenso, não vibrou com o time. Diante do mesmo adversário, no domingo, se mostrou nervoso, irritado.
Não vibrante, com a alma no jogo.
Ele está sendo cobrado nas redes sociais como se tivesse obrigação de seguir no Flamengo. Mas não tem.
Sua postura é profissional.
Respeitando, inclusive, seu contrato.
Ele foi anunciado como treinador do clube no dia primeiro de junho.
Disputou 56 jogos, com 42 vitórias, 10 empates e teve apenas 4 derrotas.
São incríveis 81% de aproveitamento.
Disputou seis torneios. Perdeu a Copa do Brasil e o Mundial.
Venceu os já citados Brasileiro, Libertadores, Recopa Sul-Americana e Supercopa do Brasil.
Só Carlinhos, seis, e Flávio Costa, cinco, ganharam mais títulos do que ele.
Mas Carlinhos levou 318 partidas. E Costa, 775 jogos.
No Maracanã, Jesus fez história.
Mostrou o quanto conseguiu a comunhão com a torcida.
São 32 partidas.
28 vitórias.
E quatro empates.
Nenhuma derrota.
Na véspera da final de hoje, mais silêncio na Gávea.
Landim, Braz e Jesus calados.
Recolhidos.
O clima é de despedida.
O Flamengo está pronto para assumir, depois da partida contra o Fluminense.
Perdeu Jorge Jesus...
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