Dois milhões de dólares por um ano de Sampaoli. Aposta de alto risco
Mesmo com elenco limitado, diretoria do Santos ousa. Até demais. Busca o argentino egocêntrico Jorge Sampaoli. Adaptação imprevisível
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Há três anos, ele atingiu seu auge.
Conseguiu a conquista da Copa América.
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Fez o Chile campeão do continente.
E parecia ter dado o primeiro passo para aquilo que muitos previam: se tornaria um treinador de ponta, de orgulhar os sul-americanos na Europa.
Foi para o Sevilla e seu trabalho foi um fracasso.
Cujo grande erro foi apostar que transformaria Paulo Henrique Ganso na reencarnação de Pirlo.
Desperdiçou dinheiro e expectativa na Espanha. Mostrando como característica a falta de coerência, de firmeza nas decisões. Na eterna busca do melhor esquema tático, do time a ser escalado.
Mesmo com o medíocre trabalho, a AFA foi buscá-lo.
Afinal, o técnico dos sonhos da Argentina, Diego Simeone, não largaria de jeito algum o Atlético de Madri.
E Jorge Sampaoli assumiu o selecionado.
Se mostrou até mais indeciso do que no Sevilla.
Pior, seguiu submisso a Messi, muito mais do que Tite é de Neymar, o que já não é pouco.
Perdeu o comando do time e, de acordo com a imprensa argentina, os jogadores procuravam ouvir muito mais seu auxiliar Jorge Burruchaga do que ele.
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A seleção argentina empatou com a Islândia, em 1 a 1; perdeu da Croácia por 3 a 0; venceu a Nigéria por 2 a 1. E parou nas oitavas, sendo derrotada para os franceses por 4 a 3.
Sampaoli foi despachado o mais rápido possível.
Demitido, ficou sem trabalhar por todo o resto do ano.
Não surgiu nenhum clube importante.
Ao longo da carreira, Sampaoli já recusou trabalhar no Brasil várias vezes.
Como destacou na Rússia.
"Eu sempre fui mais reconhecido no Brasil do que na Argentina.
"O Flamengo tentou quatro vezes me contratar.
"O Corinthians, duas.
O São Paulo me deu um contrato em branco, mas eu estava na seleção chilena."
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Além desses clubes, o Cruzeiro e o Internacional também se interessaram por ele.
Só que agora, no pior momento de sua carreira, o Santos anuncia que está acertado verbalmente com o técnico.
A ponto de a diretoria não ter o menor constrangimento em abandonar a negociação que fazia com Arial Holan, que faz ótimo trabalho no Independiente. E ele tentava convencer a direção do clube argentino a liberá-lo de uma multa de um milhão de dólares, cerca de R$ 3,8 milhões. A transação estava para ser concluída, quando representantes de Sampaoli disseram que ele aceitaria trabalhar na Vila Belmiro.
A primeira exigência do treinador da Argentina: 2 milhões de dólares por temporada. Cerca de R$ 7,7 milhões. Perto de R$ 645 mil mensais. Mais bônus por conquistas.
A segunda, um elenco competitivo, com a capacidade poder responder à responsabilidade da conquista de títulos.
O Santos, mesmo com o contrato não assinado, já apresenta como certa a presença do técnico em 2019 na Vila Belmiro.
Porém, o encontro definitivo acontecerá neste sábado.
Quando é esperada a chegada do treinador para assinar seu contrato.
José Carlos Peres precisava dar uma resposta aos conselheiros que já o pressionavam. A saída de Cuca aconteceu por desentendimento com o presidente. A cirurgia cardíaca foi uma saída honrosa.
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Peres tentou Muricy Ramalho.
Ouviu 'não'.
Buscou Abel Braga, que preferiu o Flamengo.
Apostou em Arial Holan, mas também permitiu que a sondagem por Sampaoli tivesse sequência. Caso fracassassem os dois nomes, Juan Carlos Osório e José Peckerman estavam na lista.
O Santos acumula fracassos desde a chegada de José Carlos Peres.
Jair Ventura levou o time a flertar com o rebaixamento.
Cuca começou muito bem, fez todos sonharem com uma classificação heróica para a Libertadores.
Mas desentendimento com Peres e a limitação do elenco se juntaram para uma campanha mediana, sem a desejada competição sul-americana.
Agora, a aposta em Sampaoli.
Um treinador complicado.
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Com ótima visão tática.
Mas egocêntrico e com relacionamento difícil com os jogadores.
E com os dirigentes.
Se tudo der certo no sábado, a aposta é alta.
O gasto é altíssimo.
Para um elenco que segue limitado.
Peres disse que fez uma opção ousada.
Não há a menor dúvida.
Mas é de alto risco.
Impossível prever a adaptação de Sampaoli no Brasil.
Literalmente, o Santos pagará, e muito, para ver...
(Sampaoli assinou e já entregou uma lista de jogadores que deseja.
As pedidas são caras.
É esperar para ver a força financeira santista...)
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