Por trás do título, da modernidade, a mão de ferro de Petraglia
O Athletico Paranaense deve seu progresso a um homem que controla o clube como se fosse seu. Mário Celso Petraglia. Incoerência do futebol
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Em 1997, ele se envolveu em um dos maiores escândalos do futebol brasileiro.
"A acusação era gravíssima.
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"Escutas denunciavam que recebeu o pedido de R$ 25 mil.
"Do outro lado, o presidente nacional da Comissão de Arbitragem, Ivens Mendes.
"E a sugestão de que o Atlético Paranaense seria ajudado na Copa do Brasil.
"Em jogo decisivo contra o Vasco.
"O vazamento da conversa teve consequências imediatas.
"Ivens pediu demissão do cargo.
"Petraglia seria banido do futebol brasileiro.
"Mas conseguiu reverter a situação.
"Alegou ter sido coagido por Ivens Mendes.
"Acabou perdoado.
"E voltou ao comando do Atlético Paranaense.
"Da mesma maneira que saiu.
"Misturando visão empresarial diferenciada...
"Com autoritarismo absolutista.
"Mistura modernidade com atraso.
"Capaz de conseguir alianças políticas dificílimas.
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"Construir de maneira econômica uma arena de primeiro mundo para a Copa.
"Vencer o embargo do Ministério Público, que mostrava várias irregularidades.
"Prometer que, em dez anos, seu clube será campeão do mundo.
"Assim como um dia jurou que o Atlético conquistaria o Brasileiro e cumpriu.
"Humilhar a Globo colocando uma equipe sub-23 para jogar o Estadual.
"Este é Mario Celso Petraglia."
O texto acima saiu no blog no dia 9 de outubro de 2013, quando Petraglia dispensou publicamente o ídolo do time, Paulo Baier, da temporada de 2014. Mesmo ele tendo participação fundamental na caminhada da equipe à Libertadores.
Ficava claro que o Atlético Paranaense tinha um dono.
Cinco anos se passaram e a situação está ainda mais evidenciada.
Não só com a emocionante primeira conquista internacional do clube, ao vencer o Junior Barranquilla, por pênaltis, na decisão da Copa Sul-Americana.
Dos 74 anos de vida, usou os últimos 34 anos para uma escalada impressionante no clube. De personalidade forte, o advogado gaúcho, filho de imigrantes uruguaios, foi visionário.
Entendeu que a única maneira de o clube crescer, não apenas ganhar os holofotes, ficar pronto para a modernidade de verdade. Ir além de entrar para a elite do futebol deste país. Se preparar para ser vendido para um poderoso grupo multinacional ou um bilionário, como vislumbra acontecer mais cedo ou mais tarde na legislação esportiva brasileira.
Por isso, tratou de coordenar um trabalho excepcional na infraestrutura. Construiu alianças políticas que garantiram o desprezo ao rival Coritiba na escolha da construção da nova arena para a Copa de 2014. E foi ele quem exigiu que fosse retrátil, capaz de abrigar grandes shows mesmo debaixo de tempestades.
Assim também como a opção pelo gramado sintético, capaz de não ficar à mercê do terrível clima de Curitiba.
A Arena da Baixada se transformou em um dos estádios mais modernos e confortáveis da América Latina. Sem deixar de ser um caldeirão terrível aos adversários, com o direito a uma acústica estonteante. A pressão feita pelos torcedores é impressionante.
O Centro de Treinamento do Caju é também incrível. Fica em uma área de 220 mil metros quadrados, isolada do mundo. Por isso já foi usada pela Seleção Brasileira de Dunga, em busca de privacidade, antes da Copa do Mundo da África do Sul.
São sete campos de futebol com grama natural e um com piso sintético, como o da Arena da Baixada. Há alojamento moderno, onde jogadores profissionais moram no local, convivendo com garotos. Os treinamentos são gravados e há analistas de desempenho em todas as categorias. Dois só para o futebol profissional.
Além, da fisiologia e fisioterapia.
Não deve nada a um grande clube europeu.
Tudo foi criado, organizado, pela mão de ferro de Petraglia.
De maneira ditatorial ele impôs o que acreditava ser correto.
"Não precisamos mais investir em infraestrutura. Chegou a hora da nossa busca de identidade própria", disse Petraglia.
Ele quis diferenciar de vez seu clube do Atlético Mineiro.
Colocou um agá no meio da grafia.
O nome oficial do clube agora é Club Athletico Paranaense.
O uniforme será inteiro vermelho.
Chega de listras vermelhas e negras.
Até o escudo mudou.
Tem as três letras que abreviam o nome do clube.
E quatro faixas diagonais.
Além de novos mascotes.
Faz parte da internacionalização, levada à frente por Petraglia.
Mais do que uniforme, escudo e mascotes, era necessário um título significativo, importante, internacional.
E veio a Sul-Americana, ontem.
"Tudo o que conseguimos é graças ao Petraglia", resumiu o atacante Pablo, após a conquista de ontem.
O clube agora partirá em busca de estrelas para disputar a Libertadores de 2019.
Valdivia, ex-Palmeiras, é o grande alvo.
Disputará a competição mais importante da América do Sul pela sexta vez na história. Antes, jogou em 2000, 2002, 2005, 2014 e 2017. Na melhor campanha, em 2005, o Furacão perdeu para o São Paulo na final. Sem poder atuar em Curitiba, por conta da capacidade da velha Arena da Baixada.
Vale lembrar que o clube fez história ao transmitir o clássico contra o rival Coritiba no seu canal do youtube, em 2017. E há o planejamento de imitar os grandes clubes europeus com sua própria tevê mostrando suas partidas. A intenção é se livrar de intermediários, no caso do Brasil, a Globo.
O Athletico Paranaense se tornou um dos grandes do país.
E deve todo seu progresso à incoerência.
Ter no comando Mario Celso Petraglia.
Um homem que trata o clube como sua propriedade.
Sem admitir opiniões contrárias.
Por sorte, ele é um visionário...
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