Depois do sufoco do Fortaleza, Vítor Pereira e Willian transformaram o Corinthians em líder do Brasileiro

São Paulo, Brasil

Vítor Pereira acertou em cheio.

Depois de o Corinthians sofrer vareio tático no primeiro tempo, com direito a onze finalizações do Fortaleza, contra apenas uma, o treinador português resolveu intervir.

E, preciso, fez o que poucos treinadores brasileiros teriam coragem. 

Tirou o meia cerebral Renato Augusto e colocou o zagueiro Raul Gustavo.

O que o técnico pensou?

Ele simplesmente repetiu o esquema tático do argentino Juan Vojvoda. 

Espelhou o Corinthians com três zagueiros, cinco jogadores no meio-campo, e dois atacantes.

O problema estava no 4-4-2, superado na intermediária com um jogador a mais. E ainda com Renato Augusto atuando de maneira lenta, aparentemente cansado, sufocado pelo calor em Itaquera.

E fixou Willian na direita.

O resultado foi uma transformação incrível.

Igualado taticamente, o talento corintiano, empurrado pelo fanatismo de sua torcida, o Corinthians conseguiu se impor.

Com atuação excelente de Willian.

O time paulista ineverteu o cenário.

E venceu, graças a um gol contra do volante Matheus Jussa.

Vitória que traz confiança.

E a liderança do Brasileiro, com nove pontos em quatro partidas.

"No primeiro tempo a gente estava tendo bastante dificuldade, o Fortaleza tem qualidade, sabe jogar quando tem a bola e marca bem. A gente não estava conseguindo encaixar a marcação, recuando.

"No segundo tempo conseguimos pressionar mais, e o resultado foi visível, conseguimos chegar mais ao gol adversário, tanto que fizemos o gol. Foi gol contra, mas conseguimos a vitória", comemorava Willian.

Quando Willian fala em "bastante dificuldade", ele foi modesto.

O Corinthians foi completamente envolvido pela distribuição tática muito bem feita por Vojvoda. O argentino colocou um jogador a mais na intermediária. Foram cinco atletas para enfrentar os quatro corintianos. 

Maycon estava sacrificado porque Paulinho, Renato Augusto e Willian não marcavam. Eram três jogadores talentosos, mas com mais de 30 anos. E sem força física para igualar a intensidade do Fortaleza.

O resultado foi que o time nordestino fez a vibrante torcida corintiana se calar.

E taticamente não deu chances para o Corinthians. Simplesmente arrebentou o time de Vítor Pereira, dominando as intermediárias. Tivesse atacantes mais competentes, o Fortaleza deixaria o gramado para o intervalo vencendo pelo menos por dois gols de vantagem.

O acaso melhorou o Corinthians aos 26 minutos do primeiro tempo, quando Paulinho sofreu um entorse no joelho esquerdo e deixou o campo. Du Queiroz entrou e já aliviou a situação para Maycon. Mas, mesmo assim, o Fortaleza seguia muito melhor.

No intervalo, Vítor Pereira tocou na ferida. Tirou Renato Augusto. Colocou o zagueiro Raul Gustavo. Passou a atuar também no 3-5-2. A zaga ficou mais protegida. Willian foi atuar na direita. Lucas Piton passou a ter mais liberdade. Roger Guedes a se movimentar muito mais, assim como Junior Moraes.

O panorama estava profundamente modificado.

Aos sete minutos, o prêmio para Vítor Pereira.

Em jogada ensaiada, Roger Guedes cobrou escanteio curto para Maycon. O cruzamento buscava a cabeçada de Gil. Só que Marcelo Benevenutto subiu para cortar. Ele errou o tempo de bola, não a alcançou. E, caprichosa, bateu na cabeça de Matheus Jussa, que não teve o reflexo para girar o pescoço.

Gol contra do Fortaleza.

O Corinthians saía na frente do placar.

O gol mexeu com o jogo.

Trouxe confiança ao time e à torcida do Corinthians. E afobação ao Fortaleza, que passou a perder a sua terceira partida, nos três jogos do Brasileiro.

Vojvoda tratou de adiantar sua marcação. Mas o que foi até pior. Porque seu adversário passou a estar mais bem postado em campo. E Willian passou a ser melhor jogador, com arrancadas, dribles e penetrações inesperadas. O Corinthians ditava o ritmo da partida.

Nos 15 minutos finais, Vítor mandou seu time tocar mais a bola, fechar a intermediária de vez.

E ganhou a partida com muita atitude.

O treinador português mostrou que é preciso coragem.

Reconhecer o erro.

E trocar seu sistema tático no intervalo.

Trocar Renato Augusto por Raul Gustavo é para poucos...

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