Coronavírus provoca batalha por dinheiro. Entre clubes e jogadores
Revoltados, atletas não querem redução de 25% nos salários. Clubes garantem ser constitucional pela pandemia. CBF quer ser 'pacificadora'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Foi apenas o terceiro capítulo.
Não o último, o epílogo.
O Primeiro Capítulo...
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Os dirigentes dos grandes clubes do Brasil perceberam a seriedade da pandemia do coronavírus.
O futebol vai ficar parado não semanas, como previam.
Mas meses.
E, péssimos administradores, em sua maioria, perceberam que o rombo financeiro das suas equipes ficaria muito maior com, dois, três, quatro meses pagando os jogadores sem ter partidas.
Decidiram se unir sob a proteção da Comissão Nacional de Clubes.
E blefararam.
Passaram para jornalistas que desejavam reduzir em 50% os salários dos atletas, durante o período sem futebol. Além de impor 20 dias de férias em abril. E dar os dez dias restantes no final do ano, para que o calendário se esticasse.
O Segundo Capítulo...
Diante da inconstitucionalidade de cortar pela metade o pagamento de contratos assinados, os clubes fizeram sua verdadeira proposta.
Veja também: De quarentena no Rio, Renato Gaúcho é zoado por Carol Portaluppi
Redução de 25% dos salários, e direito de imagem, enquanto os campeonatos estiveram parados. E férias de 20 dias em abril. Com os dez dias complementares no final de dezembro.
O Terceiro Capítulo
Os jogadores, liderados por ex-membros do fracassado movimento Bom Senso, decidiram se unir. E usar a Federação Nacional de Atletas Profissionais para negociar.
O movimento pretende usar o capitão da Seleção Brasileira, Daniel Alves, como símbolo de resistência.
E tratou de anunciar que não aceita redução alguma no salário. Em relação às férias, os atletas querem o mês todo de abril. E o direito às folgas normais de Natal e Ano Novo.
Mas, detalhe, exige que a CBF seja a fiadora. Por medo que os clubes não paguem sequer os salários de março e também as férias de abril. E o período que vier pela frente, se os campeonatos não puderem retornar.

Cenas dos próximos capítulos...
Departamentos jurídicos dos clubes asseguraram que os atletas vão ter de aceitar, 'na marra' a redução de 25% nos salários.
E já deixam claro que 'têm a legislação' a seu favor.
O artigo 503 da Consolidação das Leis Trabalhistas que é direto.
"É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a redução geral dos salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo da região."
A pandemia é um 'caso de força maior'.
E lembram que, na Europa, alguns elencos já estão aceitando a diminuição de seus salários. Como, por exemplo, o Bayern. A redução será de 20% nos períodos sem campeonatos.
Advogados da Federação Nacional de Atletas Profissionais estão prontos para a guerra. Garantem que a CLT data de 1943 e que o artigo foi criado por conta da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.
E que a Constituição de 1988 não prevê a aplicação desse artigo nos salários dos trabalhadores.
A batalha jurídica se aproxima.
A CBF decidiu não ficar de lado algum.
E o presidente Rogério Caboclo aceita ser o 'pacificador'
Participar de videoconferências com o lado dos clubes e dos jogadores.
Mas jamais o avalista.
Conhecedor da maneira com que os clubes lidam com o Profut e todos os acordos que fizeram com o governo federal, não colocará o patrimônio bilionário da CBF em risco.

Diante da rejeição que a maioria dos clubes brasileiros tem de pagar seus impostos e dívidas trabalhistas, políticos oportunistas ofereceram descontos e parcelaram as dívidas como em um crediário de décadas.
Como aconteceu no Profut.
Mesmo assim, os clubes não arcam com o que prometeram.
Ou seja, muitos não pagam e seguem fazendo novas dívidas.
Por isso, Caboclo não aceita, de jeito algum, a CBF como avalista.
Ele quer ser o 'aglutinador' do futebol nacional.
O próximo lance será dos clubes, diante da negativa de redução do salário dos jogadores, que também é vista como blefe.
Infelizmente, como a pandemia irá demorar, as duas partes terão muito tempo para brigar, ameaçar, blefar.
Assim está o futebol brasileiro.
Sob a sombra do coronavírus...
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Em quarentena, jogadores têm apoio da família para passar tempo
O futebol está parado há mais de dez dias por conta da pandemia do coronavírus. Com isso, os jogadores estão em casa com boa parte do tempo livre. Como todos que possam pela quarentena, buscam apoio e companhia na família para as horas em casa serem me...
O futebol está parado há mais de dez dias por conta da pandemia do coronavírus. Com isso, os jogadores estão em casa com boa parte do tempo livre. Como todos que possam pela quarentena, buscam apoio e companhia na família para as horas em casa serem melhores