Coronavírus encurrala CBF. Por estádios vazios. Clubes não querem
A OMS vai oficializar a pandemia, contágio do vírus em todos os continentes. São quatro mil mortos. Fifa vai obrigar jogos só sem público. Ou adiados
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A Liga Paraguaia de Futebol cedeu.
Teve de obedecer a determinação do governo de Mario Abdo Benítez.
E os jogos acontecerão, nos próximos 15 dias, com portões fechados.
Por conta do coronavírus.
A sede da Conmebol fica em plena Assunção, capital paraguaia e que está com todas as aglomerações proibidas. Aulas suspensas, cinemas fechados, shopping vazios.
O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, está sendo muito pressionado. Pela Fifa, por conta das Eliminatórias e dos jogos da Libertadores. Mario Abdo Benítez não está satisfeito. Quer que as partidas do Libertad, Olimpia e Guaraní tenham portões fechados pela competição sul-americana.
Domínguez, por enquanto, deixou que cada país tome sua decisão em relação aos estádios abertos ou fechados, nas partidas da Libertadores.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, quer que as Eliminatórias Sul-Americanas sejam adiadas até que seja controlado o surto do coronavírus.
As Eliminatórias Asiáticas para a Copa já foram adiadas.
O Campeonato Chinês está suspenso.
Assim como o Japonês.
Jogos da Champions League e da Liga Europa têm acontecido sem público.
O Campeonato Italiano, que já tem jogos disputados com portões fechados, pode ser até cancelado. A Itália está em quarentena por causa do vírus.
Inglaterra e Espanha analisam também suspender seus torneios nacionais.
O Campeonato Francês seguirá com jogos sem público.
Há enorme chance do adiamento da Olimpíada de Tóquio para dezembro.
O Sindicato Internacional dos Jogadores Profissionais acaba de se manifestar.
Alerta que o melhor seria que os torneios de futebol sejam suspensos, enquanto durar o surto.
"Viagens transnacionais e públicos em jogos criam um grande risco, afetando a todos, desde espectadores até jogadores, arbitragem e funcionários de clubes.
"Para providenciar um plano de ação claro e confiável que coloque a saúde pública em primeiro lugar, nós pedimos às autoridades e organizadores de competição que tomem decisões transparentes, razoáveis e consistentes para a indústria do futebol, baseando-se em avisos governamentais", divulgou em nota oficial.
"Nós pedimos aos empregadores e organizadores das competições que respeitam o desejo dos atletas de tomar medidas de precaução a curto prazo, incluindo a suspensão de treinos e torneios. Jogos com portões fechados e cancelamentos têm um efeito considerável em receitas e fluxo de caixa de clubes médios e pequenos. A indústria do futebol deveria considerar medidas solidárias extraordinárias para proteger as entidades em necessidade."
Diante de todo esse quadro caótico, a CBF está encurralada.
Com as conhecidas dificuldades financeira, por péssimas administrações, as Federações pressionam o presidente Rogério Caboclo.
Não querem jogos sem público, mesmo com a ameaça do coronavírus.
Não querem que seus clubes percam o dinheiro da arrecadação dos Estaduais.
Na cadeia 'alimentar' do futebol deste país, são os clubes pequenos que sustentam os presidentes de Federações. E são os presidentes de Federações que mantêm no poder o presidente da CBF.
Os clubes pequenos, médios e grandes, que disputam a Copa do Brasil, também querem suas partidas com público.
Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde está para determinar nesta semana: o que o mundo sofre é uma pandemia por causa do coronavírus.
Ou seja, todo o planeta está infectado.
E a cobrança da OMS será uniforme para controlar o vírus.
Ou seja, o primeiro passo no futebol será mesmo jogos de portões fechados.
Caboclo repassa atualmente a responsabilidade pelos estádios cheios ao Ministério da Saúde.
A CBF se esconde atrás do ministro Luiz Henrique Mandetta.
Ele espera a decisão da OMS e da decretação de pandemia para decretar que grandes grupos de pessoas se reúnam.
Como em jogos e shows.
Até ontem, o Brasil já tinha 34 casos confirmados.
893 casos suspeitos.
Cinco pessoas estão hospitalizadas.
No mundo são mais de 120 mil infectados.
Em todos os continentes.
E mais de quatro mil mortos.
Os números não param de crescer.
Jogos sem público no Brasil parecem inevitáveis.
Para desespero das federações, clubes.
E da própria CBF...
(A OMS declarou hoje pandemonia. A Libertadores e o futebol brasileiro terão de ser revistos...)
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