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Cosme Rímoli - Blogs
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Como é difícil mandar embora o ídolo Ceni do São Paulo. Diretoria segue insatisfeita com o trabalho. Respeito é exagerado pelo 'Mito'

Assim como o Grêmio sofreu em cada demissão de seu maior ídolo, Renato Gaúcho, a direção do São Paulo teve a reação de mandar embora o maior ídolo da história. Mesmo com o fraco trabalho de Rogério Ceni

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


Rogério Ceni, ídolo dos ídolos na história do São Paulo. Dentro do campo. Fora é um técnico que não funciona
Rogério Ceni, ídolo dos ídolos na história do São Paulo. Dentro do campo. Fora é um técnico que não funciona

São Paulo, Brasil

"Nunca me imaginei como técnico do Palmeiras. Tive ofertas para trabalhar no futebol do clube. Mas sempre disse não. Não queria arriscar toda a minha história, todo a admiração, o carinho dos torcedores. Estou muito feliz pelo reconhecimento do que fiz pelo meu clube."

As declarações foram de Marcos, um dos maiores ídolos da história do Palmeiras, ao blog. A conversa foi rápida, na mesma agência bancária que frequentamos. Até porque ele virou avesso a entrevistas.

"Eu tive chance. Mas nunca treinaria o Flamengo. Não sei se aguentaria ouvir a torcida que me consagrou na vida me chamando de 'burro'. Seria um golpe duro demais."

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Zico me confessou em 1998, quando fez parte da Comissão Técnica da Seleção, na França.

E ele cumpriu a promessa.

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Zico e Marcos ficariam muito abatidos se vissem o que aconteceu ontem no intervalo de São Paulo e o venezuelano Puerto Cabello, pela Copa Sul-Americana.

Torcedores são paulinos e membros das organizadas desabafavam toda sua frustração pelo fraquíssimo futebol do time brasileiro.

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E escolheram o maior ídolo da história tricolor: Rogério Ceni.

Foram vaias, gritos de 'burro' e alguns palavrões.

Ceni caminhou impávido para os vestiários, fingindo não ouvir os impropérios, de onde, por 25 anos, vieram palmas, coro de "Mito".

"Se não fosse Rogério Ceni o treinador, ele já estaria demitido há muito tempo. Mas o presidente Julio Casares segura porque sabe o tudo que ele significa na história do clube. É uma faca de dois gumes contratar um grande ídolo como técnico. 

"Ele protege a direção, desvia o foco de muitas coisas que acontecem de errado. Mas em compensação, quando chega a hora de demissão, os dirigentes pensam cem vezes", me confidencia hoje pela manhã, depois do fraco futebol na vitória por 2 a 0, um conselheiro que é amigo/parceiro de Casares há décadas.

A pressão na direção do clube para a demissão de Ceni não diminuiu com a vitória. Pelo contrário. Foi assustador o comportamento do São Paulo na grande maioria do jogo. 

Os gols de Marcos Paulo e Michel Araújo, no final da partida, aos 41 e aos 43 amenizaram as vaias. Mas os dirigentes viram uma equipe desarrumada, afobada, tensa, espaçada. Mal treinada.

Leco ganhou o rancor eterno dos são paulinos por cinco anos de fracassos. E por dispensar Rogério Ceni
Leco ganhou o rancor eterno dos são paulinos por cinco anos de fracassos. E por dispensar Rogério Ceni

E também acompanharam Rogério Ceni dando um longo abraço em Marcos Paulo, o jogador com quem gritou, humilhou, na frente de todo o elenco, logo após a eliminação do Paulista, diante do Água Santa. Com direito à mão no peito do atleta, irritando os demais jogadores. Alguns deles combiraram e foram reclamar de Ceni para os dirigentes. Mostrando o clima péssimo, o autoritarismo do treinador.

Rogério Ceni jamais ganhou um título como técnico do São Paulo. Está na sua segunda passagem. São quase dois anos no comando do futebol do clube e nada de conquistas.

Na primeira fez, quando foi despachado sem piedade pelo ex-presidente Leco, foi vítima de um desmanche absurdo que destruiu a equipe que montava. 

Agora, não. Ceni, dentro das péssimas condições financeiras do São Paulo, montou o elenco como quis. O que expõe seu fraquíssimo trabalho. Escolheu o elenco de 2022, que não conseguiu vencer título algum e ainda não chegou à Libertadores. O desmanchou, com direito a sair Patrick, seu jogador mais talentoso, porque ele ousou questioná-lo. Formou o de 2023, que já caiu de forma vexatória nas quartas do Paulista.

O medo real da direção do São Paulo é com o rebaixamento no Brasileiro. O que chega a ser assustador para um clube tricampeão do mundo.

Ceni gritou com Marcos Paulo diante de todo o elenco. Ameaçado,o técnico o abraçou ontem, diante de todos
Ceni gritou com Marcos Paulo diante de todo o elenco. Ameaçado,o técnico o abraçou ontem, diante de todos

A derrota para o Botafogo, no Rio de Janeiro, no sábado passado, na estreia do Campeonato Nacional, já deixou toda a direção em estado de alerta. A pressão para que Casares entrasse em contato com Dorival Júnior foi intensa.

O time de Ceni sofreu mas conseguiu vencer o fraquíssimo Puerto Cabello. 

Mesmo assim, ele teve de responder se seria continuaria ou não.

"Eu não sei, (essa pergunta) não pode ser feita para mim. Tento trabalhar todos os dias extraindo o melhor. O 0 a 0 ter vaias é completamente aceitável. Time jogou bem, finalizou bastante, isso é o importante para mim. Sou feliz com o que escolhi trabalhar. Essa pergunta não cabe a mim, cabe à direção."

As duas próximas partidas manterão Ceni no centro dos holofotes.

À beira da demissão.

Ele tem a obrigação de fazer o São Paulo vencer o América Mineiro, no Morumbi, pelo Brasileiro, no sábado. E na quarta-feira, o Ituano, em Itu, pela Copa do Brasil. No primeiro confronto, no seu estádio, o time de Ceni foi incompetente e ficou no 0 a 0.

Apesar da vitória sobre os venezuelanos, a Independente, principal torcida do São Paulo, promente continuar com a campanha para a saída de Ceni.

Os dirigentes se calam.

Deixam apenas Ceni e os jogadores darem entrevistas.

Seguem analisando, esperando o desempenho do time, para demitir ou não Ceni.

Nenhuma palavra de apoio público ao maior ídolo da história do São Paulo.

Que como técnico, foi cabo eleitoral de Leco.

E escudo para Casares.

A situação constrangedora de ontem no Morumbi pode se repetir.

Com os torcedores xingando, vaiando, aquele que chamaram de Mito.

"Dói muito ser vaiado pela torcida que o ama", desabafou Renato Gaúcho.

Pouco importando a estátua enorme que o Grêmio mandou fazer em frente ao seu estádio, em 2019. Renato foi demitido em 2021, pela segunda vez, do clube que é o maior ícone.

A pressão para que Ceni vá embora segue enorme.

A direção tricolor só tem duas certezas.

Ele não vai pedir demissão, por orgulho e por uma multa rescisória.

E também não contratará tão cedo mais um ídolo do clube.

Como Lugano, por exemplo.

Se Ceni sair, o lugar será ocupado por nomes neutros.

Como Dorival Júnior, que podem ser cobrados de forma mais forte.

Sem respeito exagerado pelo que fizeram pelo clube.

E dispensados sem grandes explicações...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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