Carille quer mais que o tri. Provar que o Corinthians não é covarde
Irritado com as cobranças pelo futebol defensivo. Carille vai fazer de tudo para seu time vencer, e convencer, na final contra o São Paulo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Acovardado.
Medroso.
Retranqueiro.
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Pouco importa o Corinthians necessitar apenas de uma vitória simples, domingo, em casa, contra o São Paulo.
Para, pela primeira vez no século, um clube ser tricampeão paulista.
Fábio Carille não esperava tantas e tantas críticas ao seu time nestes jogos decisivos.
Já foi assim diante do Santos.
Na derrota no Pacaembu, há uma semana, o domínio da equipe de Jorge Sampaoli foi assustador. Digno do Barcelona de Pep Guardiola, enfrentando um clube pequeno espanhol.
O Santos teve 68% de posse de bola, contra 32% do time de Carille. Foram 22 finalizações do clube do Litoral contra apenas três corintianas.
A derrota só por 1 a 0 aconteceu graças a Cássio, que fez pelo menos três grandes defesas. E ainda garantiu a classificação à final nas penalidades.
Diante do São Paulo, ontem, outra vez o Corinthians se encolheu.
O segundo tempo no Morumbi foi assustador.
O São Paulo, de Cuca, chutou 19 vezes ao gol de Cássio. Cinco arremates foram certeiros e obrigou o goleiro a defender. E teve 59% de posse de bola.
O Corinthians, de Carille, chutou apenas sete vezes. Um único foi ao gol de Tiago Volpi. E a equipe se contentou com 41% de posse de bola.
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"Dos 36 jogadores que tenho no elenco, 23 são novos. Nunca trabalhei com eles", tentava justificar Carille.
Mas mesmo a diretoria corintiana não se mostra satisfeita com o desempenho do time. A começar pelo presidente Andrés Sanchez. Ele já não nutre simpatia total por Carille. E não o poupa pela forma defensivista que tem montado o time.
O treinador bicampeão paulista e campeão brasileiro não esperava tanto questionamento. A cobrança está muito forte. Sente que o Corinthians tem a obrigação de vencer o São Paulo, até pelos momentos tumultuados vividos pelo rival.
Carille saiu do Morumbi irritado.
Os questionamentos o lembram quando Tite era chamador ironicamente de "Empatite", dentro do próprio Parque São Jorge.
Ele sabe que é esperada do seu time uma vitória sem contestação e o título, no próximo domingo.
E por isso, ele foi o mais direto possível com os dirigentes.
Exigiu que a equipe fosse mais poupada possível até a decisão.
Mesmo tendo na quarta-feira um jogo importante e que também é exige responsabilidade, resultado.
A partida de ida da Copa do Brasil, contra a Chapecoense, em Santa Catarina, na quarta-feira.
Carille exigiu o menos desgaste possível. Viagem será em avião fretado. E volta logo em seguida, após a partida. Para o time se concentrar na final de domingo.
O treinador já antecipou que poderá poupar jogadores.
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Ele sabe que dificilmente podrá contar com um jogador-chave, Júnior Urso, por contusão. E teme o resultado do julgamento de Clayson, hoje, no TJD.
Carille finalmente entendeu que o futebol 'de resultado' não está sendo suficiente no Parque São Jorge.
Ele é muito ambicioso.
Quer crescer na carreira.
Tem clara a noção que prevalecem as análises superficiais. Pouca gente quer pensar que ele trabalha com elenco praticamente novo com o que deixou, antes de ir para a Arábia.
E que apenas a classificação à final, de um torneio que deixou fora o bilionário Palmeiras e o Santos do técnico da Argentina na Copa do Mundo, Jorge Sampaoli, não basta.
O treinador não conta com o escudo dos dirigentes. Ainda mais voltando a trabalhar no Corinthians com um grande aumento salarial, que foi negado quando teve proposta da Arábia.
Carille sabe o quanto seria desastroso perder o título em pleno Itaquerão, onde o São Paulo jamais venceu.
Só que ele não desfrutará o título se ele vier graças a um fraco futebol e, por exemplo, decisão nas penalidades.
O técnico corintiano sempre foi sério.
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Mas agora, depois de tantas críticas, mesmo decidindo o título, ele está ainda mais focado.
Empurrado pela irritação.
Não considera justas os pejorativos adjetivos ao seu time.
Covarde.
Medroso.
Retranqueiro.
Ele não quer apenas ganhar.
Quer convencer no domingo.
Nada de time 'reativo'.
De contragolpes.
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O Corinthians fará de tudo para se impor.
Imprensar o São Paulo na defesa.
Ele sabe o quanto essa partida é importante.
Para sua carreira.
Ser tricampeão paulista seria excelente.
Mas com um time ofensivo, melhor ainda.
Carille redescobriu o que é comandar o Corinthians.
A cobrança é forte, mesmo avançando.
O clube e a torcida respeitam o DNA ofensivo...
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