A assustadora euforia de Tite por Neymar. Empate foi o de menos
O Brasil sofreu sufoco da Colômbia no primeiro tempo. No segundo, se impôs. Discreto, Neymar marcou o gol de empate em 2 a 2. Tite explodiu de felicidade
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Miami foi palco de mais um dos inúmeros capítulo do carma na vida Tite.
Tentar recuperar Neymar na Seleção depois de alguma bobagem que aprontou fora do campo.
O técnico enfrentou, desta vez, a coerência.
A sua palavra empenhada de convocar apenas jogadores nos seus melhores momentos.
E o treinador confirmou sua dependência do jogador, ao chamá-lo, mesmo depois de três meses sem entrar em campo.
Neymar teve uma participação discreta, mas conseguiu fazer o gol de empate do Brasil, completando assistência perfeita de Daniel Alves.
O Brasil apenas empatou em 2 a 2 com a Colômbia.
Mas Tite estava empolgadíssimo.
Não com a Seleção.
Só reservou elogios.
Chegou a ser muito estranho.
Para Tite, só importava falar do gol de Neymar. Como o jogador suportou ficar os 90 minutos, depois de três meses apenas treinando. Do abraço que o camisa 10 deu nele, depois do gol.
Estava deslumbrado.

"Estava conversando com o pessoal da comissão (técnica) no segundo tempo: "vou tirar", "vou tirar", até por uma questão de preservação física.
"Mas eu vi que as respostas físicas dele continuavam bem, fortes, coordenadas, a ponto dele ir crescendo. À medida em que chegava o final do jogo ele produzia cada vez mais. Foi acima da minha expectativa", dizia, mais orgulhoso do que ficou o próprio pai do jogador.
"O Neymar foi acima da minha expectativa. A gente conversava ontem (quinta-feira) em monitorar (o rendimento do atacante) a partir dos 45 minutos, porque o atleta começa a pensar e não conseguir executar. Mas ele estava pensando e executando, me surpreendeu", afirmava, deslumbrado.
E lógico, se desmanchou quando teve de falar da comemoração do gol. Neymar correu em direção ao banco e abraçou longamente o incoerente técnico.
"É reação de lealdade verdadeira. Temos uma relação de verdade e de lealdade. A gente diz o que a gente acha que é certo, o que é errado. É uma relação transparente. Não analiso outros fatos. Mas posso dizer que temos uma relação de verdade. Talvez ali esteja o símbolo disso."

É incrível a distinção, a maneira diferenciada com que Tite vê e nutre esperanças que Neymar o fará treinador campeão do mundo.
Já era assim antes da Copa de 2018, na Rússia.
A obsessão piorou em relação ao Mundial de 2022.
O jogo foi equilibrado.
Tite não tratou a partida como amistoso, mas como jogo oficial. Começou o jogo com nove titulares da final da Copa América.
Mais Ederson e, lógico, Neymar.
Os colombianos foram melhores no primeiro tempo. O Brasil errava muitos passes e forçava a procura pelo camisa 10, que estava sem ritmo de jogo.
Alex Sandro fez péssimos 45 minutos, foi o ponto fraco da Seleção.
O time do português Carlos Queiroz se mostrava mais compacto, com muito conjunto, vibração.
Sem James Rodríguez, talentoso mas lento, a Colômbia apostava na velocidade, nas trocas de posição do meio para a frente.
Arthur outra vez marcava mal nas intermediárias.
Mas saiu atrás em um lance bobo.
Treinado à exaustão e conhecido.
Neymar cobrou escanteio em curva para o meio da área, onde surgiu Casemiro, livre. A cabeçada foi firme. Brasil 1 a 0, aos 19 minutos.
Mas logo em seguida, Alex Sandro cometeu pênalti absurdo, juvenil. Ao tentar cortar um cruzamento, ele não percebeu a chegada em velocidade de Muriel. E acertou com a sola da chuteira esquerda o pé do colombiano.
Chute alto perfeito no MMA. Faria sucesso no UFC. Mas no futebol foi pênalti.
Muriel empatou, aos 25 minutos. E o atacante viraria o jogo, aos 39 minutos, em um contragolpe fulminante, que terminou com um chute violentíssimo, lógico, com o jogador invadindo a área brasileira pelo setor de Alex Sandro. 2 a 1, Colômbia.

Mas, contando com o recuo excessivo ordenado por Carlos Queiroz, o Brasil dominou o segundo tempo.
Neymar seguia tendo um desempenho discreto. Mas sua estrela voltou a brilhar quando Daniel Alves, em raro apoio ao ataque, recebeu excepcional lançamento do apagado Philippe Coutinho. E serviu o camisa 10 do Brasil.
Bastou um toque na bola, sem goleiro.
E o empate em 2 a 2, aos 14 minutos, que quase levou Tite às lágrimas.
Confiante depois do gol, Neymar passou a correr mais. Pedir mais a bola. E sofreu um pênalti não marcado, depois de Davinson Sánchez o jogar para fora do gramado, com uma ombrada nas suas costas.
Mas o empate em 2 a 2 acabou justo, com cada time dominando uma etapa.
Só que Tite estava deslumbrado.
Seu protegido jogou 90 minutos.
De maneira discreta.

E ainda marcou um gol.
Era isso que importava.
É assustadora a dependência que o técnico nutre por Neymar.
Fora do normal...