Escândalos de abusos sexuais e pedofilia abalam futebol argentino
Após investigação no Independiente, que já prendeu 6 pessoas, denúncia chega ao River Plate, com acusação sobre 'rede de pedofilia'
Futebol|Guilherme Padin, do R7
O futebol argentino vive um drama. Após denúncias de um esquema de exploração sexual de menores de idade no Independiente, clube de Avellaneda, na Grande Buenos Aires, em março, novas acusações trouxeram o tema à tona.
Nesta segunda-feira (2), Andrés Bonicalzi, advogado da instituição Avivi (Ajuda às Vítimas de Estupro, no original em espanhol) denunciou o River Plate, um dos maiores clubes do país.
Segundo o diário "Clarín", Bonicalzi apresentou uma série de denúncias de abusos sofridos por garotos que viviam no alojamento do clube de Buenos Aires entre 2004 e 2011.
Além do caso envolvendo o River Plate, outra denúncia amplificou ainda mais o problema. O ex-jogador Daniel Bertoni, astro da seleção argentina campeã mundial em 1978, afirmou que os abusos sexuais não são novidade no futebol.
“Me preocupa, mas a verdade é que isso existiu sempre. Na nossa época também havia rumores dessas coisas. A sorte foi que um garoto falou agora. Senão, teria continuado essa pedofilia e essa prostituição”, disse Bertoni sobre o caso ocorrido com o Independiente.
Caso Independiente
Entre meados e o fim de março, vários casos de abusos sexuais abalaram a Argentina. Trata-se da denúncia feita pelo Independiente, que suspeita que um jogador de 19 anos, de suas categorias de base, teria forçado atletas menores de idade, que vivem nos alojamentos do time de Avellaneda, a manter relações sexuais com homens mais velhos por dinheiro.
O jornal argentino "Olé" informou que o árbitro Martín Bustos seria um dos principais organizadores do esquema de exploração sexual de adolescentes.
O caso foi descoberto a partir dos relatos de um garoto de 14 anos, que joga na base do Independiente e contou sobre o ocorrido à psicóloga do clube.
"A estrutura dessa rede de prostituição de menores não funcionava só no Independiente. Há outros clubes", disse María Soledad Garibaldi, que dirige as investigações sobre o caso, referindo-se a acusações semelhantes no Temperley, clube mais modesto da primeira divisão argentina.
Já há seis pessoas já presas pelo escândalo, entre elas estão o árbitro Martín Bustos, um relações públicas e um organizador de torneios de jovens.
As vítimas eram obrigadas a manter relações sexuais com adultos em troca de dinheiro, material esportivo e promessas de subir na carreira de atleta.
River Plate manchado
Andrés Bonicalsi, advogado da Avivi, afirma que uma médica, cujo nome está sendo mantido em sigilo, será testemunha no caso do River Plate, terceiro clube do país envolvido em casos desse tipo. A médica teria tomado conhecimento dos casos por um psicólogo da equipe.
"Uma médica cirurgiã teve conhecimento de que houve abusos de menores que viviam no alojamento do River", afirmou Bonicalsi, em entrevista à Rádio Província. "A médica foi demitida sem motivos", acrescentou.
Segundo o advogado, há três casos no River Plate envolvendo uma garota do time de vôlei e outros dois da equipe de futebol.
"Vínhamos investigando versões de famílias do interior, cujos filhos seriam vítimas de uma rede de pedofilia", contou Bonicalzi.
Segundo ele, a médica pediu a instalação de um botão policial antipânico em sua casa por estar assustada com possíveis ameaças.
Outro lado
O River Plate divulgou comunicado oficial em que afirma que irá ajudar nas investigações:
"Em relação à denúncia apresentada hoje [dia 2] pela ONG Avivi, o River Plate comunica que oferecerá total colaboração para a reconstrução dos fatos ocorridos entre os anos de 2004 e 2011. (...) Neste sentido, amanhã, 3 de abril, o clube apresentará, por iniciativa própria, a acusação em que está radicada a denúncia para tomar conhecimento dos fatos e contribuir com a Justiça e os denunciantes com todos os elementos que tenha à disposição e ajudem a esclarecer à situação referida."
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