Neymar persegue Copa do Mundo e troféu de melhor jogador do mundo da Fifa
SUHAIB SALEM/REUTERSAté os 11 minutos do segundo tempo da prorrogação da última sexta-feira (9), Neymar era um gênio novamente candidato ao prêmio The Best. O gol que marcou pelo Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo o credenciava ao troféu de melhor jogador do mundo eleito pela Fifa. Mas a Croácia empatou, levou a decisão para os pênaltis, eliminou a seleção e imediatamente as manchetes mudaram de tom.
A imprensa mundial lembrou o terceiro fracasso de Neymar em Copas do Mundo e, mais do que isso, o apontou como “talento tóxico” e, junto com Tite, “um dos responsáveis pela eliminação” do Brasil.
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Neymar — que sofreu com uma lesão na terceira vértebra no Brasil 2014, chegou com seguidas lesões na Rússia 2018 e teve uma entorse no tornozelo direito ainda na partida de abertura do Catar 2022 — chorou muito ainda no gramado, cogitou abandonar a seleção, e só foi consolado pelo filho de Ivan Perisic. O camisa 10 da Canarinho fez fisioterapia intensiva em três períodos para voltar da lesão, marcou de pênalti nas oitavas de final e fez um golaço nas quartas. Não foi o bastante.
No último minuto do primeiro tempo da prorrogação, Neymar chamou a responsabilidade para si e chamou a tabela com Lucas Paquetá, que esteve sumido durante toda a Copa. Ao receber o passe, entrou na área, se livrou dos marcadores e do goleiro e chutou no alto para abrir o placar e extravasar com a torcida. Não foi o bastante. A má administração na cobrança dos pênaltis cobrou seu preço. Neymar não cobrou o pênalti decisivo, e nem nenhum outro, já que Rodrygo e Marquinhos haviam perdido enquanto os croatas tiveram 100% de aproveitamento.
Imprensa inglesa chamou Neymar de 'talento tóxico' na Copa 2022
Reprodução/The GuardianUm dos grandes nomes da ácida imprensa britânica, Barney Ronay, autor de inúmeros livros sobre Copas do Mundo, foi o primeiro a chamar Neymar de ‘talento tóxico’ do Brasil. O jornalista do Guardian lembra da saída conturbada do Barcelona até a transferência de 222 milhões de euros (cerca de R$ 825 milhões na época) para o Paris Saint-Germain, que acabaram por misturar valores humanos do craque.
“Apesar da sensação de talento atrofiado, de asas nunca totalmente abertas, o futebol moderno é, de muitas maneiras, o seu mundo. Nesse mundo, Neymar pode entender mais profundamente o futebol do que qualquer outro indivíduo”, escreveu Ronay.
Ainda na derrota para a Croácia, o Brasil nem bem tinha deixado o estádio Cidade da Educação e o New York Times já estampava com um quê de ironia em sua capa: “é o fim da dança deles”, em clara referência ao jeito coreografado de comemorar gols dos brasileiros. O tema foi alvo de críticas, principalmente, do ex-jogador irlandês Roy Keane.
“Mais uma vez então, a Copa do Mundo terminou para o Brasil na dança em que eles souberam fazer melhor do que qualquer outro”, dizia o texto de Rory Smith. “Todos estavam tentando processar a amargura e o arrependimento da eliminação para a Croácia, mas os dedos já estavam apontados [para Tite e para Neymar].”
Neymar deixou o Santos e foi para o Barcelona em 2013. Na chegada ao clube catalão, ainda no auge da rivalidade entre Lionel Messi, seu companheiro de equipe, e Cristiano Ronaldo, prometeu ajudar o argentino a ser melhor do mundo. Se verdade ou não, em 2017, foi chamado a ser a transferência mais cara do mundo e estampar o seu nome na torre Eiffel. Bons anos, ótimas atuações, mais nada do troféu de Bola de Ouro, que até passou a ser chamado de The Best para não se confundir mais com a premiação da revista France Football.
Nada feito. O brasileiro foi terceiro lugar em 2017 e nunca mais apareceu no pódio. Além de Messi e Cristiano Ronaldo, somente o croata Luka Modric e o polonês Robert Lewandowski quebraram a hegemonia dos dois.
O Brasil, de Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997 e 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho (2004 e 2005) e Kaká (2007), vai para 16 anos sem o título de melhor do Mundo. Mais do que isso, serão 24 anos sem Copa em 2026.
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