Manual de boas condutas: veja sete atitudes que não pegam bem repetir nessa Copa do Mundo
Competição começa na próxima quinta-feira (20) e é o momento de não cometer os erros do passado
Copa do Mundo|Do R7
Falta menos de uma semana para a Copa do Mundo de 2023 e há uma coisa que não é bom se repetir em mais uma edição: comparações e termos que, indiretamente, desmerecem o futebol feminino.
Há certas falas que diminuem a credibilidade das jogadoras e da modalidade feminina em si.
Para manter o alerta, o R7 separou sete atitudes que você deve evitar de uma vez por todas:
1. A Marta é o Pelé do futebol feminino?
É muito comum ver pessoas se referindo à Marta como o Pelé do futebol feminino. Por mais que a frase não seja maldosa e Rei Pelé tenha virado até verbete de dicionário, é importante não comparar os dois.
A Marta não é o Pelé entre as mulheres, ela é a Marta. Não é necessário que o Rei sirva de referência para entender a grandiosidade da atacante, ela mesma já deixou sua marca no futebol.
Dentre os feitos, estão o de ser a maior artilheira de Copas do Mundo, entre homens e mulheres, e seis vezes a melhor jogadora de futebol do planeta.
2. Comparação de salários
Repercutiu nos últimos dias a informação de que o salário de Marta é quase 125 vezes menor do que o de Neymar. A situação acende um alerta importante: não se deve comparar o salário de jogadoras e jogadores.
Não é segredo para ninguém que o futebol masculino atrai um público maior e, consequentemente, movimenta mais recursos financeiros – especialmente com as transmissões de televisão.
As competições femininas ainda lutam por investimentos básicos, como nas categorias de base e nas estruturas de treinamento. Isso não acontece porque o futebol masculino é "superior", mas sim pelo histórico de luta das jogadoras.
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O Brasil, por exemplo, proibiu as mulheres de jogarem futebol de 1941 a 1983, por meio do decreto-lei 3.199. Tudo por ir contra a "natureza feminina".
A Copa feminina começou em 1991, mas a primeira vez que a competição teve todos os jogos transmitidos foi apenas em 2019, quando a França foi sede.
Para se ter uma ideia, essa é a primeira Copa que a seleção brasileira teve trajes oficiais, para usar fora de campo.
A comparação, além de não ser justa, abre margem para uma série de ofensas à modalidade.
3. Comparação de ritmo de jogo
Outro apontamento comum de se ouvir é de que o ritmo de jogo das mulheres "é mais lento".
As atletas não jogam "mais devagar", o estilo de jogo só é diferente do que a maioria da população está acostumada. Durante quase todo o século XX os campos foram dominados por homens, portanto é compreensível que todos sintam uma diferença.
Mas isso diz mais sobre o histórico do esporte e o hábito pessoal do que sobre as jogadoras de fato.
4. Apontar características físicas das atletas
A Copa do Mundo é o momento em que a população mundial tem contato com as atletas de 32 nacionalidades diferentes. Além da riqueza cultural, há uma característica que, por muitas vezes, é fortemente apontada: a física.
Há, inclusive, um ranking de quem é "a jogadora mais bonita do mundo", que repercute intensamente nas redes sociais durante o Mundial. Porém, esse tipo de atitude só reforça estereótipos.
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O que deve ser valorizado é a performance em campo. Quando se aponta apenas a beleza da atleta, se dá margem para objetificar a mulher.
5. Zombar de jogadoras
Na Copa de 2019, a zagueira da seleção francesa, Wendie Renard, sofreu com comentários pejorativos sobre o seu cabelo. Na época, houve até piadas racistas sobre a jogadora.
Para que situações como essa não se repitam, a solução é evitar falar a aparência das atletas. É importante dizer que essa "dica" não vale só no futebol feminino. Na vida, ela também cai bem.
6. Comparação de público
Como dito anteriormente, o futebol feminino ainda tem muitas barreiras para superar. Uma delas é atingir um público maior, ou seja, fazer com que as pessoas tenham mais interesse na modalidade.
Sendo assim, não é necessário comparar o público nos jogos masculinos, com o do feminino. Se o estádio está mais vazio, não é por falta de esforços das atletas, mas sim porque a modalidade ainda não tem o devido valor na sociedade.
7. Jogadoras estressadas estão de TPM (Tensão Pré-Menstrual)?
Por último, mas não menos importante: não é porque a jogadora está estressada em campo, que ela está de TPM.
Quando esse discurso é repetido, há um tom depreciativo. Ou seja, a intenção é desdenhar daquela atitude.
Além do mais, a TPM é um processo hormonal comum e não deve ser limitado ao humor feminino, uma vez que não afeta apenas isso.
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