Federação Espanhola de Futebol anuncia 'ações legais' por 'mentiras' de jogadora sobre beijo forçado
Jenni Hermoso, atacante da seleção, afirmou ontem que gesto 'não foi consentido' e que se sentiu 'vítima de uma agressão' de cartola
Copa do Mundo|Do R7, com AFP
A RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol) qualificou, neste sábado (26), de "mentiras" as últimas acusações da jogadora da seleção de futebol do país Jenni Hermoso contra o presidente da entidade, Luis Rubiales, pelo beijo forçado que o cartola lhe deu após a final do Mundial, quando a Espanha ganhou da Inglaterra por 1 a 0 no último domingo (20). A entidade máxima do futebol espanhol anunciou "ações legais".
"A RFEF e o sr. presidente demonstraram cada uma das mentiras que se difundem, seja por alguém em nome da jogadora ou, se for o caso, pela própria atleta", disse o órgão em um comunicado na madrugada deste sábado, depois de Hermoso ter dito que se sentia "vítima de uma agressão" pelo beijo de Rubiales na boca.
A entidade afirmou que iniciará "as ações legais cabíveis" para defender a versão do presidente, que rechaçou se demitir nesta sexta-feira (25) do cargo. Para ele, o beijo foi um gesto "consentido" pela atleta espanhola. Ela nega.
A jogadora Jenni Hermoso garantiu, ontem, que se sentiu "vulnerável e vítima de uma agressão" quando recebeu o beijo de Luis Rubiales ao término da final do Mundial, depois de ter dito que o beijo "não foi consentido".
Horas antes, Hermoso assegurou, no primeiro comunicado sobre o assunto, emitido pelo sindicato dos atletas profissionais, que "em nenhum momento" consentiu esse beijo, o que desmontou a defesa de Luis Rubiales.
Na nota oficial, a federação cita o comunicado do sindicato, em que Hermoso afirma: "Em nenhuma situação, procurei alcançar o presidente".
Quatro fotos acompanham o comunicado da federação espanhola para defender a versão de que foi a jogadora que se levantou do solo para chegar ao rosto do presidente, não o contrário.
"Os pés do senhor presidente estão clara e manifestamente levantados do solo como consequência da ação de força feita pela atleta", explica a RFEF.
A entidade também respondeu às jogadoras da seleção que anunciaram, na sexta (25), a recusa em voltar a jogar com a seleção se não houver uma troca dos atuais dirigentes da federação espanhola.
No comunicado, a RFEF relembra que a "participação na seleção é uma obrigação de todas as pessoas federadas se são convocadas".
De forma inesperada e apesar da pressão, o dirigente máximo do futebol espanhol se recusou a deixar o cargo na assembleia geral extraordinária da federação, que ocorreu em Las Rozas, na periferia de Madri.
No cargo desde 2018, Rubiales, que foi zagueiro quando profissional, empreendeu um contra-ataque às acusações, afirmando que o beijo foi "mútuo" e "consentido", e que contou com a autorização da atleta. Ele aproveitou para atacar o "falso feminismo".
O caso, intitulado "#MeToo del fútbol español", provocou uma avalanche de críticas contra Luis Rubiales no mundo político e esportivo.
Hermoso, atleta do Pachuca, recebeu também, nas últimas horas, apoio da liga feminina de futebol do México e dos clubes que lá atuam.
"Na liga MX Femenil, defendemos e protegemos os direitos de nossas jogadoras, técnicas e comissão técnica; teremos tolerância zero diante de qualquer tipo de ato que atente contra a integridade das atletas", disse o órgão.
"Jenni conta com todo o respaldo institucional, emocional e pessoal do Grupo Pachuca neste momento tão delicado de sua vida", manifestou-se também o clube mexicano.