Hermoso desmente Rubiales sobre 'beijo consentido' e boicota federação ao lado das jogadoras
As 23 atletas entraram em um acordo e não defenderão a seleção enquanto 'os atuais dirigentes continuarem no comando'
Futebol|Do R7
Luis Rubiales, presidente da RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol), foi desmentido nesta sexta-feira, horas após afirmar que houve consentimento no beijo dado por ele na atacante Jenni Hermoso, durante a celebração do título da Copa do Mundo Feminina.
A própria jogadora se manifestou, em nota divulgada pelo sindicato Futpro, e afirmou não ter consentido o beijo "em nenhum momento". As 23 jogadoras campeãs mundiais assinaram o comunicado e se juntaram em um boicote: elas não defenderão a seleção enquanto "os atuais dirigentes continuarem no comando".
A RFEF convocou uma assembleia-geral extraordinária nesta sexta-feira (25) para que Rubiales desse explicações sobre o beijo, imagem que correu o mundo e repercutiu de forma bastante negativa. A expectativa, de acordo com a imprensa espanhola, era pela renúncia, mas o dirigente apareceu no palanque contrariado e garantiu, aos berros, que não entregaria o cargo.
Durante o discurso, disse ser vítima do que chamou de "falso feminismo" e assegurou que Hermoso havia lhe dado permissão para beijá-la.
"Ela me levantou do chão, me agarrou pelo quadril, quase caímos e nos abraçamos. Foi ela quem me pegou pelos braços e me puxou para perto de seu corpo. Eu disse a ela para esquecer o pênalti: 'Você foi fantástica, e sem vocês não teríamos vencido a Copa do Mundo'. Ela respondeu: 'Você é um craque'. Eu disse: 'Um beijinho?'. E ela respondeu: 'Ok', batendo na minha lateral e saindo aos risos", afirmou o presidente em sua versão.
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Hermoso, de férias em Ibiza, vem fazendo o possível para se preservar e tem se manifestado apenas por meio do Futpro. Ao saber das afirmações de Rubiales, procurou o sindicato para se manifestar agudamente e desmentir o dirigente.
"Quero esclarecer que em nenhum momento consenti o beijo que ele me deu e em nenhum caso procurei levantar o presidente. Não tolero que minha palavra seja questionada, muito menos que se inventem palavras que eu não tenha dito", afirmou.
Após a transcrição da fala da atacante, o texto do Futpro continua a dizer que "nenhuma mulher deveria se ver em necessidade de se explicar diante de imagens tão contundentes e que todo mundo viu". Em seguida, são exigidas medidas imediatas do poder público, em nome das campeãs do mundo, que concordaram em não atender mais à seleção caso não ocorra uma mudança de comando na federação.
Embora não seja citado no texto, o técnico da seleção espanhola feminina, Jorge Vilda, que tem problemas de relacionamento com o elenco, aplaudiu o discurso de Rubiales na assembleia, assim como Luis de La Fuente, treinador da seleção masculina.
"Queremos encerrar este comunicado com pedido de mudanças estruturais reais, que ajudem a seleção a seguir crescendo, para poder transferir nosso êxito às próximas gerações. Nos enche de tristeza que um acontecimentos tão inaceitável esteja ofuscando o maior êxito esportivo do futebol espanhol. Depois de tudo o que aconteceu durante a entrega das medalhas, queremos manifestar que todas a jogadores que firmam o presente comunicado não voltarão a defender a seleção se os atuais dirigentes continuarem", diz o final do comunicado.
A Fifa abriu um processo disciplinar contra Rubiales e só voltará a se manifestar quando houver uma conclusão. De qualquer forma, há pressão vinda de todos os lados, inclusive do governo espanhol. Teresa Ribera, terceira vice-presidente da Espanha e ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, afirmou que o governo fará "tudo ao seu alcance" para que Rubiales deixe a RFEF.
Mais tarde, nesta sexta (25), Victor Francos, presidente do Conselho Nacional de Esportes da Espanha, iniciou um processo judicial contra o dirigente, para que ele responda ao Tribunal dos Esportes.
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