Fifa volta a criticar polícia brasileira e diz que máfia dos ingressos nunca acabará
Secretário-geral Jerôme Valcke insistiu em distanciar a federação da empresa terceirizada
Copa do Mundo 2014|André Avelar, do R7, no Rio
O escândalo da máfia de ingressos que manchou a Copa do Mundo no Brasil tende a ser repetir nas próximas competições. Foi o que afirmou a própria Fifa nesta segunda-feira (14), no Maracanã, em entrevista para um balanço geral dos 32 dias de competição. Segundo o secretário-geral Jerôme Valcke, está é uma luta que “nunca poderemos por fim.”
O secretário defendeu a Fifa por manter negócios com uma empresa acusada de obter lucro de até 1.000% com a revenda ilegal de ingressos. Valcke fez questão de afirmar que não é a federação internacional que comercializa as entradas, mas uma terceirizada.
— Também prendemos pessoas na África do Sul. Acho que nunca poderemos por fim a esse sistema fora do programa de venda de ingressos. Nós vendemos todos os ingressos com o valor de face. Não houve um ingresso vendido pela FIfa que foi vendido sem o valor ingresso. Todos os ingressos são vendidos a terceiras partes e aí o que eles fazem é o que estamos brigando.
O presidente Joseph Blatter chegou a se irritar ao ser questionado sobre o esquema de corrupção.
— Quando você fala em corrupção, tem que apresentar provas. Quando você diz que algo estava errado até posso aceitar, mas não aceito ouvir que houve corrupção.
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Valcke criticou também a polícia brasileira que, segundo ele, divulgou para a imprensa detalhes da operação Jules Rimet – o diretor de marketing Thierry Weil já havia questionado essa postura.
— Com certeza, vai haver várias histórias sobre isso, mas somo totalmente contra e vamos continuar lutando contra ele. Saiu na imprensa antes de ser informado para nós, mas essa é outra questão. Nunca dizemos para as autoridades que não vamos colaborar. Nenhum ingresso que saiu do sistema oficial da Fifa foi vendido acima do valor do ingresso.
A ação da Polícia Civil do Rio de Janeiro teve a prisão de 12 pessoas, entre elas o diretor-executivo da Match Services. Raymond Whelan é considerado o líder da quadrilha internacional de cambistas. O britânico é considerado foragido. A Match Services tem contrato assinado com a Fifa até o Mundial do Qatar, em 2022.