Brasil perde Copa do Mundo de Direitos Humanos
Bem-humorado, livro mostra que país precisa melhorar muito para ser campeão
Copa do Mundo 2014|Miguel Arcanjo Prado, editor de Cultura do R7

Se a Copa do Mundo medisse os índices de respeito aos direitos humanos de cada país participante, o Brasil não levantaria a taça na final. Sequer teria levado o jogo de estreia contra a Croácia na última quinta (12), já que o país do leste europeu tem uma taxa de homicídios 20 vezes menor do que a nossa.
Se serve de consolo, o Brasil pelo menos ficaria à frente de países como o Irã, onde o respeito à liberdade individual praticamente inexiste.

A bem humorada competição fora dos gramados é a proposta do Guia da Copa do Mundo de Direitos Humanos, lançado neste mês e com distribuição gratuita e versão online.
A ideia é dos pesquisadores do Celacc (Centro de Estudos Latino-americanos de Comunicação e Cultura) da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), sob direção do professor Dennis de Oliveira.
A obra dialoga com o leitor, pedindo que ele avalie e dê nota a cada país participante, levando em conta temas como respeito a minorias, à diversidade sexual, ética e também ao meio ambiente.
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O enfrentamento entre os países competidores segue a escalação dos 48 jogos da primeira fase feita pela Fifa.
Para embasar o leitor na brincadeira, o livro fornece dados atualizados da ONU (Organização das Nações Unidas) acrescidos de informações da Anistia Internacional e dos Repórteres sem Fronteiras, entre outras organizações defensoras dos direitos humanos. Também participaram da construção do livro o Coletivo Quilombação, o NEV e a Andhep (Associação Nacional de Direitos Humanos, Pesquisa e Pós-graduação).

Brasil perde para Argentina
Quando se leva em conta o respeito aos direitos humanos, o Brasil fica atrás até de seu maior rival nos campos: quando o quesito é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a Argentina ocupa a 45ª posição no mundo, enquanto o Brasil amarga a 85ª posição.
O livro foi uma resposta dos pesquisadores à declaração polêmica do secretário-geral da Fifa em 2013, quando afirmou que "menos democracia, às vezes, é melhor para a organização de uma Copa do Mundo".
Sobre isso, o professor Dennis de Oliveira tem opinião certeira e bem diferente da do executivo da Fifa.
— A Copa do Mundo jamais deve ser um motivo para passar por cima da liberdade de um povo e da garantia dos direitos humanos.



