Após pagar fiança de R$ 5 mil, executivo da Fifa vai continuar trabalhando na Copa
Empresa Match disse que Ray Whelan vai continuar trabalhando para uma Copa "com sucesso"
Copa do Mundo 2014|Do R7

Raymond Whelan, diretor da empresa Match Services, parceira da Fifa, foi solto na madrugada desta terça-feira (8), mediante pagamento de fiança. Segundo o delegado do Rio que lidera a investigação, Fábio Barucke, ele responderá pelas acusações em liberdade. Ele pagou uma fiança de R$ 5.000, deixou uma garantia de que não vai fugir e informou que permanecerá em um endereço na Barra da Tijuca, no Rio.
A Match, por meio de uma nota, indicou que Whelan vai continuar a trabalhar na operação da Copa do Mundo. "Ray Whelan, assim como os demais funcionários da Match, vão continuar a trabalhar em nossas áreas operacionais de responsabilidade para entregar uma Copa do Mundo de 2014 no Brasil com sucesso", declarou a empresa.
Ainda segundo o comunicado, Whelan vai "ajudar a polícia" nas investigações. "Temos total fé de que os fatos vão estabelecer que ele não violou qualquer lei", disse. A empresa ainda informou que vai dar "apoio total às investigações" e que "Ray será exonerado".
Era 4h40 da madrugada quando o suspeito deixou a 18ª DP (Praça da Bandeira), na zona norte do Rio. Ele é investigado pela Polícia Civil de ser o principal fornecedor de ingressos para jogos do Mundial a uma quadrilha que já foi presa no Rio. No momento da prisão, Whelan negou que tivesse qualquer tipo de contato com a quadrilha.
Ainda que Whelan não seja um funcionário da Fifa, ele atua em nome da entidade na organização de pacotes e até do credenciamento de hotéis para a Copa. Nos últimos dias, tem sido a porta-voz da Fifa quem tem respondido pelos problemas, e não o porta-voz da Match. A empresa é ainda controlada pela Infront, uma companhia que tem como acionista Phillip Blatter, sobrinho do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em nota, a Match informou que as conclusões da polícia são "precipitadas" e que ficará provado que Whelan não cometeu irregularidades.
O promotor responsável pela operação Jules Rimet, Marcos Kac, da 9ª Promotoria de Investigação Penal, considerou "um absurdo" a soltura do CEO da Match, Ray Whelan, preso ontem e apontado como principal fornecedor do milionário esquema de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo.
— O cara que era pra ficar hoje detido agora pode pegar um jatinho para Belo Horizonte para ver o jogo (a semifinal entre Brasil e Alemanha), enquanto ninguém que você conhece conseguiu comprar ingresso — disse o promotor, que atua em conjunto com a polícia na investigação.
Segundo Kac, a soltura de Whelan é um absurdo porque "a pessoa que soltou não conhece o inquérito", disse, referindo-se à desembargadora que proferiu a decisão no plantão judiciário durante a madrugada, Marilia de Castro Vieira.
— Temos muitos elementos contra ele e estamos todos muito chateados com essa decisão. Entre outras provas, são mais de 900 registros de ligações e mensagens telefônicas entre ele e o Fofana. Não fizemos a operação ontem de 'orelhada'. Essa quadrilha movimentava milhões. Cadê o dinheiro que não aparece? É o que estamos tentando descobrir e agora o principal suspeito está solto. Ele foi solto no plantão com base em nada.