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Perto de Elza e Garrincha, o casal Brumar era enfadonho, artificial

Elza Soares e Garrincha foram o casal mais intenso no futebol deste país. Os enlutados fãs de Neymar e Bruna precisam conhecer esse amor bandido

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Neymar e Marquezine. Amor e publicidade presentes no casal Brumar
Neymar e Marquezine. Amor e publicidade presentes no casal Brumar

São Paulo, Brasil

Está nos principais portais do mundo todo.

Neymar e Bruna Marquezine acabaram o namoro.

Pela quarta vez seguida, o 'mundo é atingido' com essa notícia.


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Sim, o casal esportivo midiático se separou.

De novo.


'David Beckham e Victoria Beckham' dos trópicos não estarão mais juntos.

'Piqué e Shakira' de Mangaratiba não farão mais campanhas de lingerie.


A atriz global confessou que a estrela do PSG não quis mais o romance.

Pelo menos por enquanto.

Porque nunca se sabe...

Neste país, o casal que mereceu, de verdade, tanta atenção, e viveu sua relação em público, se encontrou há 56 anos.

Não desfrutrou de campanhas publicitárias, não fez a mesma tatuagem. 

Nem apelou para inúmeras selfies para alimentar a sede de colunistas sociais e de fãs ensandecidos, que precisam preencher o vazio existencial de suas vidas.

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E que até batizaram a dupla rompida de Brumar...

Não, na década de 60, a mulher da relação não teve livre acesso aos treinos da Seleção Brasileira, como Marquezine nas duas últimas Copas do Mundo. Ela e seus amigos acompanharam os treinos que quiseram de Felipão e de Tite. Em lugares especiais.

Pelo contrário.

A musa da Copa do Chile foi até banida, amaldiçoada.

Não podia posar para fotos nos treinos do Brasil.

Mas ela não cedia.

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Enfrentava a sociedade da época.

Se encontrava com seu amor bandido.

De forma escondida, marginal.

Elza e Garrincha sofreram muito até ficarem juntos. Mas nunca foram aceitos
Elza e Garrincha sofreram muito até ficarem juntos. Mas nunca foram aceitos

Perto do romance entre Garrincha e Elza Soares, o casal Neymar e Bruna Marquezine é o mais enfadonho do planeta.

Em vez de poses forçadas, e muito bem recompensadas, no Instagram, tudo que a dupla viveu foi verdadeiro.

Foram 20 anos de paixão e drama.

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Garrincha atingiu algo que Neymar ainda nem chegou perto.

Nem se sabe se chegará.

Conseguiu ser o melhor jogador da Copa de 1962. Garantiu, depois de uma grave contusão de Pelé, uma distensão na virilha, diante da Tchecoslováquia, o bicampeonato para a Seleção Brasileira.

A comemoração do título não foi total para Garrincha. 

Enquanto estava nos braços dos torcedores, não podia assumir a paixão por Elsa. Era casado e não tinha coragem de assumir a cantora. A moral da época recriminava e perseguia quem se separava. Ainda mais sendo um ídolo popular.

Só que a imprensa descobriu a situação. E desancou a cantora. Era chamada de 'destruidora de lares' na rua.

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Elza suportou a situação por um ano. Até terminar o caso, já que Garrincha não se decidia. E em seguida, em 1963, compôs e gravou uma música dedicada ao que viveu.

Foi um escândalo.

O nome da canção?

"Eu sou a outra."

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A letra foi um soco na cara da sociedade da época.

"Ele é casado e eu sou a outra, na vida dele, que vive qual uma brasa, por lhe faltar tudo em casa...

"Ele é casado e eu sou a outra, que o mundo difama, que a vida, ingrata, maltrata, e, sem dó, cobre de lama...

"Quem me condena,como se condena uma mulher perdida, só me vêem na vida dele, mas não o vêem, na minha vida.

Não tenho nome,trago o coração ferido, mas tenho muito mais classe, do quem quem não soube prender o marido."

Todos sabiam para quem era a 'outra'.

Garrincha sentiu o golpe, a separação de Elza.

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E se desquitou.

Mas não viveram felizes para sempre.

Longe disso.

Garrincha foi um fiasco no Corinthians. Não tinha condições físicas para jogar
Garrincha foi um fiasco no Corinthians. Não tinha condições físicas para jogar

Foram morar juntos e passaram a ser perseguidos pela imprensa e pela população, por serem 'amasiados', viverem em pecado. 

Decidiram se casar, mas a perseguição até aumentou por conta da pobreza da primeira esposa e dos filhos deixados para trás.

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O jogador era alcoólatra.

E tinha gravíssimos problemas nos joelhos e tornozelos, agravados por inúmeras infiltrações de anestésicos para poder jogar, sem sentir dores. Sua carreira rapidamente entrou em decadência.

Diante da perseguição da imprensa, o casal resolveu trocar o Rio de Janeiro por São Paulo.

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O drama nunca os abandonou.

No dia 13 de abril de 1969, Garrincha, alcoolizado, levava a família para o Rio. Quando o automóvel capotou. A mãe de Elza Soares, dona Josefa, foi atirada do carro e teve morte instantânea. O jogador, Elza e a filha dele, Sara, tiveram ferimentos leves.

Elza nunca deixou de se culpar pela morte da mãe, por aceitar que o marido dirigisse embriagado.

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Garrincha passou a beber mais ainda.

As dores nos joelhos só aumentavam.

E ele acreditando que poderia jogar como em 1962. Afinal, era chamado de "Alegria do Povo". Fracassou no Corinthians, na Portuguesa Santista, no Atlético Júnior (equipe colombiana).

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No Flamengo, se iludiu, mesmo jogando muito mal, acreditou que seria chamado para a Copa de 1970. Não foi. Entrou em depressão.

Vale o depoimento que ela deu à Folha, em 2014 sobre o que viveu.

"Além de ter sido um período muito difícil para o Brasil, a ditadura militar foi quando tive minha casa metralhada. Estávamos todos lá: eu, Garrincha e meus filhos. Os caras entraram, metralharam tudo e nunca soube o motivo.

"Era 1970, já tínhamos recebido telefonemas e cartas anônimas, nos sentíamos ameaçados e deixamos o país. Acredito que fizeram isso por conta do Garrincha, mas também por mim, pois eu era muito inflamada e então, como ainda hoje, de falar o que penso. Eu andava muito com o Geraldo Vandré e devem ter pensado que eu estava envolvida com política. Mas eu sou uma operária da música, e qual é o operário que não se revolta?

"Fomos para Roma, e lá o Garrincha, que não tinha sido convocado para aquela Copa, estava em desespero por não estar jogando e por não ter onde morar. Estávamos num hotel, vendo o Brasil ser campeão. Foi quando o Juca Chaves foi comemorar na Piazza Navona, onde fica a embaixada brasileira.

"Estávamos trancados dentro de um apartamento, e o Garrincha queria sair de qualquer maneira: queria participar da festa, mas ao mesmo tempo estava altamente deprimido. Ele perdeu a casa, teve de deixar o país e não sabíamos como voltar.

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"Enquanto se celebrava o fato de o país se tornar o primeiro tricampeão na história da Copa do Mundo, o Brasil fazia barbaridades com sua população. O Garrincha sentia um misto de alegria e dor, porque ele queria comemorar, mas, ao mesmo tempo, sentia repulsa por tudo que nos havia acontecido.

"Imagine o que é para um homem que, para mim, está acima de qualquer nome no futebol brasileiro, ser mandado embora do país. Isso já é tenebroso, vergonhoso; imagine então esse homem vendo aquela conquista, confinado numa selva de pedra, no exterior, sem entender nada, sem saber o que havia acontecido com nossa casa.

"Aquela foi a época em que ele mais bebeu, e não saía de casa, pois tinha vergonha de aparecer embriagado. Eu fazia de tudo para ele não beber, mas não adiantava..."

Elza suportou o alcoolismo de Garrincha. Mas não as agressões
Elza suportou o alcoolismo de Garrincha. Mas não as agressões

Cantando pela Europa, Elza sustentou o casal. Até que, seis anos depois, em 1975, os dois decidiram voltar ao Brasil. Ela estava grávida de Manoel Francisco dos Santos Júnior. Único filho que tiveram juntos. Ele morreria aos nove anos, afogado. Não conseguiu sair de um carro que caiu no rio, em Magé, no dia 11 de janeiro de 1986.

Mas àquela altura, eles já estavam separados.

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Bebendo muito, Garrincha passou a agredir e trair Elza Soares. A cantora tentava de todas as maneiras fazer com que abandonasse o vício. Sem saber o que acontecia na intimidade do casal, populares xingavam Elza por onde ela fosse. Colunistas sociais da época sugeriam que ele bebia por causa dela.

A separação definitiva aconteceu em 1982.

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E Garrincha morreu um ano depois, em 1983, aos 49 anos, vítima de cirrose hepática.

Se os encantados fãs do casal Brumar acordaram em luto, vale a pena conhecer a fundo a história do mais importante casal midiático da história do futebol deste país.

O mundo tentará sobreviver à separação. O Instagram não será o mesmo
O mundo tentará sobreviver à separação. O Instagram não será o mesmo

Será mais enriquecedor do que ficar postando carinhas tristes nas redes sociais.

Fazer promessas para Neymar retornar para Bruna Marquezine.

E voltarem a colocar suas fotos patrocinadas no Instagram...

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