"Eu quero olhar nos olhos de quem matou meu filho"
Mãe do jogador Daniel, assassinado no Paraná, depõe em Curitiba. Mostra todo seu sofrimento e quer justiça. A condenação dos "monstros"
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
“Eu penso que eles, para mim, não são pessoas normais, que não podem viver no convívio de pessoas do bem.
São monstros.
Leia também
Testemunha confirma em juízo que Brittes e mais 3 espancaram Daniel
Principal testemunha da morte de Daniel quer processar Edison Brittes
Testemunha do caso Daniel pede à Justiça para não ver assassino
Traição, sexo e assassinato: 2 meses depois, veja como está o Caso Daniel
Mãe de acusado da morte de Daniel pede perdão à família do jogador
Eles tentaram me enganar, me oferecer ajuda. Quero ver se têm coragem de olhar na minha cara.
Quero ver a cara deles, olhar bem no fundo dos olhos deles e saber como eles tiveram coragem de fazer isso.
Estar de frente pra eles ou ver fotos não faz diferença, me perguntam se eu tenho ódio e eu digo que graças a Deus não carrego isso, sinto pena, muita pena.
Como vai ser a vida deles daqui para frente? Daniel foi torturado, sofreu, foi morto, mas está ao lado de Deus.
E eles?
Quero Justiça!
É simples.
A Justiça tem que acontecer diante de tanta atrocidade que fizeram com meu filho. Eu sei que eles estão tentando denegrir a imagem dele, mas não vão conseguir porque ele era um menino do bem, um menino bom, que estava ajudando os pobres nas ruas. Todo o ano que ele estava lá saia para entregar cestas básicas nas ruas para as pessoas carentes da minha cidade.
Todo mundo gostava dele, era um menino de muitos amigos, desde criança tinha os mesmos amigos.
Foi um filho maravilhoso, foi um pai maravilhoso.
Porque eu vim? Porque sempre acompanhei meu filho em tudo, em todas as horas felizes da vida dele e agora, que fizeram isso com ele, não vou abandonar ele. Eu me preparei para esse momento com terapia, com médico, pra eu estar aqui e estar representando ele.
COSME RÍMOLI: Turner não aceita acordo com a Globo. Quer fugir do 'efeito Band'...
"Eu quero olhar nos olhos de quem matou meu filho."
Eliane Aparecida Corrêa mostrava toda sua dor, sua indignação, seu abatimento.
A tortura de uma mãe que soube do assassinato do filho, com requintes de crueldade.
Com a imprensa divulgando todos os detalhes de sua morte, aos 24 anos.
COSME RÍMOLI: Contratação de Ganso foi a gota d'água. Greve no Fluminense
Massacrado, torturado, mutilado, degolado.
Estava firme diante das câmeras.
Foi à 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, em Curitiba.
Eliane foi chamada para depor pelo Ministério Público.
Sua missão era expor a personalidade do filho, o jogador do São Paulo, Daniel Correa.
Se não pôde defendê-lo da fúria de Edison Brittes e dos jovens que também o espancaram, antes do brutal assassinato, ela quer defender a honra do filho.
Mostrar ao mundo que ele não era um estuprador, como a defesa dos assassinos está tentando mostrar.
Veja mais: Ex-Imperador: Adriano puxa fila de craques com problemas financeiros
Eliane quer ajudar a compor o perfil do filho.
Além da mãe, a tia e ex-mulher falarão sobre o jogador assassinado.
De acordo com ela, ele estava na cama de Cristiana Brittes, que dormia, depois da comemoração de aniversário de 18 anos da filha, Alana. Tirou foto. E mandou para amigos, sorrindo.
Atitude recriminável em todos os sentidos.
Brincadeira absurda.
Mas a autopsia não deixou dúvidas para as autoridades policiais do Paraná.
Bêbado, com 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue, Daniel não teria condições de estuprar ninguém.
É isso que Eliane quer provar.
Veja mais: Com problema cardíaco, Khedira fica de fora de viagem na Champions
Seu filho não era estuprador.
O desejo era também encarar os sete acusados de envolvimento na morte de seu filho único.
Os mesmos que arquitetaram a terrível ideia de ligar para ela horas após terem matado Daniel.
Principalmente Edison Brittes, que além de ter mutilado seu filho, o matou tentando decepar sua cabeça.
No mesmo dia, teve a coragem de telefonar para ela oferecendo 'ajuda', já que Daniel havia 'sumido'. Ele sabia muito bem que havia deixado o corpo sem vida do jogador em uma plantação de pinheiros.
Os réus hoje não puderam estar na mesma sala onde Eliane depôs.
Apenas puderam ouvir suas palavras.
Eles são sete pessoas.
Vale lembrar seus nomes e as acusações.
Edison Brittes Júnior – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e coação no curso do processo;
Cristiana Brittes – homicídio qualificado por motivo torpe, coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor;
Allana Brittes – coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor;
Veja mais: Emerson é apresentado no Betis e garante estar pronto para jogar
Eduardo da Silva – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
Ygor King – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
David William da Silva – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e denunciação caluniosa;
Evellyn Brisola Perusso – denunciação caluniosa e falso testemunho.
A juíza Luciani Martins de Paula também ouvirá depoimentos da defesa.
E decidirá se os sete acusados irão a júri popular.
Esta é a tendência.
“Todos vão pagar. Eu acho que quem vai decidir isso é a juíza, mas todos que torturaram meu filho têm que pagar. Todos mataram ele aos poucos.
Todos têm que pagar.
O Edison teve a pior participação mas quem matou lá fora, quem chutou, quem agrediu, ele já tava, pelo que eu sei, ele tava sem reação mas, eles continuam torturando ele…
Que que é isso? Isso é o que?
São monstros!", reafirma, indignada, Eliane.
Veja mais: Jhonata Ventura segue com a fisioterapia motora e respiratória
Porém a mãe de Daniel segue com um desejo.
Encarar os assassinos do único filho.
E tentar entender como eles puderam ser tão cruéis...
Relembre fatos sobre o assassinato do jogador Daniel em 20 imagens
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.