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Futebol é elemento unificador para país que sofreu com guerra, diz embaixador brasileiro na Bósnia

País ainda sofre com questões étnicas e agora comemora inédita classificação para Copa

Copa do Mundo 2014|André Avelar, do R7

Sérvios, croatas e muçulmanos comemoraram juntos classificação
Sérvios, croatas e muçulmanos comemoraram juntos classificação Sérvios, croatas e muçulmanos comemoraram juntos classificação (ELVIS BARUKCIC/AFP)

Bastou o árbitro apitar a inédita classificação da Bósnia-Herzegovina para a Copa do Mundo que as divisões étnicas na praça central da capital Sarajevo foram esquecidas. Daquelas histórias que só o futebol é capaz de contar, sérvios, croatas e muçulmanos apagaram as diferenças, se abraçaram em torno da sofrida vitória por 1 a 0 sobre a Lituânia e juntos entoaram cantos celebrando a vaga para o torneio em 2014.

Há quase três anos embaixador do Brasil em Sarajevo, José Augusto Lindgren Alves, acredita que o futebol se tornou um elemento unificador para povos com dificuldades político-partidárias e três nacionalidades que praticamente não se misturam fora do âmbito esportivo. Ele conta ainda que a vibrante festa lembrou, guardadas as proporções de um país de 4 milhões de habitantes, as celebrações no Brasil dado aos inúmeros elementos que faziam referência ao palco da Copa 2014.

— A vitória teve um simbolismo extraordinário porque a seleção teve de ser uma só integrando gente de três nacionalidades. O fato de haver essa vitória deu nova confiança para o país. O país acordou mais otimista. Não só pelo futebol em si, mas pelo símbolo que a vitória representou.

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Com o colapso da Iugoslávia, cresceram tensões entre as diversas nacionalidades da região – o país era constituído pelo que hoje formam Sérvia, Croácia, Montenegro, Eslovênia, Macedônia além da Bósnia-Herzegovina. A Bósnia teve sua independência reconhecida em 1992, mas a guerra durou até o fim de 1995. Foi o conflito mais prolongado e violento desde o fim da II Guerra Mundial. O saldo foi de ao menos 100 mil mortos e 2,2 milhões de refugiados e desalojados.

Dentro de campo, se engana quem pensa que a Bósnia ainda hoje é um país esfacelado e vem ao Brasil só para fazer figuração. Considerados os brasileiros do leste europeu, a equipe joga avançada e conta com o talentoso Miralem Pijanic (Roma) na armação e o goleador Edin Dzeko (Manchester City) para fazer bonito no Brasil. A seleção fez 30 gols e só não marcou mais que a poderosa Alemanha (36).

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Esperança de gols, Dzeko, de origem muçulmana, tem 27 anos e é mais velho que o próprio país, por exemplo. Para o embaixador brasileiro, esta união é o desejo da comunidade internacional e das pessoas que não querem mais saber de guerra e disputas entre as tais das etnias.

— Aqui se você perguntar a nacionalidade, ninguém vai dizer que é bósnio. Vai dizer que é sérvio, croata ou muçulmano. Aqui a questão é essencialmente étnica. Esses três grupos de pessoas não se entendem e não formam algo como no Brasil. Agora, vai todo mundo para a rua.

Filhos da dissolução

A Iugoslávia já foi considerada uma das melhores seleções apesar de ter conquistado apenas dois títulos oficiais: ouro nos Jogos Olímpicos de 1960 e o Mundial Sub-20 de 1987. Em Copas do Mundo, a melhor colocação foi o terceiro lugar em 1930 e o quarto em 1962.

Dos filhos da dissolução da Iugoslávia, a Croácia é a seleção mais bem sucedida até aqui, tendo conquistado o terceiro lugar na Copa 1998. O centroavante Davor Suker terminou como artilheiro isolado daquela competição (seis gols), desbancando nomes como Gabriel Batistuta, Christian Vieri (ambos com cinco) e Ronaldo (quatro). O time este ano ainda disputará a repescagem para vir ao Brasil.

Sérvia e Montenegro (separadas desde 2006) e Eslovênia não conseguiram ir além da primeira fase em suas participações – já como Sérvia, a seleção foi a Copa em 2010, enquanto Montenegro ainda busca sua primeira participação. Outro país autônomo, a Macedônia ainda não experimentou o gostinho de disputar um Mundial. A Bósnia vai para sua primeira Copa.

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