Tóquio, Dia 14 - Garay, Gabi, Rosa, o Vôlei ganha mesmo sem Tandara
Com a atleta inesperadamente excluída da delegação por suspeita de doping, o time de Zé Roberto arrasa a Coréia do Sul por 3 X 0 e vai em busca do Ouro. Como Isaquias na Canoagem. E o Hipismo...
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Faltam apenas 72 horas para se encerrarem os Jogos de Tóquio/2020. Com 16 medalhas no quadro e mais três no bolso, à espera da definição da cor, nesta sexta-feira, 6 de Agosto de 2021, o Dia 14 do evento, afortunadamente o Time do Brasil não desistiu de superar a marca das 19, obtidas no Rio/2016, e de ainda, no mínimo, realizar um sonho de retornar do Japão com mais de 20 na bagagem. Também existia uma expectativa, rala mas viável, de que o País sobrepujasse o número recorde das sete de ouro arrematadas no Rio. O número 20 as meninas do Vôlei já asseguraram. E ainda podem amplificar aos cinco o depósito de ouro. Agora com o seu terceiro título em uma modalidade cada vez mais antológica.

Para tanto, o Time Brasil necessitava de que: A) Isaquias Queiroz, nesta sexta, ultrapassasse a etapa de qualificação dos 1.000m da Canoa de Velocidade e então vencesse a prova decisiva, no sábado. B) Numa das semis do Vôlei das garotas, a equipe de Zé Roberto Guimarães batesse a Coréia do Sul, se promovesse à pugna final e daí batesse ou Sérvia ou Estados Unidos, no domingo. C) Ainda no sábado, a seleção de Futebol sobrepujasse a da Espanha. D) Também no sábado, na categoria Peso Médio (de 69 a 75kg), do Pugilismo, superasse Oleksandr Khyzhniak, da Ucrânia. E) No domingo, na categoria Peso Leve (de 57 a 60kg) das moças, Bia Ferreira vencesse a irlandesa Kellie Anne Harrington. Numa fantasia perfeita, cinco de ouro e nove no total. Espetacular. Ou, digamos, na versão cautelosa, cinco medalhas, e um total de 21, de qualquer modo muito além do super-sonho do COB.

Baiano de Ubaitaba, 27 de idade, duas medalhas de prata e uma de bronze no Rio, o maior colecionador de pódios, pelo Time Brasil, numa única edição dos Jogos, Isaquias executou otimamente a sua parte na missão. Numa turma de 33 inscritos, sossegadamente ganhou a sua série com o tempo de 3’59”894, o melhor de todos os competidores. Passou diretamente às semis enquanto Jacky Goodman, 4’24”732, se obrigava às quartas de final. Com 4’18”208 nas quartas, Jacky se despediu da disputa. O carrasco de Isaquías em 2016, o alemão Sebastian Brender, precisou de um empenho ingente para escapar, 4’07”036.

No seu grupo da fase de classificação, as meninas de Zé Roberto haviam derrotado as sul-coreanas sem qualquer padecimento, 3 X 0, parciais de 25-10, 25-22 e 25-19. E a disparidade numérica, desde então, concedia ao Brasil o favoritismo absoluto no seu segundo duelo. Seis jogos e seis triunfos, nos sets 18 X 4. E a Coréia do Sul com uma outra derrota, para a Sérvia, 0 X 3, a quem o Brasil tinha suplantado por 3 X 1. Um resumo, nos sets, de 12 X 12. Aconteceu, porém, de na véspera do prélio a WADA, a entidade mundial de controle de doping, notificar que a brasileira Tandara Caixeta fôra positivada num exame de 7 de Julho, quando a seleção ainda se preparava na base de Saquarema. Motivo mais provável: a ingestão de um regulador de menstruação que conteria testosterona.

Claro, nada que pudesse, especificamente, melhorar sua performance um mês depois. De todo modo, normas são normas e, protocolarmente, o COI cassou a credencial de Tandara que até já voa de volta ao País. Literalmente, o fato tirou o sono de Zé Roberto, arrancado da sua cama em torno de 2h45’. Obviamente, o treinador precisou de muita frieza para ministrar os exercícios táticos de toda manhã que antecede um cotejo. Com certeza, passou às pupilas a imperiosidade da união e da fé. Pois ele recebeu, de volta, lindo presente, uma impressionante determinação, uma partida inesquecível da sua seleção.

De fato devastador, o Brasil ignorou a Coréia do Sul, 3 X 0, inclusive graças a uma atuação memorável da veterana Fernanda Garay, 35 de idade, a líder de um elenco muito bem renovado. Parciais de 25-16 nos três sets, ela somou 17 dos 75 pontos do elenco. E Rosamaria e Gabi, as duas cortadoras, como Tandara, contribuíram com 10 e 12. Na decisão, no domingo, 8, as garotas enfrentarão os Estados Unidos, a quem derrotaram na final de Londres/2012. E, detalhe precioso e surpreendente: enquanto as pupilas do Zé fulguravam, os ginetes do Hipismo, Rodrigo Pessoa, Pedro Veniss e Marlon Zanotelli, de raspão, classificavam o Brasil para a decisão dos Saltos por Equipe, neste sábado, tudo zerado. Ou, o tesouro do Time Brasil, que já é bonito, talvez fique ainda mais recheado.

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