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‘Futebol americano olímpico’ ganha força no Brasil a quatro anos de Los Angeles-2028

Procura pelo flag football aumentou nos últimos anos, trazendo marcas e patrocinadores a reboque para a modalidade

Jarda por Jarda|Lucas FerreiraOpens in new window


NFL organizou campeonato de flag com crianças do Brasil, em São Paulo Divulgação/NFL Brasil

A NFL, principal liga de futebol americano do mundo, estima ter mais de 35 milhões de fãs no Brasil. O crescimento em terras tupiniquins do esporte é um reflexo também da expansão mundial da modalidade, consolidado com o anúncio do flag football — variação sem contato do futebol americano — como olímpico, que estará presente nos Jogos de Los Angeles-2028.

Apesar do contexto promissor, atletas de flag no Brasil, assim como de outras modalidade do futebol americano, precisam arcar com todos os custos do esporte: equipamento, viagem, alimentação, suplementação, etc. Muitas vezes, até marcar as jardas do campo se torna responsabilidade de jogadores e comissão técnica.

A delegação brasileira que disputou o Mundial de Flag Football na Finlândia em agosto, por exemplo, precisou fazer diferentes tipos de rifas — individuais e coletivas — para competir no torneio. É válido destacar que a seleção feminina chegou ao campeonato defendendo o 4º lugar da edição anterior, mas ainda assim contou com pouco apoio financeiro.

Em entrevista ao Jarda por Jarda, a presidente da CBFA (Confederação Brasileira de Futebol Americano), Cris Kajiwara, admitiu que os atletas ainda são obrigados a fazer mais do que entrar em campo e competir, mas que esta é uma realidade que a confederação busca mudar.


“Hoje em dia a gente acaba tendo essa necessidade dos atletas colocarem a mão na massa para o que esporte aconteça por conta dessa falta de recursos e investimento. A gente sabe que no Brasil é muito difícil para as modalidades, tirando o futebol da bola redonda, que tem um pouco mais de investimento.”

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Com o flag se tornando olímpico, Cris também comentou sobre a aproximação com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), que tem poder de destinar recursos à confederação durante a preparação para 2028.


“A gente quer desenhar um projeto com o COB para focar em qual vai ser o nosso valor de investimento através deles, para facilitar o nosso trabalho [...], para que a gente possa verificar qual serão nossos recursos para investir na seleção e também no desenvolvimento do esporte.”

Nomeada embaixadora, Gabi vira imagem do flag no Brasil

Gabriela Bankhardt em aparição na escolinha Braves Academy Reprodução Instagram/@bravesacademybr

Durante o Mundial de Flag, a atleta da seleção brasileira Gabriela Bankhardt foi anunciada pela Ifaf (sigla em inglês para Federação Internacional de Futebol Americano) e pela NFL como embaixadora mundial de flag football. Praticante da modalidade desde 2017, fora de campo ela também atua como treinadora.


Sendo o rosto da modalidade no país, Gabi confessa estar aprendendo ainda quais são as funções de uma embaixadora. Para o Jarda por Jarda, a atleta afirmou que vai atuar na divulgação do esporte no país.

“Estou aprendendo sobre o cargo tanto quanto vocês já estão sabendo e vendo nessas semanas. É justamente ser um pouco mais esse rosto, que transmite o que é o flag football brasileiro. Não só a modalidade, mas também o que a gente busca, quais são os nossos objetivos.”

Como atleta, Gabi também destacou a dificuldade para a organização de campeonatos e os desafios para conseguir mais investimento para o esporte no Brasil. Apesar destas questões, a atleta acredita que a seleção feminina esteja entre as principais equipes do mundo.

“Acho que o fato de a gente ter tido excelentes partidas contra Japão e Áustria, atuais 3ª e 4ª colocadas no mundial, mostra quão próximo a gente está desses times que estão no topo da prateleira do flag internacional”, comentou Gabi, que ressaltou: “A gente quer estar nas Olimpíadas e faremos de tudo para chegar lá”.

Marcas se aproximam do flag football

Com a expansão do futebol americano, é natural que marcas decidam se aproximar do esporte. A Oakley, fornecedora oficial de visores para capacetes da NFL, agora planeja expandir o mercado na modalidade com a adição de artigos próprios para o flag.

Em um evento em São Paulo, o diretor global de NFL e futebol americano da Oakley, Felipe Formiga, compartilhou um pouco das ambições da companhia dentro do cenário esportivo. Segundo o empresário, a marca busca entender as necessidades dos praticantes da modalidade para poder contribuir na expansão do flag football.

“A gente vem estabelecendo parcerias locais para aprender a contar essa história do esporte, engajar de uma maneira que some para a comunidade daquele esporte no país. Estamos hoje presentes em países diferentes falando de futebol americano.”

Brasileiro, Formiga também falou da parceira da marca norte-americana com a CBFA. De acordo com o empresário, o objetivo da Oakley é tentar entender como pode apoiar a Confederação e os atletas, que ao longo dos anos se basearam no voluntariado.

“O nosso principal objetivo com a CBFA é dar suporte para os atletas dentro e fora de campo. É entender como que a gente pode ajudá-los a performar melhor com os produtos e tomar vantagem da nossa presença de marca no mercado.”

Braves Academy enviou time sub-14 para torneio de flag da NFL no Brasil Reprodução Instagram/@bravesacademy

Brasil já conta com categorias de base

O flag football foi usado, por muito tempo, como uma forma de ensinar técnicas de futebol americano para crianças nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, por outro lado, acabou sendo praticado, na maioria das vezes, por adultos devido ao baixo custo dos equipamentos para o esporte.

Atualmente, entretanto, já existem as famosas escolinhas para o flag football, como a Braves Academy, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Fundada em 2015, a academia surgiu a partir da vontade de ensinar o futebol americano para os filhos de atletas adultos do esporte.

O time dos marmanjos já não tem mais ligação com a Braves Academy, que continua seu projeto com crianças a partir dos 7 anos. No último mês de fevereiro, inclusive, a escolinha enviou um time para disputar o Pro Bowl Games, em Orlando, nos Estados Unidos, como parte da semana do jogo das estrelas da NFL.

“Eles foram para a Braves Academy por intermediário de alguém que já conhecia futebol americano. Um amiguinho foi levando o outro naquela curiosidade de conhecer uma bola diferente. Eles foram brincando e foram pegando gosto pelo esporte. Diferentemente dos Estados Unidos, eles não tinham conhecimento de futebol americano — algo muito breve, como filme e algumas coisas — e eles foram se interessando na prática mesmo”, conta o artista plástico Rodney Andrade, um dos fundadores do projeto.

Também gestor da Braves Academy, Paulo Lisboa é enfático ao afirmar que o flag football, no futuro, será praticado nas aulas de educação física como esportes mais tradicionais no cenário nacional, como vôlei e basquete.

“A gente vê um aumento de interesse de crianças e até de escolas que estão começando a incluir a modalidade flag como um novo esporte, além do vôlei e basquete. Vai virar rotineiro, um hábito, jogar flag também.”

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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