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Estrutura profissional: como o esporte universitário faz tanto dinheiro nos EUA?

Programas atléticos chegam a ter receita maior que R$ 1,7 bilhão por temporada, capitaneados pelo futebol americano

Jarda por Jarda|Lucas FerreiraOpens in new window

Equipe de futebol americano de Alabama é uma das mais tradicionais dos EUA Reprodução Site/Rolltide/Crimson Tide Photos/UA Athletics

Neste fim de semana começaram os playoffs do futebol americano universitário. Equipes de diferentes regiões dos Estados Unidos arrastaram multidões para os estádios, em busca da chance de lutar pelo título de melhor time da nação.

Obviamente, o cenário do esporte universitário norte-americano é bem diferente da realidade brasileira, no qual as equipes sequer têm equipamentos para treinar ou condições de viajar. A pergunta que fica é: como as universidades dos EUA tornam os programas esportivos tão lucrativos?

Bom, aqui temos um conjunto de fatores. O primeiro ponto que deve ser destacado é a venda de ingressos para as partidas. A equipe de futebol americano de Ohio State Buckeyes, que enfrentou Tennessee Volunteers no último sábado (21), possui um estádio para mais de 100 mil pessoas, com entradas sendo vendidas para o jogo a mais de R$ 3.000.

Segundo o site Yahoo! Finance, o futebol americano é o trem pagador dos esportes universitários para a grande maioria das instituições, mas o cenário de fartura também se repete em outras modalidades, como o basquete. Em abril deste ano, 74 mil pessoas lotaram o estádio do Arizona Cardinals, da NFL, para ver a vitória da Universidade de Connecticut sobre Purdue, em uma quadra de basquete montada no centro do gramado.


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Tamanho fanatismo de alunos e ex-alunos gera interesse dos canais de TV, que negociam contratos multimilionários para exibir as partidas para os Estados Unidos e até para o restante do mundo. As emissoras costumam fechar contratos com as conferências, estas que negociam os valores a serem repassados às universidades pelos jogos transmitidos.

Como cada ação gera uma reação, tamanha visibilidade faz com que marcas queiram se associar a estas universidades. Além das companhias esportivas, programas atléticos recebem valores de empresas para estampar placas publicitárias ao redor de quadras e campos, além de espaços em estádios e centros de treinamento.


E assim como no esporte profissional, os fãs querem ter itens ligados às universidades que apoiam, como camisas, bonés e outras peças que estampem o logo da equipe que eles torcem. É um sistema que se retroalimenta.

Um fator que diferencia o esporte universitário da realidade profissional que estamos acostumados são as doações. É comum que ex-alunos, normalmente executivos bem sucedidos e CEOs de grandes empresas, enviem grandes quantias para as escolas nas quais estudaram. Com esses valores, é possível financiar a bolsa escolar de grandes promessas, reformar ginásios e estádios, além do pagamento de técnicos e de todo o estafe.


De acordo com a Sports Illustrated, a universidade com a maior receita em 2023 foi a já citada neste texto Ohio State, com US$ 279,5 milhões (mais de R$ 1,7 bilhão), seguida de perto por Texas A&M e Texas, ambas com mais de US$ 270 milhões de faturamento.

Apesar dos gigantescos lucros no entorno do esporte universitário, até 2021 os atletas-estudantes não podiam fazer comerciais ou receber pelos seus direitos de imagem. Qualquer tipo de infração, mesmo que fosse um autógrafo em troca de US$ 100, era passível de punição por parte da NCAA, órgão que regula o esporte universitário no país.

Com as novas regras de NIL (sigla em inglês para, Nome, Imagem e Semelhança), o quarterback de Colorado Buffaloes Shedeur Sanders, por exemplo, pode assinar contratos de patrocínio avaliados em mais de US$ 6 milhões (cerca de R$ 36 milhões). Ou seja, mesmo antes de se formar e sair da universidade, o atleta já se tornou um milionário.

Essa capacidade de arrecadação de receita com o NIL permite que atletas-estudantes permaneçam mais tempo no esporte universitário, ao invés de sair do ensino médio diretamente para as ligas profissionais, como foi o caso de LeBron James, em 2003.


Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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