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De líder de torcida a chefona do Patriots no Brasil: conheça Lara Magalhães

Mineira de nascença e patriota de coração, gestora comanda expansão da equipe mais vitoriosa da NFL em terras brasileiras

Jarda por Jarda|Lucas FerreiraOpens in new window

Lara Magalhães aposentou os ponpons e assumiu a gestão dos Patrios no Brasil Reprodução Instagram/@laramagalhaes

Muitos brasileiros sonham em imigrar para os Estados Unidos em busca de condições de vida melhores. Lá na terra do Tio Sam, o Brasil construiu um “puxadinho” no estado de Massachusetts, onde mais de 100 mil pessoas resolveram chamar casa de home, segundo o Instituto Diáspora Brasil.

A maior comunidade brasileira nos EUA foi o lar de Lara Magalhães, mineira que ainda jovem se mudou junto dos pais para Massachusetts. O que Lara não sabia, mas rapidamente descobriria, é o amor daquele povo por uma das instituições mais tradicionais do estado: o New England Patriots.

No ensino médio, Lara se tornou cheerleader, que por aqui chamamos de líder de torcida. Foi com uma professora — fanática pelos Patriots — que ela deu os primeiros passos no esporte, que anos mais tarde alçariam a brasileira a gerente de negócios da franquia no Brasil, além de presidente da CBDC (Confederação Brasileira de Cheerleader Desportivo).

Em entrevista ao Jarda por Jarda durante o NFL in Brasa, Lara falou sobre a vida como líder de torcida em Massachusetts, o trabalho de gestão dos Patriots no Brasil e revelou se a franquia de New England pode jogar em breve no país.


Leia abaixo a entrevista com Lara Magalhães:

Lara Magalhães cresceu em Massachusets, estado sede do New England Patriots Reprodução Instagram/@laramagalhaes

Jarda por Jarda — Precisamos começar essa entrevista com o cheerleadering. Como você começou a ser líder de torcida e de onde veio o amor pelos Patriots?

Lara Magalhães — Com 15 anos de idade, comecei no cheerleadering na escola onde eu estudava no ensino médio, nos Estados Unidos. Tinha uma técnica que é torcedora fanática dos Patriots. Naquela época, não falava inglês, não conhecia o cheerleadering, não sabia nada, mas ela foi me ensinando tudo. Meus pais trabalhavam muito, ficava muito com ela.


Ia para escola de manhã, tinha treino à tarde e voltava para casa com ela à noite. Aos finais de semana, tinha jogo e aí a gente ia assistir os jogos juntas. Eu cresci com essa influência de Patriots.

Formei, casei, tive a minha filha, parei um tempo com o cheerleadering e voltei para o Brasil. Aqui, fundei a primeira associação registrada, que era a Associação Mineira de Cheerleadering Eagles. A gente fazia sideline (termo para lateral do campo no futebol americano) para a equipe Jet Eagles. Apresentei o projeto para o Cruzeiro e aí a gente desenvolveu o trabalho durante dois anos com o Cruzeiro Esporte Clube, em que a gente se apresentava em todos os jogos do Cruzeiro: futebol, futebol americano e vôlei.


Sempre fui muito curiosa, mandei um e-mail para o Patriots perguntando: “Olha, o que a gente pode aprender, como que a gente pode trazer, fazer um benchmarking com vocês e trazer essas alterações, mudanças, novidades para o Cruzeiro?”. E aí eu recebi o e-mail de volta sendo convidada para fazer a seletiva em New England, em 2019.

Fui para os Estados Unidos, fiz seletiva, mas no primeiro ano não passei. No segundo ano, veio pandemia. Aí no terceiro ano foi quando eu consegui entrar para os Patriots. Como eu já tinha 31 anos, fiquei um ano. Meu sonho era me aposentar como patriot e foi o que aconteceu.

Jarda — O que faz um líder de torcida da NFL?

Lara — Os cheers dos Patriots têm uma conexão muito forte com a comunidade, é uma equipe muito diversa de meninos e meninas. Além de fazer sideline, além de dançar nos jogos, a gente estava muito na parte comunitária. Em qualquer ação, estávamos lá. Quando eu era parte do time, cheguei a, inclusive, fazer uma viagem para o Brasil representando os Patriots. Foi quando visitei vários lugares. Fizemos uma visita na Arena Corinthians, onde o jogo de São Paulo aconteceu.

Então é muito presente essa questão dos cheerleaders na comunidade, dançando na sideline, representando o time também, sendo embaixadores da marca. São várias coisas que os cheerleaders são utilizados dentro nos Patriots.

Lara Magalhães é presença constante nas ativações dos Patriots no Brasil Rafael Costa/Portre Imagens/New England Patriots

Jarda — Como você saiu da sideline, das laterais do Gillette Stadium, para ser gestora de negócios da franquia no Brasil?

Lara — [Quando voltei,] continuei dando sequência na associação, a associação virou Confederação Brasileira e a gente foi trabalhar com a questão da seleção brasileira de cheerleadering, campeonato mundial e por aí vai. Conquistamos as primeiras medalhas mundiais da história do Brasil dentro da nossa entidade internacional, que é a International Cheer Union.

Foi muito importante para o desenvolvimento da modalidade, porque o cheerleadering é uma modalidade que tem várias disciplinas. Então a gente tem cheerleadering sideline, que é o que a gente vê nos jogos, mas a gente tem também o cheerleadering competitivo. A seleção brasileira, por exemplo, não é uma seleção que faz sideline para outra equipe. A seleção compete contra outros países, apenas a parte do cheerleadering competitivo.

Nisso, continuei os meus estudos, sou pós-graduada em gestão esportiva, gestão de negócios e agora mestranda, esse ano termino meu mestrado em estudos olímpicos. E nesse meio tempo, quando fiquei sabendo do jogo de São Paulo, mandei e-mail para os Patriots perguntando se existia alguma forma que poderia contribuir mesmo, colaborar, ajudar. Foram quatro reuniões em que eu estava passando por uma entrevista de trabalho e nem sabia, eles esconderam muito bem isso de mim.

Na última reunião eles falaram: “Olha, a gente quer saber como você quer trabalhar com a gente, a gente tem uma proposta de trabalho para você e é para você gerenciar a nossa expansão no Brasil”. Aí literalmente, assim, quase caí da cadeira. Não sabia se ria, se chorava ou o que aconteceria. Saí de lá já sabendo que voltaria para o Brasil para gerenciar a nossa expansão aqui.

Jarda — Lara, em termos práticos, o que faz uma gerente de negócios? Quais são suas atribuições com os Patriots no Brasil?

Lara — Hoje, gerencio o Brasil inteiro. Nós temos várias pessoas que trabalham dentro da nossa equipe. Então, a gente tem a parte de conteúdo, a parte de marketing, a parte comercial, a parte de ativações, cheerleaders, mascote... Todas essas áreas ficam dentro da minha pasta. Gerenciar tudo isso, organizar tudo isso, conversar com parceiros, com patrocinadores.

É muito bacana ver como a NFL traz esse direito dentro do programa de MP, que é o Global Markets Program, em que a gente pode literalmente fazer tudo que a gente faz nos Estados Unidos, na nossa região, só que no Brasil. Estou bem animada e esperançosa para a gente anunciar os nossos primeiros patrocinadores brasileiros. Acho que isso realmente traz essa integração da nossa cultura, da nossa marca, do entendimento do brasileiro que esporte é negócio. Acho que isso é muito bacana, é muito legal. Uma visão de fora e que a gente já vê dando vários passos importantes nessa caminhada aqui no Brasil.

E os Patriots, de novo, sempre pensando, sempre inovando, sempre querendo começar, ser o primeiro a fazer as coisas, é o único time da liga que tem o departamento internacional, que tem além de Brasil, os mercados austríaco, alemão, e suíço, que é uma região só.

E nos nossos mercados, nós temos pessoas que estão gerenciando a nossa expansão local. É muito difícil você encontrar pessoas que vão ocupar esse cargo porque ela tem que falar português e inglês, no caso do Brasil, no caso da Alemanha, alemão e inglês. Tem que entender sobre Patriots, tem que entender sobre a liga, tem que entender sobre o país, tem que entender sobre essa questão de intercâmbio.

São vários aspectos que a gente acaba trazendo para cada uma das áreas que a gente lidera.

Em 2024, New England Patriots desenvolveu ativações em três das cinco regiões do Brasil Abimael Henrique

Jarda — Os Patriots, além dos Dolphins, têm o direito de explorar o mercado brasileiro. O que a franquia de New England pretende fazer com esse direito pelos próximos anos? Quais são as ideias de vocês para o Brasil?

Lara — O Brasil é a nossa casa, isso é muito claro para toda a organização. Nós temos um podcast semanal em português, em que a gente traz tudo que está acontecendo no Gillette Stadium, contratações, etc. É uma forma que a gente tem de conectar com o nosso torcedor e com o fã de NFL também. Porque no Brasil a gente sabe que existem vários torcedores e amantes da liga, mas que não entendem como funciona, não entendem a essência de cada time.

A história do New England Patriots é uma história que foi um dos times fundadores da liga, de uma das conferências. Foi onde os Estados Unidos começaram como um todo, né? Então assim, por que Patriots? Exatamente pela região que a gente atua, em Massachusetts. Então tudo começou ali nas 13 colônias, tudo isso é muito pensado para que o nosso torcedor hoje tenha acesso a essas informações de uma forma que seja muito fácil de entender e consiga se conectar.

Quando você olha para história dos Estados Unidos, a chegada das pessoas e tudo, isso tem uma conexão muito, muito, muito grande [para os Patriots]. E a gente traz isso para o nosso time, para o futebol americano. A gente sempre pensa em como a gente pode chegar no nosso torcedor. Como assim chegar no nosso torcedor? É a conexão com os Patriots. O senso de comunidade é muito forte dentro da nossa franquia, dentro do nosso DNA. Então, quando a gente fala “a gente quer estar no Brasil”, a gente já sabe que não vai ser apenas Rio e São Paulo.

Exatamente por esse motivo que no ano passado, o primeiro ano que a gente teve os direitos, nós já atingimos três das cinco regiões do Brasil. Nós tivemos ativações em Belo Horizonte, em São Paulo, em Brasília, em Salvador. Isso já demonstra muito do que a gente quer que aconteça com o nosso torcedor, estar ali próximo.

Nós tivemos duas watch parties (reunião de torcedores para assistir jogos) e as pessoas vieram de todos os lugares do Brasil. Elas falaram assim: “Cara, eu jamais imaginei que veria Pat Patriot — mascote da equipe — dançando capoeira em Salvador”.

É integração com a nossa cultura brasileira, entendendo, respeitando, mas também trazendo a realidade que é New England Patriots para quem ainda não conhece, porque a partir do momento que você conhece, aí já era, é paixão e não tem como controlar.

Jarda — Os Patriots têm a maior torcida do Brasil, a NFL se expandiu justamente na época que a franquia foi várias vezes ao Super Bowl. Então aqui vai o que todo torcedor quer saber: quando veremos os Patriots por aqui?

Lara — A NFL é muito bacana na formatação da liga. Não só a NFL, mas a NBA também, que são os proprietários. Eles sentam, eles discutem, é um negócio também. E têm coisas que dependem dos Patriots, têm coisas que não dependem dos Patriots, têm coisas que são acertadas entre todos os donos de todas as franquias.

Se a gente pudesse jogar no Brasil, pode ter certeza que a gente ia jogar pelo menos duas vezes aqui. E olha, com o tamanho da nossa torcida aqui não ia ter ingresso para todo mundo. Aposto nisso.

Infelizmente, ou felizmente também, isso é algo que realmente não me compete e a gente aguarda a decisão da liga para que a gente saiba quando a gente vai jogar no Brasil. Agora, a gente vai jogar no Brasil, e espero muito que isso aconteça o mais breve possível.

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Jarda — Lara, fique à vontade para mandar um recado para os fãs dos Patriots e da NFL no Brasil.

Lara — Muito obrigado pelo espaço. Gostaria muito de falar, primeiramente para os fãs dos Patriots, é que eles são os melhores fãs que qualquer franquia poderia ter. Realmente, assim, a gente vê o carinho, o amor, a dedicação e eles sempre estão em tudo que a gente faz, qualquer coisinha que a gente fala, eles sempre estão muito engajados. As nossas redes sociais tiveram um crescimento enorme. Por quê? Porque o nosso torcedor é muito engajado. E a gente quer melhorar cada vez mais. Então, é por eles que a gente faz tudo que a gente faz, a gente vai continuar fazendo e melhorando cada vez mais.

E para o torcedor da NFL, que ainda não tem nenhum time, eu diria para começar a acompanhar todas as redes sociais dos Patriots, porque assim como a maioria dos outros torcedores, você também vai se apaixonar pelos Patriots, e não vai ter como não torcer para o nosso time.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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