Confiável e indispensável: veja a evolução e como funciona o VAR da NFL
Sistema de replay da arbitragem começou a ser testado na liga em 1978 e pode rever lances de troca de posse e até pontuações
Uma das grandes discussões no futebol atualmente é o uso do árbitro de vídeo, que ficou popularmente conhecido pela sigla VAR. Apresentado ao mundo da bola redonda no Mundial de Clubes da Fifa, em 2016, esta tecnologia já orbita o imaginário do fã de futebol americano há, pelo menos, 45 anos.
Em 1978, a NFL testou um ensaio de árbitro de vídeo em sete jogos da pré-temporada daquele ano. À época, o entendimento foi que a ideia era boa, mas não havia tecnologia suficiente para que um sistema desse tipo fosse introduzido em partidas da temporada regular.
No fim da década de 1980, uma nova tentativa de introdução de um sistema de vídeo foi feita na NFL. Desta vez, a novidade foi implementada em partidas “à vera", mas não sobreviveu por muito tempo ao entrar em descredito por fãs e dirigentes.
Um dos episódios que contribuíram para a queda do árbitro de vídeo naquela época aconteceu na partida entre Oakland Raiders e Kansas City Chiefs. Após um touchdown dos Raiders, o oficial responsável por rever a jogada em uma cabine do estádio anulou a recepção que levou ao TD. Decisão acertada.
Ao se comunicar com o árbitro de campo sobre a marcação via rádio, o oficial disse: “Passe incompleto”. Os ruídos dos aparelhos, entretanto, fizeram o árbitro de campo entender “passe completo”. Naquele dia, os Raiders venceram os Chiefs justamente pela diferença de um touchdown.
Obviamente que este erro foi utilizado pela NFL como aprendizado. Atualmente, os árbitros usam outros termos para comunicar o sucesso ou não da revisão de vídeo, fala essa que pode ser ouvida nos altos falantes do estádio e na transmissão da televisão.
Se uma decisão de campo for desafiada, mas as evidências de vídeo corroborarem com a escolha anterior da arbitragem, o árbitro principal diz para todos que a chamada foi confirmada. Caso a decisão seja mudada, o árbitro anuncia a reversão do resultado da jogada anterior. E, em última hipótese, se após análise de vídeo não houver uma decisão, o árbitro vai anunciar que a decisão de campo será mantida.
Assim como no futebol, nem tudo pode ser revisto pelo VAR na NFL. Por exemplo, os técnicos, que têm dois desafios por partida, não podem interromper o jogo e pedirem para os árbitros a marcação de uma falta como um holding. São passíveis de desafio as seguintes situações: passes completos/incompletos, posicionamento da bola, se um atleta foi considerado derrubado ou não, número de jogadores em campo, entre outras.
Veja também
Caso o técnico acerte dois desafios na partida, ele tem direito a um terceiro. Se desafiar uma jogada e a arbitragem não mudar a marcação, o time é punido com a perda de um tempo técnico.
Recentemente, foi implantado pela NFL que qualquer mudança de posse de bola ou pontuação deve ser revista por oficiais no escritório da liga, em Nova York. Ou seja, se um time faz touchdown ou sofre um fumble, o técnico não precisa pedir a revisão, já que a jogada será obrigatoriamente analisada pelos oficiais.
Também foi acertado com os donos das 32 franquias que a decisão final sobre um lance desafiado fica a cargo da equipe de oficiais em Nova York, e não para os árbitros em campo. Desta forma, o árbitro principal da partida assiste o lance em questão, ouve a discussão dos oficiais no escritório da NFL, mas não participa da decisão de reversão ou manutenção daquela jogada.
Levar a decisão para fora do estádio faz com que a pressão da torcida não afete o árbitro, assim como o isenta de qualquer responsabilidade ao longo do restante do jogo, sendo impossível falar que outras marcações em campo foram influenciadas por alguma revisão.
Obviamente, algumas revisões ainda assim são questionadas por fãs e franquias, mas nem de perto há uma discussão sobre a eficácia do VAR na NFL como há no futebol. É bem verdade que um sistema de quase 50 anos não deve ser comparado aos menos de dez anos de erros e acertos na bola redonda, mas há muito no que se espelhar no futebol americano, especialmente na clareza de transmissão ao público sobre as decisões tomadas pelos oficiais.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.