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Clubes brasileiros deveriam se espelhar em compromisso social de franquias da NFL

Denver Broncos anunciou a compra de 15 mil capacetes para as 277 escolas com programas de futebol americano no estado

Jarda por Jarda|Lucas FerreiraOpens in new window

Denver Broncos vai doar mais de 15 mil capacetes para escolas do Colorado Reprodução Site/Denver Broncos/Gabriel Chirstus

No final da década de 1950, o escritor e jornalista Nelson Rodrigues popularizou a expressão “complexo de vira-lata”. Segundo o pernambucano, esse sentimento permeava o brasileiro em uma espécie de narcismo às avessas, ou seja, sempre acreditamos que aquilo que vem do estrangeiro tem uma importância maior e é melhor do que tudo criado aqui.

Um dos elementos que constantemente é alvo desse complexo de vira-lata é o esporte. Mudamos nosso jeito de torcer, transformamos nossos estádios em uma espécie de teatro, abandonamos a entrada separada dos times em campo para adotar um modelo europeu padrão Champions League. E por aí vai.

Exemplos de europeização ou americanização dos esportes brasileiro e sul-americano temos aos montes, mas sinto que não adotamos os bons exemplos, aqueles que de fato podem ter impactos positivos e não mudariam nossa cultura esportiva.

No final do último mês, o Denver Broncos anunciou, em parceria com a Associação de Atividades de Ensino Médio do Colorado e a marca de equipamentos esportivos Riddell, a compra de cerca de 15 mil capacetes para as 277 escolas do estado do Colorado que possuem um programa de futebol americano no currículo.


Os capacetes do modelo Riddell Axiom Smart, com preço sugerido de US$ 750 cada (mais de R$ 4.300), contam com cinco sensores que detectam impactos que podem ser perigosos aos atletas. Segundo a CBS News, a tecnologia reporta instantaneamente aos treinadores o nome do jogador que pode ter sofrido alguma lesão na cabeça.

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Em nota, os Broncos informaram que esta ação filantrópica é o maior investimento social já feito pela franquia. Apesar de não ter citado o valor da ação, estima-se que a franquia do estado do Colorado tenha desembolsado cerca de US$ 11 milhões (aproximadamente R$ 65 milhões) nos capacetes que serão entregues ao longo dos próximos quatro anos.


Voltando ao Brasil — e para não ser injusto com as equipes brasileiras —, nenhum time do país tem a receita dos Broncos, que em 2023 arrecadou US$ 608 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões). No entanto, não é sobre o dinheiro. As franquias da NFL buscam um contato muito maior com as comunidades onde estão inseridas do que os clubes por aqui.

São inúmeras as ações das equipes ao longo do ano, envolvendo os principais jogadores em eventos com jovens e necessitados das cidades onde estão instaladas. Os times também fazem questão de divulgar estas atividades, em uma tentativa de se aproximar das pessoas e estimular as boas ações.


Ao invés de copiar os aspectos que envolvem a cultura do jogo, por que não copiar os aspectos sociais? Por que não tentar devolver para o povo em obras parte do amor entregue nas ruas e nas arquibancadas?

Falamos na profissionalização da administração dos clubes, mas não podemos esquecer que estas instituições, em sua maioria, não têm fins lucrativos e devem ter sua função social. Corinthians, Flamengo e outros grandes clubes brasileiros são conhecidos pela importância esportiva dentro de campos e quadras, mas devem buscar relevância fora deste âmbito também.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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