Atropelo dos Eagles encerra discussão de quem é o melhor da história (por enquanto)

O Kansas City Chiefs entraram em campo, no último domingo (9), com a esperança de alcançar a terceira vitória seguida no Super Bowl — feito nunca atingido na história de quase 60 anos da final da NFL. O massacre do Philadelphia Eagles, porém, acabou com o sonho dos Chiefs e fez adormecer a discussão se o quarterback Patrick Mahomes pode ser o próximo melhor da história.

O título de Goat (sigla para O Melhor de Todos os Tempos, em tradução livre) do futebol americano, atualmente, é do também quarterback Tom Brady. O jogador, que defendeu o New England Patriots e o Tampa Bay Buccaneers em 23 anos na NFL, conquistou sete Super Bowls, foi eleito três vezes MVP (sigla para Jogador Mais Valioso, em tradução livre), da liga e detém os recordes de mais jardas passadas (89.214), touchdowns lançados (649) e jogos como titular (333).

Obviamente, Mahomes não tem como competir em números com Brady. O quarterback dos Chiefs foi selecionado no Draft de 2017, enquanto o ídolo dos Pats e Bucs saiu da universidade em 2000. Ainda assim, podemos botar em perspectiva alguns pontos.

O primeiro e mais importante para mim nesta discussão é entender quem era Brady após oito anos na liga, assim como é Mahomes hoje. Em 2008, o então quarterback dos Patriots tinha ido ao Super Bowl em quatro oportunidades e vencido três vezes, com sua única derrota diante do New York Giants de Eli Manning.

Mahomes, por sua vez, já chegou à final da NFL cinco vezes, perdendo para o Tampa Bay Buccaneers de Brady no Super Bowl da temporada 2020/21, além dos Eagles de Jalen Hurts, no último domingo. Ou seja, o quarterback dos Chiefs já chegou mais vezes na disputa de título que Brady nos oito primeiros anos.

Porém, o que faz o Goat ser conhecido como Goat não é o início da carreira, mas sim a longevidade. Para quem começou a acompanhar a NFL agora, até meados da década passada, havia a discussão de quem seria o melhor jogador da história do futebol americano. Nomes como Dan Marino, Joe Montana e até Peyton Manning, contemporâneo de Brady, eram citados.

Entretanto, os quatro títulos em sete temporadas entre 2014 e 2020 — com Brady sendo protagonista — destacaram o tamanho do talento do quarterback, que diante do tempo, parecia não sentir os anos e a proximidade dos “entas”. Envelheceu bem como um bom vinho, diriam os especialistas (perguntar ao Contra Rótulo ou Adega do Déco).

No total, Brady foi a dez finais, vencendo sete delas. O segundo QB com mais aparições no Super Bowl é justamente Mahomes, com cinco, das quais venceu três.

O grande ponto é: existem quarterbacks que vão brilhar no início de suas carreiras e vencer títulos, como Ben Roethlisberger, existem aqueles que vão sofrer nos primeiros anos, mas serão lembrados pela parte final da jornada, como John Elway, e existe Tom Brady, campeão do ano 2 ao ano 21.

Se Mahomes quiser ser o Goat, é preciso permanecer por décadas em alto nível. Não basta ter uma história parecida com a de Roethlisberger ou Elway, é preciso ser melhor que Brady. Embora ainda tenha muito tempo para buscar este prestígio, a derrota do último domingo faz essa discussão adormecer (por enquanto).