São Paulo, Brasil
Vítor Pereira tem uma dura questão.
E perigosa para o elenco.
Roger Guedes ou Willian pela ponta esquerda do Corinthians?
Os dois têm motivo de sobra para reivindicar a posição.
O português até que tentou disfarçar neste início de trabalho no Parque São Jorge.
Mas está claro que, se dependesse dele, na formação de elenco, contrataria um ou outro.
Os dois são caríssimos e têm potencial para serem titulares absolutos do Corinthians.
Roger Guedes é muito mais espalhafatoso.
Detesta atuar improvisado, principalmente como centroavante, pelo meio, de costas para o gol. Ou pela direita. Seu rendimento cresce, como aconteceu ontem, diante do Avaí, ao atuar pela esquerda, driblando pelo meio e batendo ao gol com seu pé direito.
Depois de passar por Palmeiras, Atlético Mineiro e três anos no Shandong Taishan, da China, ele voltou ao futebol brasileiro para tentar fazer do Corinthians seu trampolim. E realizar dois dos seus sonhos: jogar na Europa e na Seleção.
Mas ele tem certeza que isso só poderá acontecer se jogar onde mais rende.
Entre salário e luva, Roger Guedes recebe cerca de R$ 1 milhão.
É dinheiro para ser titular absoluto.
Foi contratado por escolha do presidente Duilio Monteiro Alves.
Sem a concordância de treinador algum.
O mesmo serve para Willian.
O jogador foi 'assediado' pelo Corinthians nos últimos dois anos. E acertou sua volta, mesmo ainda com potencial para atuar, pelo menos, mais uma temporada em um clube médio europeu.
Mas acabou acreditando no projeto da montagem de um grande time para 2022.
Willian sempre soube que rende muito mais atuando pela ponta esquerda. E que se prejudicou na Seleção Brasileira, inclusive na Copa do Mundo da Rússia, por atuar na direita, para que Neymar ocupasse o espaço que mais gosta.
Contratado a peso de ouro, R$ 1,3 milhão, ele voltou para disputar pelo menos duas temporadas e, já resolvido financeiramente, encerrar sua carreira, se quiser.
Ele jamais imaginou que teria concorrência forte, um jogador de alto nível, exatamente no lugar que deseja jogar.
Vítor Pereira sabe o que Willian representou no futebol europeu, seu potencial atual, sua vivência e, principalmente, a ótima fase que atravessa.
E tentou fixar Roger Guedes como atacante de referência, pelo meio. Para que os dois atuassem juntos.
Com personalidade forte e irritadiço, o ex-jogador do Palmeiras não rendeu. E não escondia o nervosismo. Ficou sete partidas sem marcar. Ele sabia que a 'culpa' era por não estar atuando como gostaria.
A prova foi ontem, enquanto Willian foi poupado, o atacante fez o que quis pela esquerda. A confiança era tanta que marcou os três gols da vitória. E criou outras chances para ele e os companheiros. A partir dos 15 minutos do segundo tempo, quando Willian entrou, Roger teve de ceder o lado esquerdo. E foi para o meio, onde estava atuando Junior Moraes. Seu futebol caiu, até ser substituído, 21 minutos depois.
"Acho que mostrei onde quero jogar. É uma conversa sadia que tenho com ele (Vítor Pereira), é onde me sinto à vontade, sei fazer o 'facão', e o grupo me conhece bastante nessa posição", resumiu, direto, Roger Guedes. Por 'facão' entenda-se a diagonal da esquerda para o meio da área, pronto para bater ao gol com o pé direito.
Vítor Pereira sabe que a situação não é simples.
"Eu tenho que dar razão a ele (Roger Guedes), jogando pela esquerda vai para dentro com o pé direito.
"Mas também temos o Willian, que também gosta de jogar assim.
"Vamos ter que ir fazendo essa gestão."
Roger respeita Willian, mas deixa claro que quer atuar como gosta.
Mais do que isso, só terá alto rendimento e cumprirá seu plano de ir para a Europa e sonhar com a Seleção se render em campo. Para isso, precisa jogar onde sabe.
Willian, muito mais discreto, não quer entrar em choque.
Deixa para o treinador português decidir como compor o time com a dupla.
Não é uma situação fácil.
O puro revezamento, de um caindo pela direita, não funciona. Já que Mantuan está fazendo ótimo trabalho pelo setor, ajudando muito também na marcação, para que Renato Augusto tenha privilégio tático, não precise marcar forte.
Vítor Pereira tem essa questão fundamental para resolver.
Está mais do que evidente.
Se fosse um treinador a participar das contratações, o Corinthians teria um ou outro.
Os dois têm potencial e planejamento para serem titulares.
Esse não é um 'problema' bom como se popularizou dizer, quando um técnico tem dois grandes jogadores para a mesma posição.
Mesmo revezando os atleta, deixando um deles na reserva, chegarão as partidas fundamentais. Decisivas. Provavelmente os mata-matas na Libe
rtadores, na Copa do Brasil, confrontos que valerão as primeiras posições no Brasileiro. E aí?
Só Vítor Perereita terá a resposta.
Esse é o reflexo de uma equipe montada por dirigentes...
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