Weverton cala os que repetem: não é goleiro que defenda pênaltis. Palmeiras deve a liderança à defesa espetacular, aos 48 do segundo tempo
Abel fez seu time se encolher, depois de abrir 2 a 0 contra o Fortaleza, no Castelão. Deyverson descontou. E, aos 48 minutos do segundo tempo, pênalti para o time nordestino. Lucero bateu forte, no canto esquerdo, Weverton voou e defendeu. Liderança graças a ele
Cosme Rímoli|Do R7

Os números de Weverton estão decorados.
E repetidos todas as vezes que há um pênalti contra o Palmeiras.
Embora seja o goleiro com mais títulos na história do Palestra Itália, ele carrega, injustamente, uma sina.
Em dez decisões ou jogos eliminatórios decididos por pênalti, o time de Abel Ferreira perdeu oito.
Só venceu a partida final do Paulista de 2000, contra o Corinthians.
E as quartas da Libertadores de 2022, diante do Atlético Mineiro.
Evidente que seus companheiros desperdiçaram cobranças, para o Palmeiras cair oito vezes.
Mas a marca ficou, feito tatuagem, em Weverton.
A injustiça voltou a se tornar evidente hoje, no Ceará.
O VAR denunciou toque de Naves, na disputa com Deyverson.
Pênalti.
2 a 1 para o Palmeiras.
Mais de 28 mil torcedores ficaram em suspense, no Castelão.
O vivido argentino Lucero, 33 anos, foi para a cobrança.
Weverton fez algo que foge à sua personalidade.
Deixou de ser ‘bonzinho’.
Nada de silêncio, olhar para baixo, apenas se concentrar, na defesa.
Ele ficou provocando o atacante.
Gritando que defenderia a cobrança.
Quis e conseguiu abalar o psicológico do argentino.
Atrapalhou sua concentração.
Weverton também tinha estudado as cobranças de Lucero.
Ele estuda ‘a fundo’ os principais batedores de pênaltis adversários.
E voou, com convicção, para o canto esquerdo e fez uma sensacional defesa.
Derrotou o Fortaleza, que não perdia há 23 partidas no Brasileiro, no seu estádio.
Graças a ela, o Palmeiras chegou à sexta vitória consecutiva.
Líder absoluto do Campeonato Nacional.
“Tentei mexer com ele antes do pênalti, que é uma coisa que geralmente eu não fazia, hoje tive esse desejo. Fim de jogo para ele também não é fácil, não estava totalmente confortável. Tentei mexer, apontar, acho que mexeu um pouco com ele”, confessou, após a partida.
Aos 37 anos, Weverton já é, em números, o maior goleiro da história palmeirense.
Ele tem contrato até o final de 2026, e já há movimentação discreta, para ficar até dezembro de 2027, quando acaba o mandato de Leila Pereira.

Weverton estava alegre e aliviado.
Ele e os companheiros de Palmeiras não gostam de jogar no Castelão.
“Feliz por ajudar de forma decisiva. É um dos piores lugares que tem para jogar, disparadamente.
“É muito calor, parece que está lento, você quer correr mas não consegue, campo pesado, não estamos acostumados. Abel falou que pra ganhar aqui tinha que sofrer.
“Sofremos mais do que deveria.”
O detalhe é que ele nasceu no Acre.
Mas Weverton tinha razão em relação ao sofrimento.
Seu time se complicou no jogo.
O Palmeiras precisava vencer, para conseguir se isolar na liderança do Brasileiro.
O Flamengo tropeçou no Vasco e não escapou do 0 a 0.
E a equipe começou marcando forte, encarando o Fortaleza que se reestrutura na temporada.
A postura firme na intermediária travou o ímpeto do time de Juan Pablo Vojvoda.
As chances de gol, no entanto, eram raríssimas.
Até que a velha bola parada, treinada à exaustão por Abel Ferreira, funcionou.
De novo.
Richard Ríos cobrou falta da lateral direita, a bola desviou na zaga.
E sobrou para o ágil Facundo Torres tocar para o fundo do gol.
Eram 49 minutos do segundo tempo, Palmeiras 1 a 0.
Melhor impossível, para o ânimo do time paulista.
No segundo tempo, como era esperado, Vojvoda adiantou seu time.
E Abel tratou de recuar suas linhas.
Para o time se defender e se poupar, diante do calor abafado do Ceará.
Em um contragolpe, Estêvão conseguiu lançar Flaco López.
O argentino, que não tem habilidade e nem velocidade, enfrentou o veterano David Luiz.
Flaco apenas fez o óbvio.
Rolou a bola para o chute e David Luiz não teve o reflexo de abrir as pernas para tentar interceptar o chute.
2 a 0, Palmeiras, aos 12 minutos.

A partir daí, os paulistas não queriam mais jogo.
Buscaram se defender, mas atraíram o rival para sua área.
Foi um erro.
A partida virou um sofrimento.
E, aos 24 minutos, Allanzinho, que foi muito bem, cruzou com efeito para a área.
Deyverson descontou de cabeça, contra seu ex-clube.
E não comemorou.
2 a 1.
Foi emoção até o final do confronto, quando Deyverson disputou bola no alto com Naves.
O jovem zagueiro desviou a bola com a mão.
Pênalti.
48 minutos do segundo tempo.
Aí, Lucero foi cobrar.
E Weverton deixou de ser bonzinho...
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