‘Vou por gelo na imprensa. Os que nos elogiam foram os que nos rasgaram no Paulista.’ Abel não quer ‘festa’, pela heroica vitória do Palmeiras
O Palmeiras venceu, em uma batalha épica, o Bolívar, por 3 a 2, nos 3.600 metros de La Paz. O resultado faz do time paulista o líder geral da Libertadores, o único com três vitórias em três jogos. Estêvão, que fez 18 anos, vomitou e teve de sair de maca do jogo. O ar rarefeito
Cosme Rímoli|Do R7

O Palmeiras é único neste início de Libertadores.
Entre os 32 times foi apenas ele que venceu os três primeiros jogos.
Está na frente dos demais com nove pontos ganhos.
Das três vitórias, uma foi no Allianz, outra no Peru.
E a de hoje, na temida La Paz, com seus 3.600 metros.
Fez uma partida heroica contra o Bolívar.
Venceu por 3 a 2, com atuação excelente do questionado Flaco López.
Foi o sétimo triunfo seguida do time de Abel.
Ele é líder do Brasileiro e da Libertadores.
A vitória foi dramática porque os jogadores sentiram muito ter de atuar no ar rarefeito.
Principalmente no segundo tempo, o desgaste dos atletas do time brasileiro foi assustador.
A vantagem que abriu por 2 a 0 foi perdida, com 2 a 2.
Até que Maurício marcou o gol que garantiu os três pontos.
Flaco López fez, com certeza, a melhor partida desde que foi contratado pelo Palmeiras, em julho de 2022.
Desequilibrou o jogo, parecia um ‘altiplano’, como são chamados os que nascem na altitude de La Paz.
Abel sabia que o Bolívar, do argentino Flavio Robatto, atua de forma muito ofensiva, em casa.

Com a defesa adiantada, para sufocar o adversário.
O treinador português fez os palmeirenses marcarem a saída de bola dos bolivianos, fracos tecnicamente.
E Flaco López, surpreendentemente, se sentia em casa.
Roubou as bolas que acabaram nos primeiros gols do Palmeiras.
O seu e o de Estêvão.
Facundo Torres ainda acertou a trave.
O time se defendia com uma linha de cinco, três zagueiros e os dois laterais, Giay e Vanderlan presos.
E ainda Anibal e Martínez na frente da zaga.
Estêvão, Facundo Torres e Flaco López marcavam a saída de bola.
O time fez um primeiro tempo perfeito.
Surpreendeu, travou o Bolívar.
2 a 0 foi pouco.
No segundo tempo, o ar rarefeito foi o ‘melhor jogador’ do Bolívar.
O Palmeiras se fechou na defesa por falta de força física, sonhando para o jogo acabar.
Estêvão mal aguentou 12 minutos e saiu de campo.
Vomitou e foi carregado de maca.
A equipe brasileira parecia que iria se segurar.
Só que Pato Rodríguez conseguiu ir para a linha de fundo duas vezes e cruzar com perfeição.
Dois gols do brasileiro de 1m92, Fábio Gomes.
Quando a torcida boliviana sonhava com a virada, eis que surgiu de novo ele.
Flaco López fez excelente jogada, a bola sobrou para Facundo Torres errar a bola, espetacularmente.
Mas acabou sendo um passe para Maurício fulminar, fazer 3 a 2.
Depois, o Bolívar se desesperou, buscando o empate.
O Palmeiras sobrecarregou a intermediária e conseguiu segurar a importantíssima vitória.
Heroica é o termo repetido, mas que simboliza o que foi a entrega palmeirense.

“Tenho que pôr gelo na imprensa, porque os mesmos que vão elogiar agora são os mesmos que nos rasgaram no Paulista e ainda fomos à final. Nossa força é que sabemos o que fizemos dentro. E tudo leva tempo. Mesmo com os lesionados, fizemos o Paulistão sem nenhum reforço e fomos muito bem.
“Aos jogadores, falo para não ler o que escrevem porque agora vão ser muitos elogios, e é armadilha. Quando deixam massagear nosso ego, é um perigo”, discursava Abel.
Ele segue rancoroso, não admite cobranças, críticas.
Porque no Paulista ele foi o responsável pela dificuldade do time.
Fazendo inúmeros testes que fizeram o clube perder pontos preciosos.
Desperdiçando a chance de disputar a final no Allianz.
Foi para Itaquera e não conseguiu ser tetracampeão paulista.
E ele não esquece as ‘rasgadas’ que tomou dos jornalistas, com razão.
Agora é outra realidade.
O Palmeiras nunca escondeu que prioriza a Libertadores.
A campanha é excelente.
Assim como no Brasileiro, no qual o clube é líder.
“Temos muito o que melhorar, muito o que trabalhar. No primeiro gol tiveram erros, o segundo também, o goleiro errou. Temos muito que melhorar. Acredito que o espírito de grupo e a equipe será mais forte que qualquer jogador individualmente. Nossa força vem da inteligência, do esforço e sacrifício. Poderíamos sair com o empate, mas podíamos ter feito 3 a 1... Tivemos a calma quando levamos o gol para manter a resiliência”
Estêvão completou hoje 18 anos.
E como ‘presente’ teve de jogar em La Paz.
Passou mal demais.
Recuperado, ele comemorou a vitória e a data.
“Estou muito feliz, acho que o melhor presente que poderia receber (a vitória).
“Demorei para acostumar (com o ar rarefeito) e infelizmente não consegui continuar.
“Foi questão mesmo da altitude.
“Aqui é surreal”...
Veja também: Palmeiras chega na Bolívia; veja bastidores da viagem
Confira os bastidores da viagem do Verdão para a Bolívia, onde irá enfrentar o Bolívar, em La Paz, pela Libertadores.