São Paulo, Brasil Bastou um ano. E a postura do Palmeiras em relação a Deyverson mudou radicalmente. A começar pela direção do clube. Em maio de 2020, não queria mais seguir com o atleta no elenco. A decisão foi da cúpula, dos dirigentes. E Vanderlei Luxemburgo, então treinador, também não fez questão de brigar pela permanência do jogador. Sabia que seria um desgaste à toa. O motivo de querer negociar o atacante era seu comportamento. Suas expulsões desnecessárias, cartões bobos, crises de choro. Os poucos gols não compensavam tanto trabalho. E os salários de R$ 380 mil mensais. Ele treinava à parte, esperando clube interessado. Foi emprestado para o Alavés, da Espanha. De graça! A equipe espanhola só teria de pagar seus salários. Deyverson foi. Acabou na reserva. Entrou em campo por 27 vezes. Marcou um gol apenas. E deu duas assistências. O Alavés não quis comprá-lo. O devolveu. Ele se despediu ontem dos companheiros. Se no futebol houvesse lógica, o atacante de 30 anos não ficaria no clube. Seria repassado a outro. Mas existem dois fatores fundamentais que estão mudando seu destino. O primeiro é que faltam sete meses para acabar o mandato do presidente Mauricio Galiotte. Justo ele que tanto se irritava com as expulsões infantis, tolas, de Deyverson. A mais exdrúxula foi a cusparada que deu em Richard, em um clássico contra o Corinthians, em fevereiro de 2019. Galiotte está disposto a economizar o máximo e repassar seu cargo para o proximo presidente, ou presidenta, como falava Dilma Rousseff, com o orçamento equilibrado. E Deyverson, só jogando futebol, pode ser útil ao grupo de Abel Ferreira. O treinador, aliás, foi o primeiro a se colocar a favor do retorno. Ele não tem um atacante alto, cabeceador, capaz de mudar a forma de o time atacar. Abel, portanto, é o segundo fator com capacidade de mudar a carreira de Deyverson. Ao contrário de Luxemburgo, que estava seguindo ordens dos dirigentes, o técnico português quer usar uma peça que precisa e o Palmeiras já possui. Abel quer ter uma conversa franca. "Olhos nos olhos", como gosta de resumir, com Deyverson. Sentir que ele quer e está disposto a aproveitar sua última chance no Palestra Itália. O departamento burocrático do Palmeiras passou a semana inteira tentando antecipar os documentos de sua liberação do Alavés para inscrever o jogador até amanhã na Libertadores. A expectativa nesta manhã de sábado é que tudo estaria certo e ele faria parte do grupo. Desde que convencesse Abel Ferreira que vai controlar seu gênio explosivo. Deyverson tem um grande defensor no elenco. Felipe Melo. O maior líder do elenco é a favor do retorno e se compromete a apoiá-lo no retorno. Galiotte acabou se convencendo que Deyverson merece essa chance. Mesmo lembrando com desgosto o que aconteceu em 2019, quando o jogador se recusou a ir para a China. O Palmeiras tinha uma proposta de 12,5 milhões de euros, cerca de R$ 80 milhões pelo atacante. O clube era o Shenzhen FC. "Eu quis bater a cabeça na parede quando ele disse não", confirmou o ex-diretor do clube, Alexandre Mattos, no canal Amici 1914, do Youtube. Deyverson simplesmente disse 'não' por um pedido de Luiz Felipe Scolari. Ele e o treinador tinham uma relação paternal que acabou por atrapalhar os dois. A diretoria se cansou da proteção do técnico ao problemático atacante. Vale lembrar que ele foi comprado por 5 milhões de euros, cerca de R$ 32 milhões, em julho de 2017. Como compensação a Cuca, pelo clube perder Diego Souza. A direção palmeirense tem confiança que será possível inscrever Deyverson para as oitavas-da-Libertadores, para o Brasileiro. Porque, caso dê errado, ele só poderia atuar no clube paulista em agosto, quando será aberta a janela a atletas que cheguem do Exterior. Em reviravolta incrível, Deyverson pode ter sua última chance no Palmeiras. Vai depender dos "olhos nos olhos" com Abel Ferreira. Se não convencê-lo, poderá voltar a treinar à parte. E ser emprestado de novo até o final de seu contrato...Saiba quem são os jogadores mais valiosos na Libertadores