Virar as costas a Hulk. Um assunto que incomoda ainda no Palmeiras. O desperdício do melhor jogador do Brasil
O Palmeiras teve Hulk nas mãos. Mas o ex-presidente Mauricio Galiotte o desperdiçou. Por conta dos salários, da idade e por apostar em Gabriel Veron. Abel Ferreira foi consultado mas também disse 'não'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
É um dos assuntos mais incômodos no Palmeiras.
Não adianta perguntar a dirigentes, conselheiros, membros da atual ou da antiga diretoria.
A sensação de desperdício é a mesma.
Mesmo depois de um ano e quatro meses, impera o inconformismo.
E que só aumenta com o desempenho impressionante do atacante no Atlético Mineiro.
O principal responsável pelo Palmeiras não ter o melhor jogador do Brasil é o ex-presidente Mauricio Galiotte.
Coube a ele fazer o clube virar as costas ao atacante em 2020.
Foram alguns motivos, que hoje provocam um silencioso e dolorido arrependimento.
O primeiro, apontado por defensores de Galiotte, foi a pandemia. A queda de receita, sem público nos estádios, assustava o ex-presidente. Ele sempre foi obcecado por deixar o Palmeiras em situação financeira equilibrada.
Hulk já havia decidido não atuar mais no futebol chinês. Os 15 anos que passou no exterior o tinham enriquecido. Mas ele seguia um atleta midiático, ciente de seu valor.
E a pedida para atuar no Palmeiras, clube do seu coração, foi de R$ 1,5 milhão por mês. Hulk caminhava para os 34 anos quando as duas partes negociaram.
A proposta do clube paulista ficou perto da metade do que pediu o atleta: R$ 800 mil mensais.
O impasse foi criado.
O intermediário da transação, João Paulo Sampaio, coordenador da base do Palmeiras, foi ficando cada vez mais desanimado.
Porque havia outro problema grave.
Galiotte havia se convencido que o ideal para o Palmeiras era formar atletas para vender ao exterior com lucro.
Um ano antes da negociação com Hulk, Gabriel Veron foi escolhido como o melhor jogador da Copa do Mundo sub-17. Havia enorme esperança de que ele desabrochasse. E Hulk poderia ser um obstáculo intransponível. Pela representatividade e pelo dinheiro que o clube empenharia em salários.
Além disso, o Palmeiras queria um contrato bem curto. De um ano, com prioridade para um segundo. Situação que o estafe de Hulk entendeu como pura desconfiança.
O jogador, que foi aplaudido de pé pela torcida brasileira, em fevereiro de 2020, ao acompanhar a partida no Allianz Parque contra o Mirassol, ficou absolutamente decepcionado.
E mandou encerrar as negociações.
Como vivia problemas familiares, separação, readaptação da família ao Brasil, Hulk decidiu que voltaria a jogar apenas em 2021.
Foi quando os mecenas do Atlético Mineiro viram a oportunidade de ter o midiático jogador, conhecido no mundo todo, como reforço. E também símbolo da campanha de reestruturação do clube dentro do campo, formando um dos melhores times do país, mesmo devendo cerca de R$ 1 bilhão. Os bilionários mecenas investiriam em jogadores, não nas dívidas.
Até pensando em investimento, na arena atleticana, que será inaugurada em 2023. Com um time forte, vencedor e com ídolos, sócios-torcedores seriam atraídos. Com disposição, inclusive, para comprar carnês de jogos do clube no próximo ano.
Dois anos, salário de R$ 1,5 milhão como Hulk desejava. E depois de um período de adaptação, o atacante foi até melhor do que se supunha.
Terminou 2021 campeão brasileiro, da Copa do Brasil, mineiro. E terceiro colocado na Libertadores. Foi o artilheiro do país.
Foram 68 partidas, 36 gols e 12 assistências.
Foi artilheiro e escolhido como melhor jogador do Brasileiro e da Copa do Brasil.
Começou 2022 como artilheiro do Campeonato Mineiro.
Iniciou o Brasileiro com dois gols sensacionais contra o Internacional, na vitória do Atlético Mineiro, no domingo, por 2 a 0.
Hulk é o principal ídolo atleticano. Em uma equipe que anima a direção a cobrar, sem constrangimento, ingressos até de R$ 900,00, na estreia da Libertadores em 2022, contra o América Mineiro, na próxima quarta-feira.
Para que Mauricio Galiotte não leve sozinho a culpa de desperdiçar Hulk, logo no início de 2021, Abel Ferreira foi consultado sobre o que ele achava da contratação do atacante. O Palmeiras estava envolvido na reta final da Libertadores. A resposta precisava ser imediata. O português disse que a contratação de uma estrela às vésperas de uma decisão tão importante poderia desestimular o grupo que levou o clube a decidir o torneio sul-americano.
Daí, a ida de Hulk para o Atlético.
Sem olhar para trás.
Se esquecendo de vez do clube da infância.
Foi para ser o melhor jogador deste país.
Enquanto isso, o Palmeiras ainda sonha com um artilheiro.
Não consegue contratar ninguém com a metade do potencial de Hulk.
Por isso, o nome Hulk é tão incômodo no Palestra Itália...
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