Virada espetacular. Atlético desbanca Flamengo e Palmeiras. E é dono deste país, depois de 50 anos
O Atlético Mineiro estava perdendo para o Bahia por 2 a 0. Em cinco minutos, Hulk e Keno, duas vezes, marcaram a virada histórica. Depois de 1971, o Atlético volta a ser campeão do Brasil. Com toda justiça
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Espetacular.
Como o Atlético Mineiro merecia voltar a ser campeão brasileiro, depois de 50 anos.
Foi da melhor maneira possível.
Depois de estar perdendo por 2 a 0 para o Bahia, desesperado, lutando para escapar do rebaixamento, em cinco minuto, protagonizou uma virada maravilhosa por 3 a 2. Gols de Hulk e, dois, de Keno.
Misturando tática com seus talentos individuais, como foi durante todo o Campeonato Brasileiro de 2021, o time de Cuca se impôs em Salvador, misturando personalidade, atitude e ótimo futebol.
O Atlético Mineiro chegou aos 81 pontos em 36 partidas, com 25 vitórias, seis empates e cinco derrotas. Com 75% de aproveitamento.
Desbancou o Flamengo, que sonhava com o tricampeonato brasileiro. E também o Palmeiras, bicampeão da Libertadores, que desejava recuperar a hegemonia no país.
O centro do futebol no Brasil volta a ser Belo Horizonte.
Valeu o investimento de R$ 180 milhões do mecenas Rubens Menin na formação de um time para romper de vez as fronteiras de Minas Gerais.
A partida foi emocionante, delirante.
Inesquecível.
Desde o primeiro minuto do primeiro tempo, com os dois times lutando pela vitória. Cada um seguindo seu objetivo. O Bahia, em desespero, para tentar não ser rebaixado. E o Atlético querendo acabar de vez com o Brasileiro, com duas rodadas de antecipação. Acabar com a teatral luta flamenguista.
"A gente estava perdendo por 2 a 0. E um olhava para a cara do outro. A gente perdendo de 2 a 0, e olhando um para cara do outro, falando vamos, vamos. A nossa torcida merecia demais. E conseguimos", dizia, empolgadíssimo Hulk, artilheiro do Campeonato Brasileiro, animado como um garoto.
E por quê o Atlético estava perdendo por 2 a 0? Primeiro porque estava desfalcado. Sem Allan, Jair, Réver e Diego Costa. Depois, pela postura corajosa, intensa, imposta pelo Bahia. Guto Ferreira sabia o quanto seu time precisava vencer, para tentar sobreviver na Série A. E tratou de assumir a briga contra um adversário mais poderoso, empurrado pela torcida baiana.
O Bahia transformou a partida em um espetáculo igual, com os jogadores lutando por cada centímetro do gramado. Os teóricos 4-5-1 baiano e o 4-3-3 mineiro se equiparavam em uma dança mais do que interessante. Com os clubes tratando de preencher os espaços, atacar e defender em bloco.
Chances foram criadas e desperdiçadas no primeiro tempo.
Mas os ataques estavam se impondo diante dos defensores. Dando a expectativa que os gols viriam. A partida estava imprevisível.
Guto Ferreira adiantou suas linhas no intervalo. Comprou de vez a guerra contra o líder do Brasileiro. E aos 16 minutos, Luiz Otávio acertou uma cabeçada indefensável para Everson e colocou o Bahia na frente no placar. Nathan Silva bobeou, olhando apenas a bola, facilitando a cabeçada do zagueiro.
Os atleticanos provaram serem humanos. Sentiram o gol, ficaram nervosos, afobados. Foi quando aos 20 minutos, Gilberto mostrou seu oportunismo, desviando a bola antes da zaga atleticana. E marcou 2 a 0.
O que parecia ser o fim da expectativa de título hoje, mudou de forma incrível. A começar por um pênalti infantil, desnecessário de Luiz Otávio, que chegou atrasado em Sasha e o derrubou, de costas para o gol.
Coube a Hulk, aos 27 minutos, recolocar o Atlético no jogo: 2 a 1.
Aí, foi a vez de Keno mostrar seu poder de decisão.
Ele recebeu na entrada da área, cortou para o meio e acertou um belo chute, sem chance de defesa para Danilo Fernandes. 2 a 2, aos 28 minutos.
Os jogadores e torcedores do Bahia não acreditavam. E bateu o medo, o desânimo. Porque o Atlético tomou conta do jogo. Sentiu a possibilidade do inacreditável.
E ele veio.
Aos 32 minutos, Keno outra vez recebeu da entrada da área. E bate forte, marcando um golaço.
3 a 2, Atlético Mineiro.
Ou seja, em cinco minutos, a virada estava consolidada.
Guto Ferreira ainda tentou adiantar sua equipe. Enquanto isso, Cuca colocava um terceiro zagueiro. E tratava de fechar o time. E os atletas se desdobraram, vibravam em cada dividida. Sabiam o que significava a vitória.
E ela veio.
De maneira espetacular, que ficará guardada na memória não só dos atleticanos, mas de quem cultua futebol.
Nenhuma clube merecia ser campeão do Brasil mais do que o Atlético.
Juntou talento individual e estratégia.
A festa é mais do que justa.
Depois de 50 anos.
Agora, Flamengo e Palmeiras que corram atrás.
A Atlético está mais forte do que nunca.
Time de dar orgulho para qualquer brasileiro...
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