São Paulo, Brasil Por videoconferência, a diretoria do Santos demitiu Fábio Carille. A reunião entre os dirigentes e o técnico foi rápida. Havia enorme descontentamento das duas partes. Da cúpula do clube, que insistia que ele não tinha o "DNA do Santos", por ser um técnico muito defensivo. E não montava equipes ofensivas, que consagraram o clube, ao longo de sua existência, com dois títulos mundiais. Só que Carille também estava muito desgostoso. Ciente que o material humano, o elenco oferecido pela diretoria, era limitado. Ele esperava reforços desde o ano passado, quando salvou o clube do caminho do rebaixamento no Brasileiro. Mas os mais de R$ 400 milhões em dívidas travaram qualquer busca da direção por jogadores talentosos, por serem mais caros. Carille foi mais um técnico a chegar na Vila Belmiro acreditando que a direção buscaria atletas importantes. Se decepciona e há o impasse, que acaba em demissão. Os resultados de Carille foram pífios. Ele chegou em setembro de 2021. Resistiu a apenas 27 partidas. Foram nove vitórias, dez empates e oito derrotas. 35 gols a favor e 36 contra. A derrota de ontem, contra o Mirassol, foi a gota d'água. O grupo político que sustenta o presidente Andrés Rueda exigiu a demissão. No primeiro tempo, o Santos, desorganizado, perdia por 3 a 0. Escapou de uma goleada vergonhosa. Na segunda etapa, o time melhorou e marcou dois gols. Mas perdeu a partida. Carille, que sempre teve muita resistência entre os conselheiros, confirmou na sua entrevista que não conseguia dar padrão ao time. Estava implícito que a culpa também estava na espera por reforços. Ele não poderia reclamar publicamente, mas ficou muito abalado com a perda de Marinho, o principal jogador, negociado com o Flamengo. A não contratação de Luan também o deixou irritado. Carille havia conversado com o meio-campista. Mas a direção não conseguiu pagar seu salário. E ele acabou no Goiás. Ele chegou a dar uma lista de atletas que desejava. E os dirigentes não conseguiram contratar. "Tínhamos boas expectativas para a sequência agora em 2022, dentro da realidade do clube, mas por diversos fatores elas, infelizmente, não se confirmaram", escreveu Carille, nas redes sociais. Ele foi muito sutil. O que queria dizer era em relação aos reforços que nunca chegaram. Empresários já ofereceram Vagner Mancini, que acabou de ser demitido do Grêmio. A intenção da direção santista é buscar um técnico estrangeiro. Quanto aos reforços, mais do que necessários, a diretoria garante que ainda vai conseguir contratar. Em 2021, o clube escapou do rebaixamento no Paulista, na última rodada. E no Brasileiro sofreu até a 35ª rodada, a três do final. O eterno auxiliar Márcio Fernandes assume a equipe para o clássico de domingo, contra o São Paulo. A situação do Santos em 2022 é muito preocupante. Fábio Carille tem sua parcela de culpa, ao não definir um esquema tático. Mas estava claro: com o elenco santista, o problema é bem maior que a estratégia. Se trata do fraco material humano. É o peso de dever mais de R$ 400 milhões. O problema é que a cobrança em Santos é a de bicampeão mundial. Não a de um clube atormentado pelas dívidas...Hulk Iraniano treina 'soco mortal' e diz que adversário sairá de maca