'Vencer o Corinthians vale muito mais que três pontos.' Euforia de Ceni após vitória no clássico
O treinador do São Paulo creditou a vitória à vibração do seu meio-campo. Formado por jogadores queimados com Crespo. Liziero, Sara e Igor Gomes. 'Energia e motor' do time
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Rogério Ceni estava exultante.
Ouviu o coro da torcida gritando seu nome, como quando jogava.
A vitória por 1 a 0, gol de Calleri, teve enorme representatividade.
Ele sabia que precisava vencer o Corinthians, no Morumbi. Não só pela tabela de classificação, mas por conta da autoestima dos jogadores do São Paulo, muitos deles desprezados até pela própria torcida nas redes sociais, nos protestos das organizadas.
E o treinador sabe muito bem, porque ouviu do presidente Julio Casares que o clube vive crise financeira, com mais de R$ 600 milhões em dívidas.
Daí na preleção, a valorização do clássico, a importância em vencer o rival diante da torcida, que volta aos poucos ao estádio são-paulino.
"Jogar contra o Corinthians é um jogo que vale muito mais do que os três pontos. Principalmente no momento que vivemos, em um jejum longo de vitórias, de seis empates consecutivos. São Paulo e Corinthians, São Paulo e Palmeiras... Tem um valor muito grande uma vitória nesse tipo de jogo", comemorava Ceni.
O clássico serviu para importante constatação para o treinador. Que tanto travava a equipe no comando de Hernán Crespo: a apatia do time.
"Meu meio-campo eu vejo como a energia desse time. Liziero, Igor Gomes e Sara para mim são o motor do time. Lógico, cada atleta tem sua função. Mas, nesse setor, esses três jogadores têm muita força física, são jovens, têm fome. Ajudam muito a servir, hoje, no caso, o Benítez, o Luciano e o Calleri."

A afirmação é profunda porque os três estavam muito desgastados com o treinador argentino. O fato de Ceni perceber que há muito mais segurança, equilíbrio com a equipe atuando em uma linha de quatro defensores e não três zagueiros e dois alas, refletiu no bom futebol do trio ontem contra o Corinthians.
“Nós não temos velocistas, praticamente. O único jogador mais rápido que temos é o Marquinhos. E o hoje não pudemos ter o Rojas, porque já tínhamos cinco estrangeiros na relação, então não poderíamos ter o sexto, que seria o jogador de velocidade.
"Na formação do elenco, não foi um time formado para ter velocidade. Foi formado para ter posse de bola, controle de jogo", detalhou.
"Esses garotos [Liziero, Igor Gomes e Sara] que fazem o papel da velocidade, não da velocidade em si própria, mas do toque rápido, aparecendo, fazendo parede, chegando à frente."
A vitória no clássico levou o time à 12ª posição.
Estimulou o treinador ao maior desejo da diretoria. Chegar à Libertadores. Não entre os quatro primeiros, porque a distância é grande. Mas ficar com uma das vagas para "pré-Libertadores". Entre o quinto e, muito provavelmente, o nono lugar.
"Eu não vou ficar fazendo conta. Lógico que o objetivo é chegar a uma pré-Libertadores. Dentro do que foi o ano seria um fechamento bom para o São Paulo, dentro da posição e da circunstância de tabela em que se encontrava. Mas vamos pensar jogo a jogo."

Foi a primeira vitória desde o retorno de Ceni ao comando do futebol no São Paulo. Ao vencer o rival Corinthians, fazendo seu time jogar com intensidade, vibração, brigando por cada bola, e buscando o ataque, o treinador resgatou a parceria da torcida com os atletas.
A equipe voltou a ser aplaudida, ovacionada.
E o maior ídolo da história do São Paulo sabe o que isso significa.
Algo que o time havia perdido com Crespo: confiança...
Veja as imagens da vitória do São Paulo sobre o Corinthians
São Paulo e Corinthians fizeram um clássico quente nesta segunda-feira (18), no encerramento da 27ª rodada do Brasileirão 2021. Com gol solitário de Calleri, o Tricolor levou a melhor sobre o rival no Morumbi
São Paulo e Corinthians fizeram um clássico quente nesta segunda-feira (18), no encerramento da 27ª rodada do Brasileirão 2021. Com gol solitário de Calleri, o Tricolor levou a melhor sobre o rival no Morumbi