Vasco repetirá o que o Santos fez com Pelé e não aposentará a camisa 10 de Roberto Dinamite. É a que mais vende
Motivos comerciais impedem que o clube carioca aposente a camisa consagrada por Dinamite. Como aconteceu no Santos, com Pelé. As fornecedoras de material esportivo têm na 10 a mais vendida. E ela precisa estar em campo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Outra vez o interesse comercial fala mais alto que uma justa homenagem.
E envolve a camisa 10 de um gigante brasileiro.
Em plena comoção com a morte do jogador que a imortalizou.
Depois de o Santos recuar e não aposentar a camisa 10, que Pelé tornou mundialmente famosa, porque é a que mais vende, o Vasco da Gama caminha na mesma direção.
A famosa camisa que remete imediatamente a Roberto Dinamite não será aposentada pela Kappa.
Assim como a Umbro, na Vila Belmiro, a empresa não se manifesta publicamente sobre o assunto. Até por ser responsabilidade dos clubes. Elas não são donas eternamente dos uniformes.
Mas a postura da multinacional italiana coincide com a da inglesa.
Evidente que há interesse em seguir vendendo camisas.
A direção do Santos conseguiu uma entrevista em que Pelé deixou claro que gostaria de a camisa 10 seguir, para que fosse lembrado.
A direção do Vasco ainda busca alguma declaração em que o jogador se posicione sobre aposentar ou não a camisa que consagrou.
É claro que a iniciativa teria de partir do clube.
Assim como fez o Chicago Bulls com a camisa 23.
Ela não entra mais na quadra, desde a aposentadoria de Michael Jordan.
Mas segue sendo vendida.
O que deve ser compreendido.
Assim como o Santos e o Vasco deverão seguir vendendo as camisas 10 com o nome dos seus maiores ídolos.
"Já há algumas sugestões para eternizar ele [Dinamite] na camisa do Vasco, a gente está estudando isso. Existem algumas sugestões muito interessantes que a gente está estudando, de eternizar a camisa dele, a 10.
"Passando essa fase de consternação, vamos nos debruçar sobre isso para permanentemente estar homenageando o nosso ídolo", disse ontem o presidente do Vasco, Jorge Salgado, para o Sportv.
Eternizar e aposentar são verbos completamente diferentes.
Houve comoção quando Garrincha morreu.
E a camisa 7 do Botafogo continua em campo, por exemplo.
No exterior, a situação é outra.
A 10 do Napoli, usada por Maradona, está aposentada.
A 14 do Ajax, eternizada por Cruyff, aposentada.
A 6 de Baresi, no Milan.
Na Inter, ninguém mais usa a 3, de Fachetti.
Na Inglaterra, o West Ham não permite que ninguém use a 6, marcada por Bobby Moore.
Na França, a 9 do Nantes foi aposentada, depois da trágica morte do argentino Emiliano Sala, em um acidente aéreo.
A direção do Vasco ficou tão consternada com a morte de Roberto Dinamite como a do Santos com a de Pelé.
Mas os dois clubes vivem difíceis momentos financeiros.
A nova dona do clube carioca, a investidora 777, está fazendo de tudo para tentar resolver a dívida enorme de mais de R$ 700 milhões. Os norte-americanos não rasgam dinheiro. Pelo contrário.
E o Santos, que também busca um dono, deve mais de R$ 400 milhões.
Assim como Pelé, Roberto Dinamite não deverá ter a camisa 10 aposentada.
Será eternizada.
Talvez também vire estátua ao lado da que tem o jogador, na entrada de São Januário.
Ou as camisas 10 passem a ter um desenho de bananas de dinamite, para lembrar o artilheiro, o ídolo maior.
Mas deixar de entrar em campo.
E sair das prateleiras das lojas de material esportivo...
Não...
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