Um garoto atrevido decidiu a épica guerra no Nilton Santos
O Flamengo venceu o Botafogo graças a um gol aos 44 minutos do segundo tempo. O garoto Lincoln marcou o gol. Título cada vez mais perto
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi épico.
Sofrido.
44 minutos do segundo tempo.
O valente e humilde elenco do Botafogo conseguia. Mesmo com um jogador a menos desde os oito minutos da etapa final, com a infantil expulsão de Luiz Fernando, segurava o 0 a 0.
Travava o rival, líder disparado do Brasileiro. E o um ponto do empate seria fundamental, animador. Na prática não deixava o clube entrar na zona do rebaixamento.
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O Flamengo lutava, insistia, mas não conseguia ultrapassar a retranca botafoguense. O time de Jorge Jesus já se enervava, perdia a concentração, a paciência.
Tudo indicava que a distância para o Palmeiras cairia para apenas seis pontos.
Mas o onipresente Everton Ribeiro descobriu Bruno Henrique, ele usou sua habilidade e velocidade. Buscou a linha de fundo e cruzou.
Como um raio, chegou Lincoln, garoto de apenas 18 anos, nascido na base do Flamengo. E estufou as redes de Gatito Fernández.
1 a 0 para o líder do Brasileiro.
A empolgação dos flamenguistas na comemoração da vitória, dançando, se abraçando muito, gesticulando com os poucos flamenguistas que puderam entrar no Nilton Santos, mostraram o quanto o jogo foi difícil.
O Botafogo se superou, lutou, brigou, vendeu caríssimo a derrota, que custou a queda para a zona do rebaixamento.
Faltando apenas sete rodadas para o campeonato acabar, a distância do Flamengo está em confortáveis oito pontos.
Graças ao menino Lincoln.
Após o jogo, a rivalidade seguiu forte, com uma confusão com o zagueiro argentino Carli e o técnico português Jorge Jesus. Os jogadores tiveram de evitar que os dois brigassem.
"O jogo foi duro não por conta da estratégia, da tática do adversário. Não. O Botafogo bateu muito nos meus jogadores", desabafou Jorge Jesus.
"Nos primeiros 20 minutos, o nosso médico entrou quatro ou cinco vezes para atender o Bruno Henrique e o Gabigol."
"Os centrais do Botafogo queriam bater, descontrolar o Gabigol. Isso não é futebol. Quando acabou o jogo, eu disse ao jogador do Botafogo: 'Não valeu a pena bater tanto'", o técnico flamenguista se referia à discussão com Carli.
"A equipe do Flamengo é melhor do que a do Botafogo, até pela classificação. Para parar uma equipe você tem que ter argumentos técnicos e táticos. Não é essa forma de parar a equipe, não é dessa forma que o Botafogo vai sair da zona de rebaixamento. Fizeram 'caça ao homem', quiseram intimidar nossos jogadores. Não conseguiram. Sabíamos que faríamos o gol", garantiu Jesus.
A partida foi mesmo muito tensa.
O clássico transforma, a rivalidade vem à flor da pele.
A partida mostrou a briga por espaço.
Alberto Valentim montou seu time para marcar na sua intermediária, para travar a articulação do Flamengo. O time de Jorge Jesus chegou a ficar com 78% de posse de bola. Mas não conseguia criar.
O time se ressentia muto da contusão de Arrascaeta, que não jogou.
E o Botafogo mostrava uma vontade muito acima do normal.
Valentim acertou na dinâmica defensiva. Foi uma guerra nas intermediárias. Não havia espaço. As divididas eram ríspidas. O clima nervoso dominava o estádio.
O Flamengo, é verdade, também mostrava um certo desgaste. Não só físico, mas emocional. O time quer ser campeão do Brasil logo. Faltou tranquilidade, foco, consciência ao líder.
Gabigol segue cada vez mais egoísta e improdutivo.
O primeiro tempo foi truncado, aguerrido, feio.
Mas mal começou o segundo tempo, aos oito minutos, Luiz Fernando resolveu segurar a camisa de Bruno Henrique. Como já tinha amarelo, foi expulso de maneira correta pelo árbitro Leandro Vuaden.
Se com 11 o Botafogo já se defendia, com dez, ficou de vez na defesa.
Parecia que iria segurar o 0 a 0.
Até que, aos 44 minutos, a bola caiu nos pés do onipresente Everton Ribeiro.
Ela chegou em Bruno Henrique.
Dele, para o predestinado Lincoln.
Flamengo venceu e está muito confortável na disputa do título.
A vitória hoje foi arrancada a fórceps.
E dá ainda mais moral, confiança.
Além de servir de lição.
O time venceu, está felIz, empolgado.
Mas precisa recuperar a consciência.
Essa serenidade passa por Arrascaeta...
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