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Cosme Rímoli - Blogs

Um ano da morte de Daniel. Seis, dos sete envolvidos, soltos...

A mãe do jogador do São Paulo, espancado, assassinado e mutilado, previu. "A justiça brasileira é falha." Um ano depois, nem previsão de julgamento

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Edison Brittes, o assassino confesso de Daniel. Seu polegar resume a situação
Edison Brittes, o assassino confesso de Daniel. Seu polegar resume a situação

São Paulo, Brasil

"Não me importo muito com essas pessoas, não.

"A única coisa que eu me importo é que o meu filho não está mais aqui. O que a justiça do Brasil fizer está feito. É assim, falha mesmo. Infelizmente, a gente não pode esperar muita coisa. Para mim, o que importa é a falta que o Daniel faz.

"Ele era tudo para mim. Éramos muito ligados e ele tinha toda confiança em tudo que eu fazia para ele. Eu cuidava de tudo. Agora, o que faço é ir visitar o túmulo dele quase todos os dias e ajudar a cuidar da filhinha dele."


A sabedoria de Eliane Corrêa prevelaceu.

Foi o escudo para que ela suportasse o que viria depois do brutal assassinato do seu filho, que completará um ano amanhã.


Eliane previu logo após o sepultamento de Daniel Corrêa, jogador de 25 anos, que pertencia ao São Paulo, espancado por quatro homens e morto com um dilacerante corte no pescoço, com a intenção de decepar sua cabeça. 

E ainda, depois, ter o corpo ultrajado, com seu pênis decepado e jogado em uma árvore, em uma demonstração absurda de sadismo.


Ainda bem que Eliane se preparou para os vergonhos caminhos da justiça desse país.

Dos sete envolvidos na morte de Daniel, seis estão soltos, esperando o julgamento popular. 

Apenas Edson Brittes, o assassino confesso do jogador está na cadeia, no Paraná. Mas segue tentando o habeas corpus, ou seja, ter o direito de também esperar o julgamento livre.

Vale destacar que o trabalho de investigação foi detalhado. Foram meses e meses até as acusações formais.

Sete pessoas foram acusadas da morte.

Edison Brittes Junior: homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel e outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de adolescente e coações no curso do processo;

David William Vollero Silva: homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel e outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa e fraude processual;

Eduardo Henrique Ribeiro da Silva: homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel e outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de adolescente;

Ygor King: homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel e outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa, ocultação de cadáver e fraude processual;

Cristiana Brittes: homicídio qualificado, fraude processual, corrupção de adolescente e coações no curso do processo;

Allana Brittes: fraude processual, corrupção de adolescente e coações no curso do processo;

Evellyn Perusso: fraude processual.

Cristiana, Edison e Allana foram presos. Mas só Edison segue na cadeia
Cristiana, Edison e Allana foram presos. Mas só Edison segue na cadeia

A terrível história já é conhecida nacionalmente. Depois da festa de 18 anos de Allana, houve um 'after party', uma festinha íntima, na mansão dos Brittes. Daniel foi para beber e celebrar com os amigos mais próximos da aniversariante.

Ele estava totalmente embrigado, mostraram os laudos médicos.

Quando Edison foi comprar bebidas, que haviam acabado, sua mulher Cristiana foi dormir. Daniel resolveu ir até o quarto dela, deitou na cama, com ela dormindo. Tirou fotos e as distribuiu em grupos de amigos no whatsapp.

Assim que chegou com as bebidas, soube que Daniel estava no quarta da mulher. O arrombou e começou a bater no jogador. David, Eduardo e Igor também decidiram espancar o atleta, que, embrigado, não tinha forças para reagir.

Ao ver as fotos de Daniel na cama com sua mulher, Edison pegou uma enorme faca de churrasco, jogou o atleta no porta-malas de seu carro. E acompanhado por David, Eduardo e Igor, foram até uma zona de mata em São José dos Pinhais, cidade satélite de Curitiba.

Daniel implorava para não ser morto.

Mas Edison não só havia decidido que ele morreria.

Cortaria sua cabeça e seu pênis.

O corte profundo no pescoço foi feito com uma força raivosa. Mas a faca não era tão afiada para a decapitação. Ele matou Daniel, mas não conseguiu colocar sua cabeça em um galho de árvore como queria.

Em compensação, o mutilou sem dó. 

E jogou seu pênis o mais longe que conseguiu, nos galhos de uma árvore.

Com a demora de Daniel em se comunicar com a mãe, Allana passou a trocar mensagens com ela. Mentiu escrevendo que ele havia ido embora com uma amiga.

Depois mentiu mais ainda, dizendo que iria procurá-lo nos hospitais. E simulou espanto quando a polícia descobriu o corpo do jogador.

No dia seguinte, Edison, Cristiana e Allana chamaram os três homens que participaram da morte. E em um shopping de Curitiba combinaram a versão de que ninguém sabia o que havia acontecido.

A cruel, e mentirosa, troca de mensagens entre Allana e a mãe do jogador
A cruel, e mentirosa, troca de mensagens entre Allana e a mãe do jogador

Evellyn também aceitou mentir sobre o assassinato.

Mas o crime foi denunciado por uma testemunha.

Quando a trama se tornou pública, Edison resolveu assumir o assassinato.

Ele, sua mulher e filha foram presos. Assim como Igor, Eduardo e David. Só Evellyn conseguiu responder todo o processo fora da cadeia.

Só que, aos poucos, a justiça deste país foi permitindo que, um por um, cinco dos acusados deixassem a prisão. E esperam em liberdade o marcamento de um julgamento popular.

E os advogados de Edison seguem com esperança que ele também possa conseguir o habeas corpus e se livrar da cadeia.

Toda a dor da mãe de Daniel, que previu. "A justiça é falha"
Toda a dor da mãe de Daniel, que previu. "A justiça é falha"

Não há previsão de quando o julgamento dos assassinos de Daniel aconteça.

A única decisão prévia da justiça é que Edison, conhecido como Juninho Riqueza, pague uma pensão de R$ 5 mil à filha de Daniel, de dois anos e meio, até que ela complete 25 anos.

Mas seus advogados já entraram com recurso. 

A meta é que Edison não pague 'um centavo'.

A família Brittes combinando dizer não saber nada sobre a morte de Daniel
A família Brittes combinando dizer não saber nada sobre a morte de Daniel

Infelizmente, Eliane Corrêa estava certa.

A 'justiça brasileira é falha'.

Um ano e, mesmo com provas contundentes e até confissão do assassinato, não houve ainda o julgamento.

Seis dos sete envolvidos no bárbaro assassinato estão soltos.

Eliane conhece bem o país que vive...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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