Tite não quis valorizar Jorge Jesus. Foi injusto com Gerson e Filipe Luís
Convocação para os primeiros jogos das Eliminatórias para 2022. Previsível. Mas com apenas três jogadores do Flamengo. Mais, iria valorizar o português
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Goleiros:
Weverton - Palmeiras
Ederson - Manchester City
Ivan – Ponte Preta
Laterais:
Daniel Alves - São Paulo
Danilo - Juventus
Renan Lodi - Atlético de Madri
Alex Sandro - Juventus
Zagueiros:
Marquinhos - Paris Saint-Germain
Felipe - Atlético de Madri
Eder Militão – Real Madrid
Thiago Silva – Paris Saint-Germain
Meio-campistas:
Arthur - Barcelona
Casemiro - Real Madrid
Bruno Guimarães - Lyon
Philippe Coutinho - Bayern de Munique
Everton Ribeiro – Flamengo
Fabinho - Liverpool
Atacantes:
Neymar - Paris Saint-Germain
Gabriel Jesus - Manchester City
Roberto Firmino - Liverpool
Gabigol – Flamengo
Everton – Grêmio
Richarlison – Everton
Ederson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Renan Lodi; Casemiro, Bruno Guimarães e Philippe Coutinho; Roberto Firmino, Gabigol (Gabriel Jesus) e Neymar.
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Esse é o time-base que disputará os dois primeiros jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar: contra a Bolívia, em Pernambuco, dia 27. E no dia 31, diante do Peru, em Lima.
Foram 24 nomes chamados hoje na sede da CBF.
Porque Gabriel Jesus está suspenso e não enfenta a Bolívia. Mas estará no grupo que enfrentará o Peru, possivelmente como titular.
O Brasil tem hoje mais força na Conmebol.
Por isso conseguiu a estreia fácil nas Eliminatórias, diante dos bolivianos. Ainda prevaleceu a ideia de que os nordestinos são mais entusiasmados com a seleção, por conta dos fracos desempenhos de seus times. Daí o jogo em Recife.
Tite quis esse apoio incondicional dos torcedores.
Porque se a partida acontecesse, por exemplo, no Rio de Janeiro, a pressão seria enorme.
O técnico cometeu duas grandes injustiças logo na primeira convocação.
Gerson e Filipe Luís.
O pecado do excelente segundo volante e do lateral esquerdo, que renasceu, é o mesmo.
Jogam no Flamengo.
E o time de Jorge Jesus já deu Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol.
Seriam cinco atletas.
Até mesmo com a possibilidade do sexto, Rodrigo Caio.
Pensando na sua sequência na seleção, Tite acertou.
Deixou a sombra de Jorge Jesus um pouco mais distante.
Mas levando apenas a seleção, ele errou.
Gerson está muito melhor do que Arthur, por exemplo. E Filipe Luís do que Alex Sandro.
Simples assim.
Everton Ribeiro foi a merecida surpresa.
"O nível do atleta é físico, de adaptação, de volta de um centro maior ou menor, a uma retomada, a uma equipe se ajustar. É o caso do Everton. Ele retorna porque tem no processo criativo dele uma grande marca", disse Tite, coerente com seu discurso eloquente, mas sem grande profundidade.
Alisson não foi chamado por estar contundido.
A atual safra do futebol brasileiro não mostra grandes injustiças, além dos flamenguistas.
Tite deixou claro na convocação e na coletiva que a estratégia da seleção brasileira será a mesma que norteou a Copa América do ano passado. Mais ofensiva, propondo o jogo. Utilizando as laterais para triangulações, com movimentação constante do meio para a frente e compactação sem a bola.
A diferença será Neymar.
O treinador o colocará mais centralizado, alternando pelo lado esquerdo do campo, não fixo na ponta esquerda.
A posição obrigará que o problemático jogador do PSG seja menos egoísta, exibicionista, drible, mas toque a bola com rapidez.
Ele não esteve na Copa América, por contusão e problemas legais: a acusação de estupro.
Aos trancos e barrancos, o Brasil venceu a competição.
O que, teoricamente, obrigará a Neymar a pensar mais coletivamente.
Se Tite pensar apenas no time, Bruno Henrique e Everton Cebolinha brigam, de verdade, para compensar, por qualquer motivo, uma ausência do jogador de 222 milhões de euros.
Será interessante também notar a presença do veterano Daniel Alves, de volta, à força, para a lateral-direita. Ele só aceitou jogar no São Paulo se atuasse no meio de campo.
Daniel Alves fará 37 anos em maio. Não tem mais nível físico para jogar em grandes equipes europeias. Por isso tinha a China e o Brasil como opções.
Firmino, Gabriel Jesus ou Gabigol, quem atuar aberto no ataque pela direita, terá de se desdobrar com o veterano atleta.
Do outro lado, Lodi e Neymar ou Coutinho terão mais velocidade, maior ambição.
Gabigol merece muito mais ser titular do que Firmino e Gabigol. Tite precisa ser justo e não se deixar levar pela força dos clubes europeus.
Marquinhos e Thiago Silva seguem sendo os zagueiros de confiança do técnico. Mas a velocidade de Thiago Silva não é a mesma. Nem sua explosão muscular nas bolas paradas. Fará 36 anos em dezembro. Felipe e Militão precisam estar prontos.
Casemiro vive fase excelente, assim como o versátil Bruno Guimarães, que já merece ser titular.
Na verdade, as Eliminatórias não apresentam grandes riscos para o Brasil. O nível do futebol sul-americano caiu ainda mais desde a última disputa para a Copa do Mundo, quatro anos atrás.
Tite sabe que uma das quatro vagas diretas para o Qatar é uma questão de obrigação.
Mas também vale torcer para que tenha aprendido.
Não importa reinar absoluto neste quintal sul-americano.
E cair diante dos europeus, como aconteceu nas quatro últimas Copas.
Se não houver intercâmbio, confrontos com times do Velho Mundo, bem antes do Mundial, 2022 pode novamente ser motivo de decepção.
A safra brasileira segue mediana em termos internacionais.
Só Neymar segue com talento excepcional.
Mas deperdiçado, em parte, com sua falta de preparo psicológico e vontade de farrear.
Na seleção, ele segue ainda mais sem freios do que no PSG.
A convocação e o time-base de Tite confirmam.
O Brasil deve seguir sendo respeitado.
Mas não mais temido.
É uma das grandes equipes do mundo.
Competitiva.
Mas, infelizmente, previsível.
E isso passa diretamente por Tite...
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